Capítulo Treze: “All I want for Christmas is…”
[N/A: Olá queridas. O capítulo de hoje é especial. Ele será feito
através do seu (personagem principal) ponto de vista. Especial de Natal,
que nem as séries que eu tanto amo fazem. Espero que gostem].- Deck the halls with boughs of holly Fa-la-la-la-la, la-la-la-la – a Julia tava se achando a Mariah Carey britânica, só pode. - 'Tis the season to be jolly Fa-la-la-la-la, la-la-la-la.
- Don we now our gay apparel Fa-la-la, la-la-la, la-la-la – ah não! A Catherine entrou na onda da Julia. - Troll the ancient Yule-tide carol Fa-la-la-la-la, la-la-la-la.
- Eu não mereço isso, eu não mereço – eu falava sozinha e sacodia a cabeça, porque cara, quem merece essas duas cantando? E essa felicidade toda? É só natal, nada muito empolgante.
Hoje é dia 24 de dezembro. Tipo, ainda tá cedo, nem almoçamos ainda. Mas essas duas estão numa alegria que, meu Deus. Como sempre, eu tive que dividir as tarefas, porque a Tia Aguiar só vai chegar à noite, então a Julia ficou responsável por arrumar a árvore [já que, ontem à noite, eu estava andando pela casa no escuro, caí bem encima da coitada da árvore e destruí vários enfeites]; Catherine estava arrumando a sala, catando as bagunças, já que o resto da casa estava razoavelmente tudo no lugar; e eu... adivinha o que to fazendo? Cozinhando. É claro que essa tarefa tinha que ficar pra escrava. Brincadeira, eu gosto de cozinhar, e eu já comprei quase tudo semi-pronto, só to preparando uns doces e coisas do tipo.
- Bom dia meninas! – a Sallie aparece na sala, toda sorridente como sempre. As meninas respondem alegres o cumprimento, eu não disse nada, já que estou na cozinha e ela não me viu ainda. – Eu quero ajudar vocês! O que eu posso fazer?
- Hum... A Lua acabou de pedir ajuda pra cortar umas coisas lá na cozinha – Julia linguaruda disse à Sallie.
- Oi Lua – a senhorita perfeição chega na cozinha e me dá um beijo no rosto – Posso te chamar de Lua né?
- Claro que pode Sallie – porque eu não conseguia não gostar dela? Ah como eu queria odiá-la, mas cara, ela é um amor – Você veio me ajudar, certo?
- Certíssimo chef – ela diz rindo e lavando as mãos pra me ajudar – O que você quer que eu corte?
Adivinhem o que eu pensei pra responder? O que você quer que eu corte? Meus pulsos. Daí eu morro logo ou volto pro Brasil e fico longe de você e do seu adorável namorado.
- Batatas! Você pode cortar as batatas – eu engoli a resposta que queria dar, afinal de contas, a culpa não é dela. Ela em seguida começou a descascar as batatas – Hum, Sallie? Cadê o Aguiar? – isso Lua, sua burra, pergunta mesmo, idiota, vai ouvir o que não quer.
- Ah, acho que ele tá ficando gripado – gente, por que o sorriso dela tem que ser tão doce? Não dá pra sentir raiva da garota, eu fico é com raiva de mim por não conseguir arrumar um motivo para o Aguiar largá-la e ficar comigo [n/a: Marii-Marii, roubei tua frase xuxu. Adorei]. Ow! Credo. Olha o que eu to pensando. O Aguiar quer ficar com ela, que seja.
- Hum, deve ser a neve – ok, de onde eu tirei essa teoria? Retardada.
- Lua? Sua chaaata? – minha adorável amiga Cath chega à cozinha e dá um tapa na minha bunda, e ainda ri da minha cara – A Julia e eu estamos numa briga pra escolher um CD pra colocar agora, daí você desempata. Eu quero Paramore ou Goo Goo Dolls, e a Julia quer Lillix ou New Found Glory.
- Hoje a Sallie vai desempatar a briga de vocês. Pode escolher Sallie – eu sorri simpática pra menina que ainda descascava as inúmeras batatas.
- Hum, me deixa pensar... Só meninas na casa, o Arthur é minoria, e pra eu não ter que tomar partido na briga, será Lillix e Paramore.
- Bem pensado, agora eu já sei pra quem eu vou jogar a responsabilidade de agüentar essas duas malucas – eu disse rindo e bati a colher de pau na cabeça da Cath, fazendo Sallie rir também.
Poucos segundos depois, a casa já estava preenchida pela voz da Hayley Williams em ‘Decode’. E logo em seguida Sallie e eu podemos ouvir os gritos de Catherine acusando Julia por colocar essa música só pra lembrá-la de Edward [n/a: a música é da trilha sonora de Crepúsculo *suspira*].
- Sabe, eu adoro esse muralzinho que vocês têm aqui na cozinha – Sallie puxou assunto comigo quando ‘Decode’ parou de tocar, já que eu cantava e dançava enquanto mexia um molho na panela.
- Nossa, é uma briga pra ver quem vai acordar primeiro pra escrever uma música aí – eu suspirei ao lembrar Julia e Cath se estapeando hoje de manhã pelo direito de escrever; depois de jogarem cinco rodadas de ‘Dois ou Um’, Cath ganhou então o mural estava assim:
“He sees you when you're sleeping
He knows if you're awake
He knows if you've been bad or good
So be good for goodness sake!
Oh! You better watch out
You better not cry
You better not pout
I'm telling you why
Santa Claus is coming to town!
Santa Claus is coming to town!
Santa Claus is coming to town!”__ Cath,
a melhor em “Dois ou Um” xx
- Vocês são bem unidas, isso é tão legal. Nunca tive amigas assim – Sallie falou com uma vozinha tão fofa, que eu até dei as costas pro fogão pra olhá-la – O Arthur me contou a ‘história’ de vocês, mas sem detalhes.
- O que ele te disse? – oi? Eu fiquei curiosa, o Aguiar nunca NOS falou dela, e ela parece saber bastante sobre a gente, principalmente sobre mim.
- Ah, ele disse que você veio do Brasil há um ano pra ficar na casa da Catherine, daí os pais dela se separaram, então a Julia te convidou pra ficar aqui – agora ela já cortava as batatas. Gente, eu to escravizando a menina, quantas batatas eu separei?
- Bom, eu sou intercambista, e os Richardson me aceitaram de última hora, mas o casamento dos pais da Cath já não ia muito bem, eles resolveram me aceitar numa tentativa de ter alguém pra distrair a Cath das brigas deles. E bem, a Julia e a Catherine são amigas desde sempre, daí comigo aqui, elas me agregaram ao grupo. Quando os pais da Cath perceberam que não dava mais pra ficarem casados, eles se separam e então a Sra. Aguiar conversou com os meus pais, e eu vim morar aqui. Fazia tanto tempo que eu não pensava em como tudo tinha começado aqui em Londres, tanta coisa mudou, mas tem coisas que não mudam nunca – ops! Percebi que já ia falar besteira pra namorada do Aguiar. – Bom, daí como você percebeu, a Cath mora mais aqui do que na casa dela; e como o Aguiar não mora mais aqui, e a Tia Aguiar viaja de vez enquando, nós três somos uma família, sabe?
- Nossa Lua, que história hein? De verdade, vocês cinco têm que fazer de tudo pra manterem essa família.
- Cinco?
- Julia, Cath, você, Sra. Aguiar e o Arthur – ela sorri como se fosse óbvio.
- Ah, eu já disse pro Aguiar que eu roubei o lugar dele na casa, da família ele ainda é – eu disse rindo; por que era tão fácil falar dele com a Sallie? Estranho.
****
- Cara, quem consegue dormir com essas duas maritacas berrando logo cedo? – o Aguiar entra na cozinha com a cara toda amassada, e fazendo um bico super fofo, ah! E vale ressaltar que ele tava só de boxer – Essas meninas tão precisando levar umas porradas.
- Ô meu Deus, ele acordou de mau humor – Sallie já estava de pé, apertou das bochechas do garoto – Tá melhor? Acha que é gripe mesmo?
Oi? Meu estômago tá revirando de ver essa ceninha apaixonada na minha cozinha. Ok, a cozinha não é minha, mas já que eu to cozinhando... Ah, vocês entenderam.
- Não, acho é gripe mesmo. Deve ser a neve – ele responde fazendo manha e dá um selinho demorado em Sallie, que se afasta dele rindo. – Que foi? Meu beijo é engraçado?
- Não seu bobo. É que a Lua disse a mesma coisa sobre a sua gripe, que é culpa da neve – Sallie olha pra mim sorrindo, e eu retribuo um mini sorriso, e me viro pra lavar uns tomates pra salada – Vocês dois têm cada teoria estranha.
- É nós somos estranhos – o Aguiar disse a contra gosto, e mesmo estando de costas eu vi que ele sentou bem na cadeira mais perto do fogão, garoto idiota.
- Tão estranhos, que nem se cumprimentaram. Arthur seu mal educado, nem deu oi pra Lua – Sallie já tinha voltado à escravidão, digo, a cortar as batatas que pedi.
- Bom di... – eu nem terminei a frase. Sabem por quê? Quando eu virei pra falar com ele, a praga já estava do meu lado e CARALHO! Ele me deu um beijo na bochecha. Tipo, eu comecei a falar, e quando o vi tão perto, eu emudeci na hora. Ele colocou a mão na minha cintura e me beijou [demoradamente] na bochecha. Fiquei com as pernas bambas, fato.
- Bom dia Lua – ele disse sério, e foi até a geladeira. OMG! Ele me chamou de Lua? Essa gripe tá afetando o cérebro dele, só pode ser.
- Chef, terminei uhuul – Sallie me trouxe as batatas, enfim cortadas, comemorando.
- Muito obrigada assistente de chef – eu sorri sinceramente pra ela.
****
Bom, depois de alimentar o batalhão, eu fiz a Cath e a Julia cuidarem da louça enquanto Sallie arruma as roupas dela, já que passaria a noite de Natal com os pais. Eu estava ao telefone falando com minha mãe, depois com meu pai, depois com a minha irmã, depois com minhas tias e tios que estavam lá em casa no Brasil, depois com priminhos que nem sabiam falar direito... Eu acho que até desacostumei com o tanto que brasileiros falam. Meu Deus! Hum, o Aguiar? Me pediu um antigripal, e foi dormir de novo. Me sinto a mãe da casa, fato.
****
- Ô POVO? – eu berrava lá da sala pra ver se alguma alma viva daquela casa iria comigo à casa do Nick.
- Oi Lua – Sallie apareceu na escada, segurando umas blusas nas mãos.
- Erm, oi Sallie. Eu queria saber se alguém topa ir lá no Nick comigo, porque ta nevando muito, e eu não quero ir sozinha.
- O Arthur acabou de reclamar que não agüenta mais ficar em casa. Vou falar pra ele te levar de carro – aaah que garota meiga cara! Meiga e besta fica jogando o namorado dela pra mim – Espera aí que ele já vem.
Ok, a parte estranha foi que eu não ouvi o Aguiar reclamar, nem me xingar, nada. Uns 5 minutos depois, ele estava descendo as escadas vestindo jeans, tênis branco e blusa de frio vermelha, de capuz. E o pior de tudo: ele não parecia bravo e nem forçado a me levar na casa do Nick. CARA! NA CASA DO NICK. Ah meu Deus, Nick e Arthur? Eu to ficando maluca.
- Lua? Vamos? – ele olhava pra mim como se eu fosse sei lá, normal. Ok, não que eu seja anormal, mas vocês entenderam. E que mania é essa de me chamar pelo meu nome e não de Blanco?
- Ah vamos sim – eu disse, peguei o presente do Nick e vesti meu sobretudo laranja acinturado.
****
No carro, ele ligou o rádio e adivinhem o que tava tocando? Musiquinhas de Natal. Eu to tendo um ataque de nervos, oi? Ele tá tão, sei lá, diferente. Nós não brigamos desde quando ele trouxe a Sallie pra casa, ou seja, cinco dias. E não, ele tá cantando junto com a música da rádio. Eu tive que rir, o jeito que ele tava cantando e batucando os dedos no volante, era no mínimo engraçado It's the little Saint Nick (Little Saint Nick...)It's the little Saint Nick (Little Saint Nick...)
Merry Christmas, Santa!Christmas comes this time each year...
- Vai me dizer que você tem algo contra músicas natalinas? – ele perguntou sem me olhar, e com um sorrisinho nos lábios.
- Eu não sou muito fã de natal, e acho essas musiquinhas um tanto tristes – falei sincera e sem sarcasmo algum na voz, o que era bem raro se tratando de uma conversa ‘Lua e Arthur’.
- Tristes? Elas são divertidas – ele disse rindo da minha cara e logo começou a cantar outra música que começou a tocar... Quando percebi qual música era e quem tava cantando, eu tive que rir e cantar junto...Rockin' around the Christmas tree
Let the Christmas spirit ring - (bop shoo wah-dee-wah)
Later we'll have some pumpkin pie
and we'll do some caroling! (do some caroling!)
You will get a sentimental feeling when you hear (ooh...)
Voices singing, "Let's be jolly
Deck the halls with boughs of holly!"
[Se agitando em volta da árvore de natal
Deixe o espírito natalino ressoar - (bop shoo wah-dee-wah)
Mais tarde teremos algumas tortas de abóboras
E faremos algumas canções de natal! (fazer algumas canções de natal!)
Você terá uma boa sensação quando ouvir (ooh...)
Vozes cantando, “Vamos ser alegres
Cubram as salas com ramos de azevinho.”] – Jesse McCartney
- Ué? Mas você não achava triste? E ta aí rindo e cantando junto – o Aguiar disse rindo e me olhando de lado.
- Ah garoto não amola – eu ri também. Tentando ignorar a estranheza da situação.
****
- Olá Senhora Hoult – eu disse sorrindo para a adorável senhora que abriu a porta da [enorme] casa pra mim – Feliz Natal adiantado.
- Lua querida, feliz Natal – cara, a mãe do Nick é um amor. – É muito gentil da sua parte vir visitar o Nicholas na véspera de Natal.
- Imagina, ele me disse que vocês vão para os Estados Unidos amanhã de manhã, então eu vim desejar boa viagem e trazer o presente dele.
- E receber o seu presente – ela disse sorrindo de uma forma estranha. – Pode subir meu amor, ele está no quarto.
- Ah obrigada, mas eu não posso demorar, porque o Arthur esta me esperando no carro – eu apontei pro carro parado em frente á casa, dando pra ver o garoto balançando a cabeça no ritmo de alguma música.
- Nick?
- Oi minha linda – Cara me diz, por que ele tem que ser tão lindo? E tão fofo? Comigo? E vem assim, todo sorridente me abraçando tão apertado que até me tira do chão – Que saudade de você.
- Hoult seu exagerado! Você me viu ontem de manhã – eu dou risada do drama dele.
- É o amor Lua, me deixa contando os segundos pra te ver de novo – ô garoto que consegue me deixar sem jeito – Own ela ficou vermelhinha.
- Pode parar Nick, eu preciso ir embora rápido – eu disse rindo e entregando a caixa de presente pra ele. – Pode abrir agora.
Eu fiquei observando o quarto enquanto ele abria o embrulho. O quarto do Nick era de um tom estranho de azul, nem claro nem escuro, nem xoxo nem escandaloso; um azul diferente e bonito. Tinha vários pôsteres nas paredes, alguns ursinhos dados por fãs, e fotos, muitas e muitas fotos. Mas uma em especial chamou a minha atenção; um porta-retratos no criado-mudo; cheguei mais perto e caraca! É uma foto minha. Lembrei exatamente do dia e do momento em que ele tirou a tal foto.
Estávamos na aula da biologia, e Melody Carter [uma puta da nossa sala] estava se maquiando e olhando no espelho, e eu brinquei que parecia que ela tava tentando seduzir o próprio reflexo; então peguei o celular de Nick pra fingir que era o espelho, e comecei a imitá-la; daí o Nick pegou o celular e tirou uma foto enquanto eu fazia bico imitando a Melody. E era exatamente essa foto que ficava ao lado da cama dele; com muito mais destaque do que as tantas outras fotos espalhadas pelo quarto. Isso me deixou desconsertada.
- Viu que menina linda? – Nick me assustou; ele estava bem atrás de mim, e falou num sussurro. – É a dona do meu coração, mas não conta pra ela, porque tenho medo que ela fuja de mim – oi? Meu coração já estava na garganta; eu quase morri quando ele me abraçou por trás e colocou o queixo no meu ombro.
- Mas ela merece o seu coração? – eu tentei não gaguejar – Só se ela fosse doida pra fugir de você.
- Ela gosta de outro cara, tipo, eu sei que ela gosta de mim, mas não do jeito que ela gosta desse outro cara – ele ainda sussurrava no meu ouvido, e dava leves beijinhos no meu pescoço; mas quando ele falou sobre o ‘outro cara’, eu sai do êxtase, e lembrei que o ‘outro cara’ tava lá fora me esperando.
- Eu tenho certeza que tudo vai dar certo entre você e a dona do teu coração – eu disse baixinho me virando de frente pra ele – Feliz Natal Hoult.
E então ele me beijou. Não foi ‘o beijo’, só encostamos os lábios e sentimos a presença do outro. Foi bom, foi fofo, foi romântico. Mas ainda tinha alguma coisa faltando. Ah, não acredito que eu senti falta de uma briga antecedendo o beijo. Eu tenho merda na cabeça só pode ser.
- Preciso ir – eu disse ao encostar minha testa na dele.
- Fica mais um pouquinho? – own, ele fez um biquinho e acariciou minha bochecha.
- Não posso, e você tem que terminar de arrumar suas coisas pra viagem – eu sorri fraco, e me afastei.
- Eu adorei meu presente – ele disse sorrindo lindamente pra mim e apontou o suéter encima da cama. Eu dei a ele um suéter azul marinho, mas o ‘charme’ estava na manga: eu coloquei um pingente minúsculo em formato de um jacaré. Ele entendeu o significado disso. Porque eu contei a ele que a Blair de Gossip Girl colocou um coração no suéter do Nate, e disse que achei fofo. Então ele brincou que eu não tinha coração, e se tivesse, eu só amaria lagartos e jacarés. Eis, aí, a história do pingente de jacaré. – E o seu está aqui, mas só abra depois da meia noite ok?
- Tudo bem senhor mistério – eu sorri e peguei a caixinha lilás que ele me estendia.
- Feliz Natal Lua – ele disse chegando mais perto, me abraçou de um jeito bem carinhoso acariciando meus cabelos. – Não esquece de me falar o que achou do presente tá?
- Ok, eu te falo – dei um beijo na bochecha dele e saí do quarto. Dei um beijo na Sra. Hoult e cumprimentei o Sr. Hoult, e saí correndo pela neve até o carro do Arthur.
- Demorei? – o Aguiar tava com a cabeça encostada no banco, de olhos fechados prestando atenção na música que tocava. Quando abri a porta do carro, ele olhou pra mim e sacudiu a cabeça.
- Não. Uns 15 minutos. Até achei que você foi rápido, já que vocês trocaram presentes – ele disse ao ligar o carro.
- Hum, eles vão viajar amanhã, estão com pressa... E sua gripe? Tá melhor? – eu não queria falar sobre o Nick justo com o Aguiar.
- A febre passou. Acho que to melhorando... – ele disse prestando atenção ao trânsito, que já estava ficando complicado devido ao horário e a data.
- Que bom – eu não estava muito a vontade de conversar com ele depois de ter beijado o Nick.
- Eu gosto de músicas de Natal, mas as rádios estão exagerando – ele disse rindo sozinho ao mudar de estação. – Ah dessa até você, senhorita Grinch [n/a: gente, quem não conhece o Grinch? O monstrinho verde que odeia o Natal? Eu o amo, fato] vai gostar – eu dei risada da comparação e prestei atenção na música que ele aumentou o volume. Então o Arthur começa a cantar também...
It’s going to be a cold winter
But I won’t need the heat to keep me warm
As long as you wrap yourself around me
On Christmas morning’
Whether it’s now or later
Got to tell you before you go, that
Love is always in your favor
And now you know that
All I want for Christmas...
All I want for Christmas...
All I want for Christmas is us...All I want for Christmas is us...
[Será um inverno frio
Mas eu não vou precisar do calor pra me aquecer
Contanto que você me enrole em torno de si mesma
Na manhã de Natal
Se é agora ou mais tarde
Tenho que lhe dizer antes de ir, que
O amor está sempre a seu favor
E agora você sabe que
Tudo o que eu quero para o Natal...
Tudo o que eu quero para o Natal...
Tudo o que eu quero no Natal é nós...
Tudo o que eu quero no Natal é nós... - Jason Mraz & Tristan Prettyman]
Ah meu Deus. Ah meu Deus. Aaaah meu Deus. Ele tá cantando isso, tipo, pra mim? Ok Lua respira e finge que tá tudo bem. É só uma música que tá passando na rádio, só isso.
- Gostou da música? – esse ser lindo, digo, idiota me pergunta com um sorriso malicioso nos lábios.
- É linda. A voz do Jason Mraz é perfeita – alfinetei e sorri.
****
- Lua? Eu posso falar com você um instante? – Sallie aparece no meu quarto toda arrumada, indicando que já estava de saída para a casa dela.
- Claro que pode. Entra – Eu sentei na cama e fiz um gesto pra que ela sentasse também – Fale o que te aflige – eu disse brincando, mas ela me deu um sorriso sem graça enquanto encostava a porta.
- Olha eu vou ser bem sincera com você, e de verdade, to pedindo pra que você seja comigo também tá? – ela disse doce, mas sem sorrir, indicando que tinha algo de errado.
- Eu prometo que serei sincera, seja lá o que você queira conversar – ok, ela tá me deixando nervosa.
- É sobre você e o Arthur – ela disse me olhando bem nos olhos, e antes que eu tivesse a oportunidade de abrir a boca ela já falou. – Deixa eu falar tudo e depois você fala tá? Porque eu to com medo de perder a coragem.
- Tudo bem – eu disse assentindo com a cabeça.
- Bom, acho que você não sabe de onde eu sou ou que eu faço e nem como o Arthur e eu nos conhecemos. Vou fazer um resumo ok? Eu sou de Oxford, vim pra capital morar com a minha irmã quando comecei a faculdade. E há uns dois anos atrás, eu conheci o Arthur lá em Oxford. E o reencontrei há uns dois meses. Nós começamos a sair com nossos amigos em comum, olha Lua, eu vou ser honesta, eu sempre gostei dele, mas ele nunca me deu muita bola sabe?
Daí, mais ou menos um mês atrás, ele mostrou interesse em mim; pode ser coincidência, mas foi bem na época que ele comentou que você não parava mais em casa, e que as meninas brincavam que você tinha um namorado secreto do colégio. E o jeito que ele sempre falou de você, não é igual ao jeito que ele fala da Cath, por exemplo. O que eu to querendo dizer, é que se eu to atrapalhando alguma coisa, por mínima que seja, entre vocês, eu quero saber. Eu não quero ser a vilã de filme adolescente que estraga tudo entre o casal principal, entende?
Eu juro que se você disser que gosta dele, ou sei lá, que sente alguma coisa, eu vou embora e não apareço mais. Eu to te falando tudo isso, porque eu sei que posso confiar em você; eu não quero me tornar paranóica quando estiver longe dele, achando que ele vai dar em cima de você e coisas do tipo... Agora fala alguma coisa se não eu vou pirar – ela terminou o monólogo com um sorriso ansioso e nervoso.
- Wow – foi a única coisa que saiu da minha boca tamanho o espanto pela sinceridade dela. – Você me pegou de surpresa. Bom, agora é a minha vez de ser honesta. Você não está atrapalhando nada entre o Aguiar e eu. Você pode ficar tranqüila quando estiver longe dele, porque não estaremos fazendo nada pelas tuas costas, eu juro.
- Ah Lua, obrigada mesmo – ela sorriu alegre e me abraçou. – E olha, isso tudo não é um plano maligno pra você gostar de mim e depois eu te dar ‘o golpe fatal’ tá? – ela disse rindo e eu tive que rir junto – Eu realmente quero ser sua amiga.
- Acho que sem perceber, já somos amigas – eu sorri pra Sallie, que se iluminou ao ouvir o que eu disse, me abraçando de novo.
****
Agora era a hora da bagunça: escolher dentre as milhares de roupas novas, as que usaríamos na ceia de Natal. Catherine andava do meu quarto para o de Julia sem parar. Julia estava trancada no banheiro há séculos. Sallie e Arthur estavam na sala esperando o pai da garota vir buscá-la. E eu? Bom, como eu nunca gostei muito desse tipo de comemoração, escolhi facilmente minha roupa, e agora estava deitava em cima de vários vestidos das meninas que estavam espalhados pelo chão encarpetado do quarto da Julia. Eu fiquei ali deitada, ouvindo meu iPod, e dando opiniões sobre as opções de roupas de Cath, e às vezes eu gritava pra Julia sair logo do banheiro.
Finalmente Catherine escolheu um vestido, Julia saiu do banheiro e coloquei uma música no aparelho de som de Julia. Oh não. Mais músicas natalinas. Mas essa era legal, e era o Jesse McCartney cantando... Não resisti e comecei a cantar também, fazendo Catherine me olhar como se eu fosse um bicho estranho e Julia rir da minha cara.
No meio da música, Sallie apareceu na porta do quarto e começou a rir da cena: eu estava encima da cama [pisando nos vestidos que não foram escolhidos] com uma escova de cabelos nas mãos, cantando e rebolando ao ritmo da música.
- Chega mais Sallie. Canta comigo, essas velhas não querem – eu estava estranha, minha voz estava alegre. Sallie riu, tirou os sapatos e subiu na cama.
Oh don’t you know that one way or another
I'll be coming home for Christmas day
Doesn’t matter any kind of weather
You know that I'll always find a way
And we'll be celebrating all the good things we share
Everybody knows who will be there
I going to be there to
Yeah I promise one way or another
I going to get back home to you
Nós dividíamos o ‘microfone’, e ríamos muito. Julia e Cath subiram na cama também, e agora faziam danças estranhas. Estávamos alegres. Estávamos entre amigas. Estávamos nos divertindo juntas. E isso parece ter chocado o Aguiar quando ele chegou ao quarto e nos viu daquele jeito.
- Erm, S.? Seu pai chegou – ele disse sem graça quando nós paramos de cantar e descemos da cama.
- Feliz Natal meninas – Sallie abraçou as meninas, e quando chegou minha vez, ela sorriu largamente me abraçando apertado – Obrigada por ser esse amor de pessoa. Não é pra menos que o Arthur tenha gostado de você – ela sussurrou e eu fiquei sem voz, apenas sorri enquanto ela saía com o Aguiar.
****
- Crianças, cheguei! – nós ouvimos a voz da Sra. Aguiar vindo da sala, assim que terminamos de nos arrumar. Julia estava com um vestido curto e justo num tom vermelho sangue; Cath usava um vestido dourado discreto tomara-que-caia; e eu escolhi um vestido verde rodado um pouco acima dos joelhos, com uma fita roxa na cintura. Quando descemos para a sala eram 21h30min.
- Mãe! Que saudade – Julia foi a primeira a abraçar a senhora, sendo seguida por Catherine e depois por mim.
- Cadê meu filho super responsável, que ficou aqui em casa pra cuidar de vocês? – a Sra. Aguiar procurava Arthur com os olhos.
- To aqui mãe – ele apareceu na escada, e eu quase babei. Hum, calça jeans [que por milagre, era do tamanho certo], tênis cinza, camisa preta e um suéter cinza por cima. O cabelo estava mais arrumado, porém mais despenteado, confuso, eu sei. Ele chegou sorrindo e abraçou a mãe – Senti sua falta.
- Não mais que eu, meu amor. Eu vou te amarrar ao pé da mesa, chega de turnês, chega de shows. Eu quero meu filhinho aqui na nossa casa – uma cena bonita de se ver, o Aguiar até ficou vermelho.
- Bom, chega de mimar o Arthur que já, já nossos convidados vão chegar – Julia mal terminou a frase e a campainha tocou. Era o pai de Cath. E depois uns vizinhos. E depois uns parentes dos Aguiar. E assim a casa foi enchendo e enchendo.
Quase todos os convidados trouxeram algo pra comer, mas mesmo assim todos elogiaram minha comida, e alguns ficaram espantados quando a Sra. Aguiar dizia que eu tinha feito grande parte das guloseimas da sobremesa. A ceia foi maravilhosa. Todos estavam felizes, até eu me animei depois de receber uma ligação dos meus pais. Após a sobremesa, nós fizemos o ‘amigo oculto’; eu tirei a Julia e lhe dei um sapato, o que mais seria? Catherine me tirou, e me deu bolsa Victor Hugo linda!
Depois que todos revelaram seus amigos ocultos [ah, o Aguiar tirou um dos priminhos e deu um mini bug elétrico, o garotinho quase explodiu de felicidade; o Aguiar ganhou passagens de avião e ingressos pro parque ‘Six Flags’ em Nova Jersey, EUA, ele adorou o presente que a tia lhe dera], trocamos presentes aleatórios. As crianças dormiam, os adultos conversavam na sala, os pré-adolescentes estavam no jardim coberto e nós [Julia, eu, Cath, Arthur, duas primas, três vizinhos bonitinhos e bobos e um primo] estávamos no quarto de Julia, que era o maior da casa.
- Alguém já disse que vocês estão formam uma perfeita árvore de Natal? – Cassey, uma das primas, disse rindo ao apontar para os nossos vestidos: Cath de dourado, eu de verde e Julia de vermelho. Todos riram, afinal já estavam alegres. Eu não tinha bebido quase nada, já estava sem paciência pra esse tipo de conversa, então fui pro meu quarto abrir o presente do Nick.
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A primeira coisa que fiz ao entrar no meu templo sagrado [leia: meu quarto] foi tirar os sapatos roxos que estavam me matando. Sentei na cama, e peguei a caixinha lilás e abri... OMG! Nick me deu o medalhão [n/a: colar que você abre e coloca foto dentro sabe?] que eu queria. Com uma foto nossa dentro dele. Era dourado, com uns desenhinhos por fora; dentro tinha a foto e ao lado estava gravado ‘Eu amo você’; e eu esqueci como se respira.
- Lua? – caralho! O Aguiar quase me matou do coração. Eu coloquei o medalhão dentro da gaveta do criado-mudo e levantei da cama olhando pra ele. Ah meu Deus, por que ele fechou a porta? – Eu... Eu preciso erm, falar com você.
- Pode falar – eu me controlei pra não gaguejar, parei de frente pra ele que me olhava de um jeito esquisito, fofo, porém esquisito.
- Eu vim... Eu vim te dar feliz Natal – ele deu um sorrisinho tímido e um passo na minha direção. Alô? Pernas, eu comando, parem de tremer.
- Feliz Natal... Arthur – já que ele tava me chamando de Lua, eu resolvi mudar também.
Ele chegou mais perto, e mesmo meu quarto estar sendo iluminado só pela luz do abajur, eu consegui ver os olhos dele brilharem. Eu fiquei totalmente trêmula quando ele colocou as duas mãos na minha cintura e me puxou pra perto do seu corpo; eu coloquei meus braços ao redor do pescoço dele, e senti seu perfume me embriagando.
Arthur me apertou contra si mesmo, as mãos me segurando firmemente; eu fechei os olhos tentando guardar esse momento na memória. De repente, ele afrouxa o abraço, mas não me solta; fica alguns segundos analisando meu rosto, sorri e fala com a voz meio rouca:
- Hoje, no carro... A música tinha um significado real – ele sorri de lado, e arruma uma mecha do meu cabelo – É o que eu quero... All I want for Christmas is... Us! [Tudo o que eu quero no Natal é... Nós!] – ele sussurrou a frase perto dos meus lábios.
Eu deveria me afastar, eu prometi à Sallie. Mas alguma força da natureza não me deixou mover um músculo sequer. Ele segurou meu rosto com uma mão e manteve a outra em minha cintura. E então nossos lábios se encostaram de leve, e minha respiração falhou; Arthur então pressionou sua boca na minha, colocando a mão na minha nuca e me deixando mais trêmula e sem ar que antes. Ele passou a língua bem de leve nos meus lábios, sem querer eu soltei um gemido ao abrir a boca, e então o beijo infantil que havia iniciado o nosso contato se transformou completamente em uma dança exótica de lábios.
Eu agora com as duas mãos espalmadas do peito de Arthur, enquanto ele ainda tinha uma das mãos perdidas nos meus cabelos e a outra mão não se decidia entre minha cintura ou minhas costas. Nos beijamos por vários minutos, até que ele se afastou devagar e sussurrou no meu ouvido:
- Feliz Natal Grinch – eu pude sentir seus lábios se curvando num sorriso; ele beijou meu pescoço, me fazendo arrepiar.
- Feliz Natal Cindy Lou – eu disse rindo [n/a: Cindy é menininha loirinha que gosta do Grinch e ama o Natal] e o puxei para outro beijo.
Capítulo Catorze: “Passatempos”.
[N/A: Amores da minha vida, a autora mais estranha do mundo [leiam: eu!] gostou de escrever em 1º pessoa. Então esse capítulo é assim também ok?].
Lua sua maluca, se afasta desse corpo maravilhoso agora! Meu Deus, por que ele tem que beijar tão bem? E essas sensações não podem ser ‘divinas’. Droga, por que você tem que ser irritantemente desejável?
Bom, deixe-me explicar minha atual situação: estou praticamente sem meu adorável vestido verde, toda descabelada... e o Arthur? Hum, deitado sobre mim, com a camisa toda aberta [não me pergunte onde o suéter dele foi parar] e bom, o cabelo dele não ta muito diferente do meu.
Ele se mexeu um pouco, ficando entre as minhas pernas, enquanto beijava meu pescoço. Os únicos ruídos no quarto eram as nossas respirações ofegantes, e estalos dos beijos. Só meu abajur está aceso, mas é iluminação suficiente pra que eu possa ver o olhar brilhante de desejo do Arthur.
“...olha Lu, eu vou ser honesta, eu sempre gostei dele... Eu realmente quero ser sua amiga...” A voz da Sallie surgiu na minha cabeça e eu congelei. Arthur percebeu minha reação, então entrelaçou a mão no meu cabelo, mordeu meu lábio e deu um sorrisinho.
- Arthur? – ele deu uma mordidinha na minha orelha e fez ‘hum?’ – Pára.
- Por quê? – a voz dele saiu meio abafada, já que ele beijava meu pescoço de um jeito muito provocante.
- Porque nós não podemos fazer isso – eu tentei afastá-lo, mas ele subiu a mão que não estava no meu cabelo pelas minhas pernas descobertas, e oi? Me arrepiei toda; e ele percebeu isso, já que deu uma risadinha maliciosa.
- Mas nós não estamos fazendo nada... ainda – a voz dele estava meio falha e saindo quase que num sussurro. Ele beijou meu queixo, desceu um pouco e então me olhou nos olhos – A menos que você não queria, é claro – meu estômago revirou ao ouvir isso.
- Não é disso que eu to falando – eu achei o resto de lucidez que me restava e o empurrei, sentando na cama. – Eu quero dizer que estarmos nessa situação é errado. Não é justo com a Sallie, ela não merece isso.
- A Sallie... – ele tinha esquecido dela? – Ela é assunto meu. Você não tem que se preocupar com ela – ele sentou e passou a mão pelos cabelos que já estavam desalinhados.
- Tenho sim. Sabe por quê? Porque a partir do momento que você a trouxe a garota pra casa da sua mãe, que por sinal é onde eu ainda vou morar por um tempo, ela passou a fazer parte da vida de todas nós. Então, sim! Ela é meu ‘assunto’ também – oi? Fiquei nervosa. Levantei da cama e fiquei frente a frente com ele, sendo que eu nem o vi levantando. Como pode uma pessoa ser irritantemente desejável há cinco minutos atrás e agora ser irritantemente irritante? – E passei a ter que me preocupar com ela, desde quando ela me perguntou se existia alguma coisa entre nós e eu disse que não.
- E por que você disse isso? Por que você não disse que nós...
- Primeiro que se alguém fosse contar alguma coisa, esse alguém seria você: namorado dela! E você queria que eu dissesse o quê? Que nós o quê, ahn? Que quando você vem pra casa da tua mãe a gente se agarra escondido? Ou que sempre entre uma briga a gente acaba se beijando e depois voltamos a brigar? Era isso que você queria que eu dissesse pra sua namorada? Porra Aguiar! A menina gosta mesmo de você e você não dá a mínima!
- E você dá né? – ele riu sarcástico. – Eu percebi como você pensou nos sentimentos da sua nova amiguinha enquanto me beijava – ele começou a ficar vermelho enquanto falava. Eu peguei a primeira coisa que vi pela frente [que no fim das contas era um pé do tênis dele] e joguei pra extravasar minha raiva, e acabei acertando bem a testa do retardado – Sua maluca! É isso que você é: DOIDA!
- Sai daqui! Sai daqui agora Aguiar! Eu não acredito que eu beijei você, que eu quase... SOME DAQUI – meus olhos estavam ardendo de raiva, mas eu não choro nunca mais na frente desse ogro, nunca mais. Ele pegou o outro pé do tênis, abriu a porta e falou baixinho:
- Não conta nada pra S.
DESGRAÇADO! FILHO DE UMA PUTA... Não, a mãe dele não merece isso, ela não merece esse filho que tem.
Ok, eu dormi chorando... Me sentindo suja e sozinha. Eu traí a confiança de uma garota tão legal como a Sallie, e tudo isso pra quê? Pra voltar à estaca zero... pela milionésima vez.
****
- Lu? Docinho? Ta na hora de sair desse quarto. Já fazem 3 dias.
- Hum?
- Acorda, precisamos sair. Lembra? Hoje é dia 28.
- Ah Cath, eu to com sono.
- Vamos Lu, no hotel você dorme.
- Não quero ir...
- Mas a Mel disse que só iria se você fosse, ela ta com saudade de você.
- A Mel vai? Quem mais vai?
- Chay, Mel, Maker, Maira, você, eu, Julia, Billy e Arthur.
- E a... E a Sallie?
- Ela só volta pro ano novo. E a mãe da Julia foi buscar a Margarite e depois elas vão pra lá.
- A Mag, já tava com saudade dela.
- Sua ‘saudade’ é a de não precisar cozinhar que eu sei!
- Não divulga Cath.
- Levanta logo e se arruma. Leva a Michelangela Creuza Maria da Silva Sauro Blanco na casa da vizinha – ela riu com o nome recém inventado pra tartaruga - Nós pretendemos almoçar lá no hotel.
****
Eu fiquei praticamente três dias dentro do meu quarto, só saía pra comer ou quando as meninas falavam que o Aguiar tava na casa dele.
E aqui estamos. Um hotel fazenda que fica a mais ou menos 2 horas de distância da casa dos Aguiar. Micael e Sophia não puderam vir, foram visitar os pais dela.
Cath e Julia estão cheias de segredinhos, e isso me assusta; essas duas são malucas, fato! A Julia e o Billy estão num grude que chega a dar náuseas. Edward ligou pra Cath, e ela ta se derretendo toda por ele [de novo]. Mel e eu não calamos a boca desde que nos encontramos na sala de jogos do hotel, que saudade eu tava de jogar conversa fora com a namorada do Chay. E bom, o Aguiar e eu nem nos olhamos.
- Mas eu nem quero jogar vôlei!
- Anda logo, escolham os times.
- Eu quero ficar no mesmo time que a minha Maira.
- Eu não quero ficar no mesmo time que a Cath, ela é péssima.
- Vá à merda Aguiar.
- Tirem dois ou um.
- Mas nós somos nove, vai dar errado.
- Mas eu nem quero jogar vôlei, aloo-oou?
- Mas você vai jogar Lua, fica quieta.
- CALEM A BOCA! – aê Julia, botou ordem na bagunça. – Pra ficar divertido, vamos separar os casais, e o largado pela namorada – aponta pro irmão dela – pode tirar par ou impar com uma encalhada – aponta pra mim e pra Cath – e andem logo.
É claro que a Cath que tirou par ou impar com o Aguiar. Times: Cath, eu, Maker, Mel e Billy; contra Arthur, Maira, Chay e Julia.
Estávamos ganhando de 8 a 5. Mel já tinha tentado afogar o próprio namorado; eu bati no Maker; Maira travou uma briga com Billy por causa de um suposto ponto que ele roubou; Chay me expulsou do lado deles da piscina, quando quis dar uma ‘voltinha’ por lá; tivemos que separar Julia e Billy de sua sessão de agarramento, lembrando-os que eram de times adversários.
- Tem lugar pra mais uma jogadora? – uma voz enjoada chamou nossa atenção pra fora da piscina. Antes de virar pra ver quem era, pude ver a cara de tarado dos meninos, principalmente o Aguiar.
- Liza? – Julia disse com cara de espanto. Daí eu virei pra ver quem era: pele branca, corpo bem definido, cabelos lisos com cachos nas pontas e extremamente vermelho, os olhos bem verdes e um sorriso tímido nos lábios. E hum, o biquíni dela parecia mais de uma criança de 10 anos: minúsculo, e branco [pra ‘ajudar’].
- Que bom que ainda lembram de mim; mas então, posso jogar? – ela disse sorrindo e olhando diretamente pro Aguiar.
- Pode entrar no meu time – o idiota se manifestou todo sorridente.
- Então essa é a famosa filha da Mag? – eu perguntei sussurrando pra Cath.
- É ela. Entendeu por que nós nunca gostamos dela né? – ela sussurrou e fez careta, eu só assenti com a cabeça.
****
- Filme no nosso quarto daqui a meia hora ok? – Cath falava com o resto da galera que ainda estava dentro da piscina. Eu não queria mais ficar ali vendo a tal da Liza se esfregando no Aguiar o tempo todo, e a Cath se ofereceu pra ir comigo.
- Combinado – Mel respondeu rindo quando Maira caiu: brincando de ‘briga de galo’.
- Lu, você não quer me contar nada? – Cath pergunta de um jeito doce enquanto secava meu cabelo com o secador.
- Hum, tipo o quê? – ela ta assim desde que acordamos, com esse jeito meigo, como se tivesse medo de me magoar.
- Lu, olha, a Julia e eu nunca falamos nada pra não te forçar. Mas, amiga, você ta desmoronando diante dos nossos olhos e não conversa com a gente. E conhecendo seu gênio, a gente tem medo de que se perguntarmos acabe por piorar as coisas – ela ainda ta usando a entonação baixa e calma.
- Não to te entendendo Cath, eu to normal, eu to bem – eu sorri sem vontade.
- Não você não ta! Você acha que a gente realmente não percebe o que existe entre você e o Arthur? O jeito que vocês se olham? A cara que você faz quando a Sallie te chama de amiga? Deu pra ver o seu ciúme em vê-lo com a Liza lá na piscina. Lu, você é minha melhor amiga e eu te amo muito, e tudo que eu menos quero no mundo é te ver sofrendo, e o pior: sofrendo sozinha – ela ainda mantinha o jeito meigo, como se falasse com uma criança. Eu sentei de frente pra ela na cama, e ela percebeu que eu não sabia o que dizer então ela mesma continuou falando – Sabe? A Julia sempre fala que o melhor a fazer é deixar que você se sinta a vontade pra conversar com a gente. E no começo eu concordava com isso. Mas Lu, depois da briga que você e o Arthur tiveram ontem, eu não agüentei ouvir você chorando e não fazer nada. Amiga, eu só quero o seu bem, entende isso ta? – ela sorriu de um jeito triste, e me deu um beijo na testa.
- Brigada Cath, eu te amo muito sabia? Você e a doida da Julia são as melhores amigas que alguém pode sonhar em ter [que minhas amigas do Brasil não saibam disso]. Eu meio que sentia vergonha em falar com vocês sobre o Arthur. Chega a ser ridículo o jeito que eu me sinto perto dele, eu me sinto uma verdadeira retardada. Mas enfim, quer saber toda a história?
- Claro que quero, né sua boba? – ela sorriu – É tão bom saber que você confia em mim.
E então eu contei tudo. Desde o primeiro selinho na cozinha há mais de um ano; do beijo no corredor do show no McFly; das incontáveis brigas onde nós acabávamos se beijando; contei tudo o que Sallie havia dito; e finalizei, contando a Cath sobre os melhores momentos da noite de Natal, contei sobre o presente de Nick, sobre os amassos com Arthur, e até a fatídica briga por causa da Sallie.
Cath ouviu tudo em silêncio, me deixando desabafar. Ela é uma ótima amiga, sabia quando acenar a cabeça, quando fazer caras e bocas, eu até consegui rir lembrando de ‘cenas’ com oAguiar.
Conversamos um pouco mais, ela disse que se eu gostasse mesmo do Arthur, que eu deveria fazer algo a respeito. Mas se eu ainda tivesse dúvidas, eu poderia pensar em dar uma chance pra quem realmente merecia: Nicholas Hoult.
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- Cara, eu pensei que fôssemos ver um filme, e não esse Gossip Girls aí - Maker disse fazendo careta quando Chuck apareceu na tela da tv.
- Fala mal do Chuck e eu te deixo sem dentes! – eu disse fingindo estar brava – e é Gossip Girl, só UMA, sacou?
- Tanto faz – ele deu de ombros.
- Garotos – Mel, Maira, Julia, Cath e eu dissemos em coro, e logo caímos na risada.
- Não vai me dizer que você também assiste isso? – Arthur perguntou baixinho pra Liza, mas eu consegui escutar, já que eles estavam sentados no chão ao lado da cama, onde eu estava deitada no colo da Mel.
- Eu? Não. TV não é muito comigo, eu gosto de coisas reais, sabe? – ela disse de um jeito bem... provocante. Vagabunda. Urgh acho melhor eu continuar babando pelos Gossip Boys e parar de me preocupar com esses dois.
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- Lu? Me faz um favor? – Julia sussurrou pra mim assim que desligou o celular, já que estávamos vendo ‘O Procurado’ e todos estavam concentrados.
- No meio do filme Julia? Cara é o James McAvoy, e você sabe que eu tenho uma queda por ele desde quando eu li e assisti ‘Penelope’.
- Por favor, Lu? – ela fez bico.
- Ok, que foi?
- Vai lá na recepção pegar uma coisa que eu encomendei?
- Encomenda? O que é?
- Vai lá e pega que depois eu te mostro.
- Ok ok, mas depois eu vou ver o filme de novo, e sozinha viu? – eu disse rindo.
- Ta bem. Vai logo.
Assim que sai do quarto, e encostei a porta, senti alguém cobrindo meus olhos.
- Ok, quem é? - a pessoa não disse nada. – Dá pra parar de gracinha que eu quero terminar de ver o James, digo, o filme – o bendito ser continua calado e sem me soltar. – Já ta me irritando, dá pra me soltar ou ta difícil?
- Ta difícil, você é linda demais pra eu conseguir ficar longe de você – wow, ele sussurrou no meu ouvido e eu me arrepiei todinha.
- Seu... Seu Mané, dá pra tirar a mão dos meus olhos? – cara, eu to gaguejando. Até você ficaria se uma cara estivesse te abraçando por trás, com a mão nos teus olhos e sussurrando que você é linda.
- Surpresa – ele disse sorrindo quando tirou a mão dos meus olhos e me virou de frente pra ele.
- Nick – eu sorri de verdade, e o abracei com força – Seu idiota, eu achei que era algum tarado.
- Eu posso ser se você quiser – e sorriu de um jeito malicioso.
- Ah que medo – eu ri e ele me abraçou de novo.
- É horrível sentir tanta saudade assim de você – ele disse de um jeito como se tivesse sentindo dor.
- Nicholas, você ficou fora por quatro dias! Nem foi tanto tempo assim– fiz as contas na cabeça, e não tinha como ele ter ido aos EUA e voltado tão rápido.
- Erm, não mesmo. Meus pais ficaram por lá, eu resolvi voltar depois que liguei pra você, e as meninas disseram que você tava meio tristinha, daí elas quiseram te fazer uma surpresa – own, ele ta tímido, fofo³ - gostou da surpresa?
- Hum, não – eu disse séria e ele ficou assustado.
- Não. Não mesmo? Olha Lu, desculpa vir sem avisar, mas é que as meninas acharam...
- Eu to brincando Nick! Ter você aqui é a melhor coisa que eu poderia querer – eu nem terminei de falar e ele sorriu de um jeito tão lindo, o rosto dele se iluminou – Vamos lá na recepção comigo? Tenho que buscar uma coisa pra Julia.
- Lu? Você é meio lerdinha mesmo né?
- Sou? Por quê?
- O que a Julia te mandou ir buscar sou eu!
- Ah é? – ele tocou minha bochecha com as pontas dos dedos.
- É sim, sua lerda – sorriu todo fofo e me deu um beijo beeem perto da boca. E eu fiquei mole, o poder que esse garoto tinha sobre mim era assustador, fato – Não quer terminar de ver seu James, digo, o filme?
- MEU JAMES! Tinha esquecido dele.
- Nossa, me senti agora, consegui te fazer esquecer o James McAvoy – ele riu e entrelaçou nossas mãos. Não nego que fiquei surpresa por ele saber que o James que eu tava falando, era o McAvoy [garotos não decoram essas coisas].
- Viu como você é chique? – eu ri e o puxei pra dentro do quarto.
Quando entramos no quarto, o Aguiar nos olhou meio assustado, e fixou o olhar na minha mão direita, que ainda estava entrelaçada à do Nick. Todos disseram ‘Oi Nick’ sem olhar muito pra ele, já que eram os minutos cruciais do filme. Liza deu uma bela olhada pro Nick, e sorriu; eu sussurrei ‘é a filha da empregada dos Aguiar, Liza, chegue perto dela e eu te mato’, ele riu e sentou no chão e me fez sentar entre as pernas dele. Cath e Julia me olharam sorrindo feito duas crianças, eu sorri e movi os lábios dizendo ‘Obrigada’. Minhas amigas são fodas, né?
****
- Então você é a famosa Lua, que a Sra. Aguiar e minha mãe tanto falam – Liza veio falar comigo quando terminou de se agasalhar pra irmos ‘brincar’ na neve – Não tivemos a oportunidade de nos falarmos – claro, você tava ocupada demais tentando dar pro Aguiar lá no quarto, vaca. Eu sorri.
- Pois é eu sou a famosa Lua sim. Eu adoro a sua mãe – ela revirou os olhos de um jeito que me fez ter vontade de dar um soco na cara dela. – Mas então, você veio só passar uns dias?
- Não, eu vou morar com a minha mãe agora, querida – ela sorriu e tocou meu ombro – Ou seja, vamos morar na mesma casa.
- Ah que maravilha – meu estômago até revirou.
- Aquele garoto é seu namorado? – ela apontou pro Nick, que descia as escadas rindo com Billy e Cath – Ele é lindo, se posso dizer.
- É, eu sei que ele é lindo mesmo. E não, ele não é meu namorado – ela sorriu abertamente – ainda, não é meu namorado ainda.
- Como vamos morar na mesma casa, acho que seremos amigas; então eu posso perguntar uma coisa: é verdade que o Arthur ta namorando uma garota super sonsa? – quem ela pensa que é pra falar assim de alguém que ela nem conhece? Se o Nick não tivesse chego e me abraçado de lado, eu acho que teria dado um murro na cara dela.
- Bom, a Sallie é um amor de pessoa. Todos a adoram. O Aguiar achou uma garota de ouro – eu sorri cínica. E pude perceber que o Arthur escutou o que eu disse sobre a namorada dele.
- Ela é meio oferecida né? – Nick me disse rindo quando sentamos num balanço duplo um pouco afastado do rinque de patinação onde a galera estava - a tal da Liza.
- Meio? Ela é total oferecida. Mas porque você ta dizendo isso? – eu perguntei sem olhar pra ele, já que estava olhando Maira, Julia e Cath rindo que nem malucas ao fazerem pose pra Mel tirar uma foto.
- Bom, porque ela veio me cumprimentar, e quase me deu um beijo na boca – eu olhei incrédula pra ele. – Mas eu desviei bem a tempo. E cara, ela nem disfarça que quer o Arthur – eu revirei os olhos – Lu, você não se importa que eu fale esse tipo de coisa sobre ele né?
- Por que eu me importaria, Nick?
- Hum, eu sei o que você sente por ele – ele deu um sorriso triste – e por mais que eu me consuma de ciúme e inveja dele, eu não quero ser um chato sabe?
- Ciúme? Inveja? Do Aguiar? – eu sorri pra ele – Nick, eu não nego que senti alguma coisa por ele, mas cara, ta bem óbvio que nós nunca vamos ficar juntos. Isso, ele é passado. E outra coisa, ele tem namorada e eu gosto muito dela, e não é por causa do Aguiar que eu vou quebrar a cara da Liza.
- Não é? Vai quebrar a cara da Liza por quem? – ele sorriu e entrelaçou os dedos no meu cabelo, a outra mão estava na minha cintura, mesmo sentados, estávamos bem perto um do outro.
- Hum – eu mordi o lábio e ele respirou fundo – Da próxima vez que ela se aproximar de você, eu juro que arrebento essa ruiva de farmácia [n/a: piada interna, né Amora? xD] – ele fez bico e deu uma risadinha.
- Se você ficar comigo o tempo todo, que é o que eu mais quero, ela não vai ter como se aproximar – ele sussurrou e eu senti os lábios dele roçando nos meus.
- Promete? – eu também sussurrei fechando os olhos.
- Prometo.
Ele me deu um selinho. Eu respirei fundo, Nick enxergou isso como um ‘vá em frente’, então mordeu de leve meu lábio inferior, e eu sorri. Ou selinho, mais um mordidinha, outro selinho... Ele fez isso várias vezes, até eu não agüentar mais e grudar nossas bocas pra valer. Ele riu contra meus lábios e passou a língua para que eu desse ‘passagem’ a ele.
Do nada, o frio cortante de Londres sumiu; eu fiquei quente e confortável. Algo me dizia que era ali que eu devia estar. Nos braços do Nick, sentindo a língua dele encontrar a harmonia perfeita com a minha, sentindo a mão dele entre meus cabelos, sentindo a outra mão bem firme em minha cintura me puxando contra si, as minhas mãos em seu rosto e peito. Eu me senti bem. Sem aquela sensação de que alguém poderia chegar e estragar tudo, como sempre acontecia com Arthur.
Nick era fofo, carinhoso, atencioso, engraçado e o melhor de tudo: ele não escondia que gostava de mim.
Findamos o beijo com vários selinhos. Ele encostou a testa na minha, enquanto normalizávamos as respirações.
- Você não tem idéia de como eu queria e esperei por isso – ele disse baixinho, os perfeitos olhos azuis brilhando pra mim e um sorriso feliz estampado no rosto.
- Você é de verdade mesmo Hoult? - eu ri e ele me deu um selinho demorado.
- Ainda não provei que sou de verdade é? Posso tentar provar pelo resto da vida – quando ele se aproximou pra me beijar de novo, uma bola de neve nos atingiu bem no rosto.
- MAS QUE MERDA – eu gritei levantando do balanço – QUEM FOI O PANACA?
- Não fomos nós! – Mel, Julia, Cath e Maira disseram, enquanto Liza me olhava rindo.
- Eu tenho cara de palhaça por acaso Liza? – ah que se foda, eu fiquei nervosa mesmo.
- Na verdade, tem sim – ela riu de um jeito maligno e Nick me segurou pela mão.
- Relaxa Lu, ela é só uma mal amada, não estressa – ele disse baixo ao segurar meu rosto com as mãos.
- Uma mal comida, isso sim – eu disse emburrada, e ele riu.
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[N/A: eu aconselho irem colocando pra carregar: Paramore – Decoy]
- Aquele ali é bonitinho.
- Não, ele tem cara de nerd. Aquele mais loirinho é melhor.
- Pra Cath tem que ser um bem branquinho, cabelo castanho, olhos verdes e cara de coitadinho – eu disse e Cath revirou os olhos. - Gente se eu cair, vai ser o maior mico do ano – eu disse rindo ao entrar no rinque de patinação.
- Coloque os patins né Lua, cabeçuda? – Julia patinava como se fizesse isso o tempo todo, metida.
- Se de tênis eu já to caindo que é uma beleza, imagine de patins? – eu andava sem tirar os pés do chão, os arrastando, uma cena bem engraçada – Vem aqui Mel, me dá a mão.
- Mas voltando à caça pra Cath – Julia veio e segurou minha outra mão – Como ele tem que ser Lu? Você tava descrevendo.
- Basicamente? – todas as meninas me olharam – o Edward.
- O Edward dela, ou o Cullen? – Maira disse rindo.
- O dela é claro, se o Cullen existisse você acha que ele ia querer a Cath? – Julia disse como se fosse óbvio, nós rimos e Cath deu-lhe um pedala.
- Se ele existisse, ele logicamente ia querer alguém como eu – eu disse com cara de exibida. As meninas riram – Mas agora é sério, qual dos meninos dali você achou mais bonitinho Cathzinha? – e apontei pra um grupinho de garotos que estavam perto de uma bonita fogueira que os funcionários do hotel haviam feito.
- Hum, aquele de cabelo castanho... – ela analisou e nós olhamos.
- Viu só? Ele parece o Edward! – eu fiz cara de inteligente.
- Meninas, escutem a música que ta tocando – Mel fez sinal pra calarmos a boca.
- Não to ouvindo nada.
- Se você ficar quieta, você escuta Lu.
Daí as caixas de som do rinque começaram a funcionar, e nós cinco nos olhamos e rimos, cantando junto [leia: gritando] fazendo todo mundo, sendo a grande maioria garotos, olharam pra gente.
[N/A: coloquem a música pra tocar. Eu coloquei só uns trechos da letra ok?]Close your eyes and make believe
[Feche seus olhos e faça acreditar]This is where you want to be
[Que é aqui que você gostaria de estar]Forgetting all the memories
[Esquecendo todas as lembranças]Try to forget love cause love's forgotten me
[Tento esquecer o amor, porque o amor me esqueceu]
Elas patinavam ao meu redor, e eu fazia dancinhas meio estáticas com medo de cair. De longe eu vi Nick descendo as escadarias que levavam até a área de lazer que estávamos, ele parou junto dos McGuys pra olhar para as cinco malucas cantando.Well hey, hey baby, it's never too late
[Bom, ei, ei baby, Nunca é tarde demais]Pretty soon you won't remember a thing
[Logo você não vai lembrar de nada]And I'll be distant as stars reminiscing
[E eu estarei distante, assim como as estrelas relembrando]Your heart's been wasted on me
[Que seu coração estava sendo desperdiçado em mim]
Nós mais ríamos do que cantávamos. Eu me sentindo a própria Hayley Williams, e as meninas se exibindo ao patinar. Dava pra ver que o Aguiar ria de alguma coisa, e os outros meninos olhavam meio desconfiados.
You've never been so used
[Você nunca foi tão usado]As I'm using you, abusing you
[Como estou estou te usando, abusando você]My little decoy
[Meu pequeno passatempo]Don't look so blue,
[Não fique tão triste]You should've seen right through
[Você deveria ter visto de cara]I'm using you, my little decoy
[Estou te usando, meu pequeno passatempo]My little decoy
[Meu pequeno passatempo]
Eu cantei essa parte com tamanha empolgação, que até as meninas riram.
Olhei pra onde os meninos estavam, e vi que tinha alguma coisa de errado. Nick e Arthur muito perto um do outro; Nick estava meio vermelho e o Aguiar ainda ria e falava alguma coisa com um jeito debochado.
I'm not sorry at all
[Eu não me arrependo nem um pouco]No, no (Not sorry, oh, not sorry)
[Não, não (não me arrependo nem um pouco, não me arrependo, não)]I won't be sorry at all
[Eu não vou me arrepender nem um pouco]No, no (Not sorry, oh, not sorry)
[ Não não (não me arrependo nem um pouco, não me arrependo, não)]I'd do it over again
[Eu faria tudo de novo]
Eu nem cantava mais, fiquei preocupada com os meninos. Consegui ver o Chay puxar o Aguiar pra trás, daí eu fiquei nervosa.
- Cath, vem cá! Me ajuda a sair – eu tentava andar sem escorregar no gelo – ANDA LOGO CARAMBA.
- Que foi Lu? – Julia e Cath chegam juntas e me ajudam a sair do rinque.
- Não sei, mas tem alguma coisa rolando com os meninos - e apontei pra onde eles estavam. E elas se assustaram também: Nick estava saindo quando o Aguiar o puxou com força.
- Chamem as meninas e venham logo – eu disse rápido assim que pisei em terra firme. E subi correndo um pequeno morro coberto de neve.
- VAI FUGIR É? FICOU NERVOSINHO, MAS NÃO SABE BRIGAR, É ISSO? – Aguiar gritava enquanto Maker tentava falar com ele.
- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU BRIGAR COM VOCÊ – ah meu Deus, pro Nick estar assim, o negócio tava feio. – NÃO VALE A PENA.
- NÃO VALE A PENA? SÓ PORQUE EU DISSE A VERDADE? – o Aguiar falava alto de um jeito sarcástico.
- Vai se fuder cara – Nick disse virando as costas. – Isso pra mim é ciúme.
Daí tudo aconteceu muito rápido. Quando Arthur percebeu o que o Nick tinha dito, ele ficou muito vermelho, se soltou do Maker, puxou o Nick e deu um soco no rosto dele. Eu estava bem perto quando isso aconteceu. Nick se recuperou rápido, e revidou outro soco no Aguiar.
- PAREM JÁ COM ISSO – eu tentei chegar mais perto, mas os dois estavam brigando muito feio, fiquei com medo – FAÇAM ALGUMA COISA VOCÊS DOIS – Maker e Chay conseguiram separá-los, eles se debatiam tentando ir pra cima do outro. Eu me coloquei entre eles e gritei bem brava – SE VOCÊS QUESIREM ME MACHUCAR, VÃO EM FRENTE, CONTINUEM COM ESSA CENA RIDÍCULA – os dois pararam no exato momento – Nick vem comigo.
Chay o soltou, e ele me deu a mão e subimos.
Dava pra ouvir os gritos de Julia com o irmão, o resto das meninas brigando com os meninos por não terem impedido, e Liza dizendo que Arthur tinha que fazer um curativo.
- O que deu um você? Pirou de vez é Hoult? – eu disse muito nervosa enquanto o fazia sentar na enfermaria. O nariz dele sangrava, e tinha um pequeno corte na bochecha.
- Lu, aquele cara é pirado. Você sabe que eu não sou de brigar, mas ele provocou – ele falava devagar, tentando ver em meus olhos se eu estava com raiva dele.
- O que ele fez de tão grave pra você agir desse jeito? Você não é assim Nicholas – me sentei ao seu lado, continuei séria. Ele abaixou a cabeça, e suspirou.
- É ridículo. Eu sei que é. Mas ele conseguiu me irritar – eu segurei seu rosto e comecei a limpar o sangue que saía do nariz enquanto a enfermeira não chegava – Vocês estavam cantando, e ele mandou os caras prestarem atenção na letra da música. Ele tava rindo todo sarcástico. Daí ele virou pra mim e disse ‘percebeu que ela ta cantando isso pra você né? Você é e sempre será só um pequeno passatempo na vida da adorável Lua Blanco’. Lu, ele disse isso rindo, na minha cara. Eu saí andando, e ele não gostou disso, Chay e Maker tentaram evitar, mas esse Aguiar ele é pirado, e o pior de tudo, ele é doido por você – Nick disse a última frase com tamanho ódio, que os olhos dele ganharam uma tonalidade de azul bem escuro. – Daí o resto você viu.
- Nick – eu respirei fundo. Que história é essa cara? Olhei bem pra ele, ainda segurando seu rosto – Ok, eu entendi que ele provocou, mas era isso que ele queria, que você caísse nas brincadeirinhas dele. Ele é assim.
- Eu não sou obrigado a ouvi-lo falando daquele jeito debochado, dando a entender que eu não sou nada na sua vida, e que ele é – ele ainda falava baixo e com raiva. Eu mordi meu lábio sem saber o que dizer, e pra minha sorte a enfermeira chegou.
****
- E aí Lu, como ele ta? – Julia me perguntou assim que cheguei ao rinque, horas mais tarde, depois de convencer Nick a dormir um pouco.
- O corte na bochecha não foi fundo, mas ta bastante roxo. O nariz dolorido, nada demais – eu sentei ao lado da Cath num enorme banco ao lado do gelo onde elas ainda estavam. – Agora ele dormiu, ainda bem. Daí ele se acalma um pouco.
- Gente eu fiquei passada com aquela cena de ‘Macho Man’ dos dois – Mel fazia caras e bocas ao falar. – Que ódio todo era aquele meu Jesus?
- Eu entrei em choque quando vi – Julia comentou – Meu irmão não é um santo, mas eu nunca o vi brigar assim com ninguém antes.
- Gente, acho que ta bem óbvio o motivo da briga né? – Maira falou me olhando de um jeito maternal.
- Que foi? Por que você ta me olhando?
- Lu, ta na cara que era ciúme do Arthur por você. Ele não agüentou ver que te perdeu de vez. Amiga, não precisa disfarçar, a Liza – todas fazem caretas quando Maira fala o tal nome - não ta aqui, não precisamos fingir que toda essa briga não foi por você.
- Olha a Lu, poderosa. Dois gatos brigando por ela – Cath disse e todas riram.
- Brigando por mim nada! O Aguiar provocou, o Nick foi besta de cair no jogo dele, só isso. E gente, alô? Tão esquecendo da Sallie é? – eu ri nervosa.
- Lua querida, você realmente acha que se você dissesse pro meu irmão que quer ficar com ele de verdade, ainda teria Sallie na jogada? – Julia disse séria.
- Gente, que isso? Quem disse que eu quero ficar com o Aguiar? – já tava morrendo de vergonha a esse ponto.
- Ok Lu, deixa pra lá, não vamos discutir o eterno rolo entre Lua Blanco e Arthur Aguiar agora – Mel se deu por vencida. Ainda bem.
****
- Eu realmente não sei o que eles vêem em você – Liza aparece no corredor quando eu ia ver se tava tudo ok com o Nick.
- Quê? Do que você ta falando?
- O Aguiar tem atração por garotas sonsas, só pode ser – ela disse debochada.
- Garota, qual é o teu problema?
- Você. Você e a tal de Sallie são meu problema – ela se aproximou de mim com as mãos na cintura. – Até o jeito que vocês saem em fotos me irrita.
- Fotos? Que fotos? Onde você nos viu?
- Já ouviu falar em ‘estudar o inimigo’? – ela sorriu felina. – MySpace meu bem.
- E porque você acha que eu sou sua inimiga? Ok, você quer o Aguiar, então ao seu ponto de vista a Sallie é um empecilho, mas se você não percebeu ainda, eu não sou nada do seu amado Arthur – eu sorri sarcástica. Que garota maluca.
- Além de tudo é cínica. A briga de hoje não te diz nada? Você realmente acha que eu acredito que vocês não têm nada, depois de ver a ceninha de dois gatos como eles por você? Olha aqui garota, eu sempre consigo o que quero. Eu te digo: eu quero e terei o Arthur, e não vai você nem a idiota da namoradinha aguada dele que vão me impedir – ela falou séria e apontou o dedo pra mim.
- Vá em frente, tente a sorte, queridinha – eu sorri e dei as costas a ela.
****
- Feliz com o que o viado do seu namorado fez no meu rosto? – o Aguiar aparece na porta do quarto dele [que por sinal era ao lado do meu e da Cath] e aponta pro curativo na testa.
- Ah não, só pode ser carma – eu suspirei e continuei andando.
- Você deve ter adorado né? Ver dois caras brigando por sua causa – ele parou na minha frente me impedindo de chegar a porta do meu quarto.
- Por minha causa é? O Nick tudo bem, ele é meu... – o que ele é meu? – Bom, o Nick gosta de mim. Mas e você? O que ganhou brigando com ele além de um machucado na testa e um corte na boca?
- Ahn, você repara bastante na minha boca né? Já até viu o corte – ele sorriu malicioso.
- Sai de perto de mim. Vai lá no quarto da Liza, vai – tentei passar por ele, mas ele ficou na frente de novo.
- Ciúme da Liza é? Ela é bem gostosa né? – cara, ele não é assim, ele fica desse jeito só pra ver com raiva.
- É, muuuuito gostosa. Vai lá comer a gostosona vai. Mas só não se esqueça que a coitada da Sallie te ama viu? – ahá! Ele ficou sem graça quando ouviu o nome da Sallie. Desisti de ir pro meu quarto, e virei na direção oposta ao Aguiar.
- Aonde você vai?
- Ver o Nick, por quê? – falei sem virar pra olhá-lo.
- Não vai não – ele disse rápido, e me prensou contra a parede. – Por que você faz isso? – ele disse baixo, segurando meus pulsos contra a parede. – Me provoca, me faz sair na porrada com um cara, me lembra de uma garota, me manda comer outra garota... Tudo isso poderia ser evitado e você sabe.
- Poderia é? Ah claro que poderia, se você fosse homem o suficiente e ficar com uma garota só. Tipo, pra que fazer isso com a Sallie? Quer ficar com todas que passam pela frente? Que fique. Mas então termine com ela primeiro – assim bem de perto, deu pra ver que o corte na boca dele tava bem feio, devia estar doendo.
- Porra Lua, pára de falar na Sallie, e na Liza, e em todas as outras garotas do mundo – a voz dele saía em sussurros involuntários. - Eu to falando de você, de nós dois.
- Não existe mais ‘nós dois’, Aguiar. Tivemos inúmeras chances pra que isso acontecesse, mas o que você fazia? Arranjava um jeito de estragar tudo. E agora é tarde demais, tem muita gente envolvida. Se você não se importa com os outros, eu me importo – eu disse bem baixinho, demonstrando toda a frustração que eu tinha guardada. – Me dá licença, preciso ver se o Nick precisa de alguma coisa.
- Você que tá estragando tudo, não percebe? – ele me soltou, e passou a mão pelos cabelos. – A gente ainda pode dar certo.
- Você só ta falando isso agora, porque eu tenho o Nick. Porque sabe que perdeu ‘o jogo’. Só por isso – eu sorri de um jeito triste e ele olhou pra baixo. – Mas Aguiar? De verdade, não machuca a Sallie, ela é muito legal, sabe?
- É, eu sei – ele disse tristonho. – E Blanco? Quando você perceber que ta dando as costas pra algo que poderia dar certo, pode ser tarde demais – então entrou no quarto dele.
[Continua..]
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