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Heeey Girls/Boys... sou apenas uma Adolescente que está se descobrindo,ah viva cada minuto da tua adolescência com responsabilidade!Chorar, cair, levantar, sorrir, fazer loukuras, faz parte da vida :D

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quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Garota da Porta Vermelha

Capítulo Dezesseis: ‘A garota da porta vermelha finalmente se revela’.
Quatro meses depois...

Eram cinco da manhã quando Arthur acordou na casa da mãe com sede. Ao chegar à sala, viu a TV ligada, e ao se aproximar do sofá, pode ver Lua cochilando numa posição nada confortável. Sorriu ao lembrar da ansiedade da garota na noite anterior devido à viagem para o Hawaii. Ele se abaixou ao lado dela e tirou uns fios de cabelo que estavam no rosto de Lua.
- Hey – ela disse baixinho.
- Hey bonitinha, dormindo no sofá? – ele sussurrou e sorriu. – Vem, eu te levo pro seu quarto – fez menção em pegá-la no colo, mas a garota se encolheu mais no sofá.
- Não, ta gostoso aqui – ela fazia caretas fofas (na opinião de Arthur) ao falar. – Eu fiquei horas tentando achar uma posição confortável na minha cama, daí resolvi vir pra cá.
- Mas você ta toda torta nesse sofá – ele riu – não acredito que esteja bem.
- Pois eu to – Lua deu um tapa bem fraco na testa de Arthur, visto que ele ainda estava agachado ao lado dela. – Vai dormir, nosso vôo sai cedo.
- Eu to preocupado com você dormindo desse jeito, você vai estar quebrada pela manhã – ele disse enquanto arrumava o edredom em Lua.
- Eu já disse pra você deixar esse negócio de ser bonzinho pros filmes, Aguiar! [n/a: frase tirada de um momento ‘revolta’ da Bih. Te amo sua gorda] – Lua disse sonolenta e fez Arthur rir – Vai dormir, vai, amigo.
- Ok, amiga. Boa noite – ele não se conteve e beijou a testa da garota. – Lua, você ta muito quente.
- Eu to? – ela pergunta de olhos fechados sentindo a mão de Arthur percorrer seu rosto pra checar a temperatura.
- Você ta com febre – ele parecia preocupado.
- Não to nada, deve ser ansiedade pra viagem. Eu to bem, pode dormir.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Ta bem então. Boa noite pode me chamar se precisar.
- Se precisar eu chamo, porque se sua mãe sonhar que eu to ficando doente, é capaz dela me proibir de viajar.
- Eu não duvido que ela faça isso – ele riu fraco, levantou e viu que Lua estava pegando no sono. – Tchau Blanco.
- Tchau Aguiar.

****

Quatro meses se passaram.
Quatro meses de muitos risos, gritos e brigas entre Julia, Cath, Lua e Arthur; e algumas vezes até Sallie.
Quatro meses, e dezenas de shows lotados do McFly.
Quatro meses desde a decisão de serem somente amigos, feita por Arthur e Lua. Quatro meses de ligações feitas por Nick, e algumas sendo atendidas por Lua.
Quatro meses sem traições.
Quatro meses de sentimentos escondidos, e sorrisos cheios de saudade.
Quatro meses dolorosos pra alguns, feliz pra outros e suportáveis para a maioria.

****

Férias de primavera, uma semana no Hawaii. Um sonho pra qualquer um. E para Julia, Cath e Lua se tornaria realidade em algumas horas. Essa era a viagem em família dos Aguiar, porém por causa de inúmeros imprevistos, somente as meninas e Arthur viajariam.

****

“Nenhum dano você pode fazer agora, Eu estou imune a você agora Você não pode partir o que já se rompeu Não há nada que você possa fazer a mim ainda”

Um trecho de alguma música da Kate Voegele, foi o que Julia e Cath encontraram no mural da cozinha logo pela manhã.
- Cara, que horas você acordou? – uma Julia ainda sonolenta pergunta pra Lua após lha dar um beijo na testa – Você tá quente.
- Cala a boca, se sua mãe ouvir, eu to ferrada – Lua diz baixo, e as amigas percebem que a voz da garota está analasada. – Acho que eu tô com gripe, e eu sei que sua mãe vai pirar se eu viajar assim.
- Mas você ta bem o suficiente pra ficar horas dentro de um avião? – Cath também parecia preocupada.
- Gente, relaxa! Ficar gripada é tão normal – Lua sorriu de um jeito meio fraco, adoentado. – Eu to bem, é sério.
- Bom dia meus amores – a Sra. Aguiar chega sorridente á cozinha – Animadas com a viagem?
- Muito. Não vejo a hora de tomar sol.
- Concordo Cath, eu to doida pra cair no mar. A última vez que vimos o sol pra valer foi no começo do ano.
- E eu to doida pra ver a Julia cair de boca no mar.
- Deixa de ser ruim Lua! – Cath riu e deu um tapa na amiga, que fechou os olhos com força pra não reclamar de dor no corpo. Cath se desculpou com os olhos. – Agora só falta o...
- Falta quem? – Arthur entra na cozinha e todas as mulheres param para olhá-lo – Que foi?
- Coitada da Sallie, se você andar por aí lindo assim, ela não vai achar nem seus restos pra contar história – Julia diz rindo.
Ao olhá-lo Lua chegou a pensar que a frase ‘perfeição em pessoa’ foi criada pra Arthur. A calça larga, o tênis ‘estiloso’ branco, o pedacinho da camisa pólo verde que aparecia por baixo do grosso moletom azul marinho, e pra completar, os cabelos úmidos bem bagunçados. E o sorriso? Ah, o sorriso...
- Vocês tão me deixam sem graça, suas pervertidas – Arthur se escondeu atrás da bancada, e as garotas riram. – E acho que a Sallie não ligaria se eu saísse por ai assim.
- Bom eu já ia começar a fazer minhas recomendações, mas agora com o Senhor Beleza desfilando por aí – Sra. Aguiar beija a bochecha do filho –, o primeiro pedido é: cuidem dele! Não quero que nenhuma havaiana roube meu bebê.
- Pode deixar mãe, se alguém tentar roubar seu bebê, a brasileira ali o salva – Julia ria ao falar, e logo recebe um beliscão de Lua.
- Idiota – a menina diz baixo, e sente o rosto corar.
- Que bonitinhos, os dois coraram – Cath aperta a bochecha de Arthur, fazendo Julia e a Sra. Aguiar rirem.
- Erm, então, vamos? – Lua diz pra mudar o rumo da conversa.
- Vamos. Honolulu vai ser pequena pra gente!

****

- Lu, acorda.
- Ô garota do Brasil, acorda minha filha!
- Parem de cutucar a menina. Que belas amigas vocês são.
- Cala a boca Arthur, esse seu papel de ‘amiguinho número um’ já ta enjoando; sinto falta dos tempos vocês se pegavam às escondidas.
- As caras que vocês faziam pra disfarçar eram hilárias.
- Fiquem quietinhas, sim? E sentem direito, já vamos pousar.
- Acorda a Lu, mané! Ela tomou o antigripal, e apagou.
- Ela só ta cansada, não dormiu bem noite passada.
- Uh, ele sabe até se ela dormiu bem ou não.
- Julia, fica quieta, ok? Se for pra começar com essas gracinhas desde já, nós teremos uma semana muuuito longa, então pára com isso ta?
- Ok, irmãzinho. Agora a acorda a Blanco, por favor?
- Lua? – Arthur disse baixinho ao passar a mão pelos cabelos da garota – Hey acorda.
- Mas eu acabei de cochilar – ela resmungou de olhos fechados.
- Linda você dormiu por quase sete horas – Arthur disse rindo. – Já estamos chegando, não quer comer alguma coisa?
- Não, eu to enjoada e meu corpo ta dolorido.
- Você acha que foi uma boa idéia vir doente?
- Você não queria que eu viesse?
- Eu não disse isso.
- Mas pareceu.
- Lua, dá um tempo ta? Você ta doente, mas eu não sou obrigado a aturar seu mau humor.
- Relaxa, eu posso te irritar à vontade, já que de todo jeito o seu humor vai melhorar daqui seis dias.
- Ahn?
- A Sallie. Seis dias e ela ta aqui.
- Ah é.
- Poxa Arthur, se você ficar com essas respostas monossilábicas não tem como a gente brigar!
- Engraçadinha, minha época de brigar com você já era!
- Droga! Era tão divertido.
- Palhacinha – ele riu de lado, tirou o cobertor de Lua e checou a temperatura – Sua febre diminui.
- Oláááá enfermeira – Lua imitou os Animaniacs, e até as meninas [que estavam em poltronas na frente] riram.

****

- Eu ainda acho que deveríamos ter ido pra um hotel.
- Deixa de ser preguiçosa Cath! Essa casa é na praia, tipo, na areia.
- Eu vi Julia, mas cara, nós quatro numa casa por uma semana, não vai dar certo.
- Ah se eles ainda brigassem o tempo todo, se agarrassem depois e por fim ficassem emburrados, daí não daria mesmo certo. Mas eles estão tentando, eu ainda vejo os olhares apaixonados, mas se eles estão bem com essa história de amizade...
- Mas amiga você acha que isso dura? – as duas estavam arrumando suas coisas no guarda-roupa da casa de veraneio que alugaram Waikiki. – Eles ficam disfarçando que são melhores pessoas ficando separados, mas todo mundo sabe que eles têm é medo de ficarem juntos e do que pode acontecer.
- Como assim? Você acha que eles não dariam certo namorando? – Cath mal terminou a frase e Lua entrou no quarto.
- Namorando? Quem ta namorando? – a garota deitou em uma das três camas, e se cobriu até o pescoço.
- Ninguém ta namorando – Julia disse rápido. – Você vai cozinhar aí, menina! Larga esse cobertor.
- Cara, de onde você tirou esse cobertor, afinal? – Cath tentava tirá-lo de Lua. – Alô? Estamos no Hawaii!
- Eu trouxe ok? – Lua puxava de Cath – Pára Catherine! Eu to com frio.
- Lua, pára você. Cara, você vai piorar se ficar toda tampada nesse calor.
- Arthur, me ajuda – Lua fez biquinho assim que viu o garoto no corredor. – Elas estão me maltratando.
- Deixa ela, Cath – Arthur sorriu e tirou o cobertor das mãos de Catherine. – Pronto pequena.
- Brigada tio – Lua disse rindo ao se cobrir.
- Ah não sei como vocês conseguem ser mais irritantes: nesse mel todo ou brigando – Julia disse impaciente.
- Eu preferia brigando, além de ser mais engraçado, eu sempre ganhava as apostas – Cath riu ao ver a cara de Lua. – Vai me dizer que vocês nunca desconfiaram que apostávamos?
- Agora eu entendi porque o Micael ficava incentivando que eu beijasse a Lua – Arthur disse de um jeito engraçado e as meninas riram.
- Bom meus amores, nós vamos dar uma volta, conhecer a região e aproveitar o restinho da tarde – Julia terminou de arrumar as coisas e se preparou pra sair com Cath. – Vamos?
- Eu quero dormir – Lua se aconchegou mais na cama.
- E eu... Vou arrumar minhas coisas – Arthur disse meio incerto. – Juízo e não voltem tarde.
- Arrumar as coisas, sei. E nós sempre temos juízo – Cath disse rindo, e saíram de casa, deixando Lua e Arthur sozinhos.
- Eu vou ver televisão – ele disse levantando o que Julia escolhera.
- Isso, joga na cara que no seu quarto tem TV, DVD, cama de casal... – Lua disse rindo.
- O que eu posso fazer se vocês são três meninas, e na casa tem um quarto com exatas três camas? Sobrando o quarto de casal pra mim? Que culpa eu tenho? – Arthur riu ao ver a cara de indignada da garota, e logo recebeu um travesseiro bem no rosto. – Outch! Tudo bem Blanco, eu te convido pra ir assistir comigo, mas só porque você ta doente. Não acostuma.
- Ah como você é bonzinho Aguiar – Lua deu língua e ele riu. – E como você disse, eu to doente, então eu posso escolher o que vamos assistir.
- Pode é? Quem disse? – Arthur sorriu de lado quando a garota passou por ele levando o travesseiro, celular e com o cobertor enrolado no corpo, tampando a cabeça. – Lua você vai acabar tropeçando nis... – antes mesmo de concluir a frase ele viu garota desequilibrar no corredor. Ele conseguiu segurá-la pelos ombros, e pegou as coisas das mãos dela – Tudo bem?
- Eu levantei rápido, fiquei tonta. Valeu pelo socorro – ela sorriu e deitou na cama. – Vai lá enfermeiro, ajeita meu travesseiro, me cobre direito e me dá o controle.
- Tem certeza que enfermeiro é a palavra certa? Isso ta mais pra escravo – Arthur ria ao fazer tudo o que Lua disse.
- Se prefere assim, ta bom servo – ela riu ligando a TV, enquanto o garoto deitava ao seu lado. – Hum, vejamos o que se passa no Caribe.
- Cara, é sério. Ta me dando agonia te olhar com esse cobertor – Arthur fez uma careta e Lua riu.
- Então não me olha, simples.
- É meio impossível – ele sussurrou fazendo Lua até esquecer da dor no corpo que estava sentindo.
- Garoto, eu vou te espancar se você ficar falando esse tipo de coisa, assim do nada – ela disse séria dando um tapa na barriga de Arthur.
- Ah então se eu avisar que vou falar daí pode? – ele riu, quando viu que Lua ia dar mais um tapa, ele segurou a mão da garota no ar, num movimento rápido tirou o cobertor e jogou no chão. – Tenta ficar sem, vai te fazer mal ficar com isso nesse forno que é esse país.
- Mas Aguiar, eu to com frio – ela fez manha e ele sorriu.
- Lua, já é esquisito você estar de calça de moletom na praia! Cobertor é demais, vamos ver televisão que você esquece do frio – Arthur olhou pra garota de baby look, calça de moletom e meias; enquanto ele estava de bermuda, e já queria tirar a camiseta de tão quente que era aquele lugar. Então pegou o controle da mão dela e começou a mudar de canal.
- Meu frio não é psicológico. Não! Tira daí, não quero ver Prison Break, chega a ser pecado alguém ser tão bonito que nem esse Wentworth Miller.
- Lá vamos nós de novo. Que tal... Greek?
- Não, eu não assisti alguns episódios e to meio perdida.
- Smallville?
- Não, o Clark me irrita – Lua fez careta e Arthur suspirou. E assim mais de 15 minutos se foram, com Arthur mudando de canal e Lua arranjando algum defeito.
- Linda, por favor... – ele fez bico – Vamos assistir pra valer alguma coisa? Sim?
- Ok, muda de canal, e o que estiver passando a gente assiste – Lua bufou e Arthur sorriu mudando de canal. – Ah não. Não, não e não.
- Por que não? Lua você já ta me irritando – Arthur sentou na cama passando a mão no cabelo. – Você nem sabe o que ta passando e já critica?
- Eu sei o que é – ela disse baixo. – É Skins.
- Que... Ah! – Arthur ficou sem graça e colocou num canal de filmes, onde passava Vanity Fair [n/a: eu adoro filmes assim. E no bônus tem cenas cortadas em que o Robert Pattinson aparece *dica*]. – Desculpa.
- Relaxa... É só esquisito – Lua deu um sorriso sem vida. – Eu tenho evitado ver coisas sobre o Nick.
- Você não consegue esquecer, né? – o garoto abaixou o volume da televisão quando percebeu que Lua não fugiu do assunto. – Mas você ta bem, certo?
- Eu to... Tipo, já faz algum tempo. E ah, ele não chegou a fazer nada... Pode parecer loucura da minha parte falar isso, mas eu fiquei chocada nos primeiros dias. Agora eu não sinto nada – ela também se sentou na cama e encolheu as pernas abraçando os joelhos.
- Como assim nada? Tudo bem, sua cabeça e corpo não sentem nada devido ao tempo, mas seu coração ainda deve estar aos pedaços – a luz da recém nascida lua de Waikiki entrava pela janela do quarto, e aos olhos de Arthur, mesmo Lua estando super gripada, ela não poderia estar mais encantadora.
- É como a música diz ‘You Can’t Break a Broken Heart’ [você não pode quebrar um coração quebrado], certo? – ela sorriu triste – Tudo com o Nick aconteceu muito rápido, eu nem tive tempo de sentir nada muito forte por ele...
- Quem quebrou seu coração? – Arthur perguntou de repente.
- Sobre isso, eu não quero falar – Lua cortou o assunto assim que sentiu as bochechas esquentarem. – Eu cansei de ficar aqui, vamos dar uma volta?
- Eu to com preguiça – Arthur fez uma careta e deitou de novo.
- Ah Aguiar! Vamos, eu prometo que não conto pra Sallie que você tava olhando as surfistas bonitonas – Lua riu cutucando a barriga do garoto.
- Não acho que ela se importaria – ele disse baixo se esquivando das mãos de Lua.
- Como não? Ela é sua namorada!
- Eu não teria tanta certeza disso – Arthur disse sério ao levantar da cama.
- Como assim? – Lua parecia chocada.
- Sobre isso, eu não quero falar – Arthur a imitou, recendo um tapa de Lua. – Vamos logo garota agressiva, antes que eu mude de idéia.

****

- Esse povo não dorme?
- Lua, são oito da noite.
- Ah é mesmo, o fuso horário me confunde – Lua riu ao chegarem a um quiosque na beira da praia. O lugar estava cheio grande parte das pessoas obviamente eram turistas, a música era animada, o clima estava ótimo [até para Lua, que estava de mini saia jeans e blusinha de alças. Arthur a impediu de levar um casaco], e tinha algo na atmosfera que proporcionava a sensação de estarem num filme. – Vamos pro bar, eu quero tomar algum drink com nome engraçado.
- Eu não vou carregar ninguém de volta, viu mocinha? – Arthur disse alto ao ser puxado por Lua pro meio das pessoas.
- Não vou beber nada alcoólico, bobinho. Eu to tomando remédio pra gripe, lembra? – Lua não pode deixar de reparar como as garotas olham pra Arthur ao passarem. – Garoto, que saco! Precisa chamar tanta atenção assim?
- Eu? To chamando atenção? Como? – ele ria da cara de brava da garota.
- Você chama sim! Seu branquelo! – Lua deu um tapa nele, que riu e a abraçou pelos ombros voltando a andar em direção ao bar.

Algum tempo depois, Arthur disse que precisava ir ao banheiro, deixando Lua sentada num dos bancos perto do bar, tomando um drink super colorido e se balançando no ritmo da música. Quando o garoto estava voltando, viu um cara musculoso, sem camisa e bronzeado, sentado no único banco vazio no bar: o mais próximo de Lua. Ele falava muito perto da garota, que se afastava a cada palavra proferida pelo brutamonte. Arthur apenas sorriu, acostumado com a situação; então andou rapidamente em direção a eles, como Lua estava sentada no banco, ficou da mesma altura de Arthur, não oferecendo nenhum obstáculo quando ele chegou colocando as mãos em sua cintura, e depositando um beijinho no ombro nu da garota.
- Oi amor, desculpa a demora – ele diz sorrindo na maior cara de pau, fazendo Lua prender o riso.

- Oi lindo, ah tudo bem, o... Como é seu nome mesmo? – ela faz questão de mostrar a falta de atenção ao grandalhão.
- Erm, é Noah – ele estende a mão e cumprimenta Arthur. – Eu estava contando pra sua garota, os significados dos nomes de cada praia aqui de Honolulu.
- Ah legal, nós vamos visitar todas, pode deixar. Apesar de que eu acho que a minha garota nem vai se preocupar com o nome do lugar, enquanto estivermos fazendo coisas muito mais interessantes – ele sorriu malicioso para Lua, que riu alto. O surfista brutamonte, finalmente se tocou, e com um aceno de cabeça saiu de perto dos dois.
- Como você é mau, Aguiar! Toda vez você faz isso! – Lua ria da situação e da cara de convencido que Arthur fazia. – Ele só tava me falando uns nomes esquisitos, não precisava fazer isso com o coitado!
- Agora ele é coitado né? – ele sorriu de lado ao pegar uma cerveja no balcão. – Queria ver se eu não tivesse feito isso, ele teria te agarrado, que nem aquele cara na after party mês passado.
- Ah nem me lembre. Sem falar, que ele quase vomitou em mim – Lua fala de um jeito engraçado, e vira pra ver as pessoas dançando, ficando assim, sentada de costas pro bar.
- Você não acha que a sua saia é muito curta, pra você ficar sentada nesse banco? – Arthur diz sem conseguir disfarçar seu olhar de cobiça, pras pernas da garota.
- Aguiar! Você tem namorada, seu pervertido – ela tenta falar sério, mas acaba rindo de lado. Arthur sorri se desencostando do balcão e fica na frente de Lua, que o olha confusa; ele simplesmente vira de costa, e se apóia no banco dela, isso significa: fica entre as pernas da garota. – Garoto, que abuso é esse?
- Não é abuso lindinha, é apenas um amigo preocupado com a integridade da amiga – Arthur vira um pouco o rosto para olhá-la, ficando com o rosto a centímetros de distância do da garota. – Além do mais, o pé grande ali [leia: surfista grandalhão] acha que você é minha garota.
- Aham, sei – Lua diz simplesmente ao apoiar o queixo no ombro de Arthur, que agora olhava pra ‘pista de dança’.

Algum tempo depois, o garoto colocou uma mão no joelho de Lua, a outra mão segurava a cerveja; os dois se movimentavam ao som de alguma música parecida com Rihanna. Arthur mexia a mão num singelo carinho pela perna de Lua; essa por sua vez passou os dois braços pelo corpo de Arthur, mantendo a cabeça apoiada no ombro dele.

Naquele momento, quem olhasse os dois, certamente diria que era o casal mais apaixonado do lugar. O jeito que se tocavam sem vulgaridade, o visível carinho em cada toque, a cara de bobo que Arthur fazia a cada trecho da música que Lua cantarolava, ou até mesmo o jeito que Lua olhava torto pras garotas que olhavam descaradamente pro garoto.

Mas uma coisa que não era visível eram as constantes borboletas no estômago de Lua, e a luta interna que se instalara em si: o cheiro de Arthur, o jeito que ele se movimentava no ritmo da música, a risada quando via alguma cena bizarra, a maneira de levar a garrafa de cerveja até a boca, o sorriso doce quando olhava de canto de olho pra ela... Tudo isso só fazia com que Lua quisesse agarrá-lo ali mesmo. Mas Sallie sempre lhe vinha à mente. ‘Lua, você já superou essa fase. Você não gosta mais dele... Ah mas cara, precisa ser tão lindo assim?!’

- Eu to cansado – Arthur a despertou dos pensamentos, virando pra a olhá-la com um sorriso meigo nos lábios. – Vamos?
- Ah vamos sim – Lua sorriu, e se afastou um pouco do corpo do garoto, quando ia descer do banco, Arthur a surpreende segurando suas pernas em torno de si, e sai andando com a garota em suas costas. – Aguiar! ME COLOCA NO CHÃO! VOCÊ SABE QUE EU NÃO GOSTO DISSO!
- Pára de gritar no meu ouvido menina! – Arthur ri, e sente Lua se agarrando a ele pra não cair.
- Garoto, eu to de saia! Minha calcinha deve estar toda a mostra – ela briga quando chegam à rua mal iluminada, tentando abaixar a saia e se segurar em mesmo tempo.
- Relaxa! Estamos na praia, ninguém vai ligar de ver sua calcinha – Arthur ainda ri do desespero dela; não consegue evitar, porém, o sorriso malicioso ao senti-la colada em si, e involuntariamente aperta as mãos em torno das pernas da garota.
- Mas a questão é que eu não gosto de ficar mostrando minha bunda pra quem quiser ver – Lua nem sabia o que estava falando, aquela situação a estava deixando desconfortavelmente confortável (?).
O quiosque em que estavam era relativamente perto da casa, então em alguns minutos de gritos de Lua, e risos de Arthur, eles chegaram à varanda da casa.
- Acho que meus ouvidos vão zunir até amanhã – ele diz de um jeito engraçado, e senta Lua no pequeno sofá que ficava do lado de fora da casa, sentando ao seu lado. – Como você grita, meu Deus!
- Você que pediu por isso, seu bobo – a garota mostra língua, e sorri.
- Sabe... Enquanto estávamos lá no bar, eu fiquei pesando... Quem olhasse pra nós dois, nunca falaria que nós temos toda essa história de ódio e pegação, e agora nos damos bem assim – ele pegou uma almofada e deitou no colo de Lua, demonstrando o que queria dizer.
- Pois é... Nós nunca tivemos oportunidade de nos conhecermos pra valer. Logo de cara a gente já começou a brigar, depois a se agarrar escondido, e com isso a parte de um conhecer o outro, foi ficando pra depois e depois – a garota falava calmamente enquanto passava os dedos pelos cabelos de Arthur. – Apesar de estarmos nos saindo bem durante esse tempo, não nego que ainda acho estranho os momentos como esse: você com a cabeça no meu colo...
- ...e você me fazendo carinho – Arthur terminou a frase rindo, e Lua riu balançando a cabeça – Às vezes eu até fico preparado pra receber um tapa.
- Não seja por isso – ela bateu na testa do garoto, o fazendo rir mais. – Eu to gostando dessa nova fase.
- Mas ainda tem tanta coisa pra gente aprender sobre o outro. Tipo, nós sabemos o básico. Mas às vezes eu tenho vontade de te perguntar algumas coisas, mas acabo desistindo – ele sorriu sem jeito coçando a nuca. - Vamos fazer um jogo?
- Que tipo de jogo?
- Eu posso te fazer quantas perguntas eu quiser, e você é obrigada a responder, depois você me pergunta.
- Quantas você quiser? Não, muito vago. Que tal... cinco?
- Tudo bem, então temos que escolher com cuidado.
- E somos obrigados a responder a verdade sobre qualquer que seja a pergunta, certo?
- Isso. Quer começar?
- Quero, já sei o que perguntar.
- Vai lá, pergunte.
- Eu percebi que você tem evitado falar sobre a Sallie, e a minha primeira pergunta é: por quê?
- Sabia que você ia perguntar isso! Você não deixa nada passar né? – ele sorriu e sentou direito no sofá. – Bom, ontem quando cheguei ao meu apartamento, eu liguei pra ela pra combinar sobre a viagem, e ela tava estranha... No fim das contas, ela, bem... terminou comigo.
- AHN? – Lua não conseguiu segurar a cara e o grito de espanto. – Como assim? Você nem parece abalado!
- Essa é sua segunda pergunta? – Arthur sorriu arqueando as sobrancelhas.
- Não, não é. Ok, você não precisa explicar – Lua se apressou em dizer.
- Até porque não tem o que explicar, ela foi bem vaga quando terminou – ele falou simplesmente. – Ta, agora é minha vez de perguntar.
- Vá em frente... Ah que medo – Lua brincou, cruzando as pernas encima do sofá, com uma almofada no colo.
- Qual é todo esse lance daquela pulseira que quase me assassinou ano passado, e tipo, eu sei que tem a ver com a sua opção de cor pra porta do seu quarto e o motivo de você ficar tão triste assim, do nada – Arthur falou tudo de uma vez, e Lua só pôde arregalar os olhos.
- Como você sabe disso? – ela disse ainda chocada.
- Por mais que eu tente disfarçar, eu presto muita atenção em tudo relacionado é você, Lua Blanco – ele fala de um jeito envergonhado, fazendo Lua ter vontade de mordê-lo!
- Erm... Essa resposta é muito longa, podemos deixar pro final?
- Ta, eu pergunto outra coisa agora, mas no fim você responde sem rodeios, combinado? – Arthur estende a mão para selar a promessa, e Lua ri, mas aperta a mão dele. – Bom, vejamos... Já sei! São duas perguntas, mas valem por uma só, pode ser?
- Hoje eu to boazinha, então pode.
- Você tem mais ciúme da Sallie ou da Liza? E por quê?
- Ah... Hei! Isso não vale! – Lua sentiu seu rosto esquentar.
- Você concordou – Arthur riu vitorioso. – Responde.
- Você é um idiota, sabia? – ela diz séria e bate no garoto sorridente ao seu lado. – Ok... Preciso ser sincera né? Da Sallie. Por motivos óbvios.
- O que seriam motivos óbvios? Isso não é uma resposta satisfatória – ele mantinha o sorriso de pretensioso no rosto.
- Ela é tão simpática, e bonita, e... Legal! – Lua falava como se sentisse dor física – Ela é perfeita.
- Que nem o Hoult – Arthur disse baixo, mas a garota escutou.
- O que me leva à minha segunda pergunta: por que você provocou o Nick no rinque de patinação, lembra? – agora era a vez de Lua sorrir vitoriosa.
- Lembro... Aquela música, ah como eu adoro lembrar daquela música e da cara de bosta do Hoult quando eu disse que ele não era nada pra você – Arthur sorri maldoso com as lembranças. – E respondendo à pergunta: ciúme, e quem sabe também, inveja.
- Inveja? – ao ver a cara do garoto: – Não, não! Não é minha próxima pergunta! É sua vez. Mas antes, eu posso fazer uma pergunta fora do jogo? – Lua faz bico, e ele concorda sorrindo. – Você já ficou com a Liza, certo? Pra ter perguntado do ciume.
- Erm, já. Só um beijo, mas ela tava bêbada e me agarrou; a Sallie até riu quando eu contei – ao ver a cara de espanto de Lua, ele logo fez a próxima pergunta. - Qual de nós do McFly, é seu favorito? – ao vê-la abrir a boca ele completou – E não adianta dizer que não tem favorito, porque eu sei que você é ou era fã da banda, e toda garota tem um preferido.
- Primeiro: agora eu sou um tipo diferente de fã, mas ainda sou – Lua respirou fundo. – Eu vou me arrepender disso, eu sei que vou... Você! Você era meu favorito. Feliz?
- Nem imagina quanto – o garoto sorria divertido. – Vai, me pergunta mais uma.
- Cadê o João Alfredo? – quando Arthur fez cara de ‘você é doida?’, ela completou – Meu jacaré de pelúcia. Lembra? Por que você o deu pra camareira?
- Ah não. Não gosto mais dessa brincadeira – ele fez bico e suspirou. – Ele ta comigo.
- O QUÊ? Pode explicar! – Lua deu um belo tapa na perna do garoto, o fazendo sorrir tímido.
- Se quiser mesmo saber, tem que contar como mais uma pergunta – ao vê-la dar de ombros ele prosseguiu. – Quando eu viajo, eu levo coisas que me fazem sentir em casa... E eu não tinha nada seu. E o seu jacaré tem o seu perfume. Eis a sua resposta.
- Own que fofo! – Lua brincou, pra disfarçar o seu próprio embaraço. – Se quisesse alguma coisa, era só pedir. Eu te dava uma meia furada [n/a: essa história da meia furada aconteceu comigo. Minha amiga se mudando pra Itália e ofereci uma meia furada como lembrança xD].
- Ah que amor você é – Arthur apertou as bochechas da menina e sentiu que já estava ficando com febre outra vez. – Não ta na hora de tomar remédio? Quer entrar?
- Relaxa aí! – Lua riu e segurou a mão de Arthur em seu rosto – Nem to tão quente assim, quase a mesma temperatura que você. Sentiu?
- Senti, mas não deixa passar o horário do remédio ta? – ela assentiu com a cabeça e ele continuou. – Minha quarta pergunta... Hum... Você voltaria com o Hoult? Agora que vocês tem se falado pelo telefone... Mudou alguma coisa?
- Ah, eu sinceramente não sei. A raiva e o ciúme misturados com álcool podem levar uma pessoa ao extremo. Ele estava fora de si, eu não o culpo totalmente. Tudo bem, chegar aquele ponto foi culpa dele, mas ele só deixou a paixão falar mais alto quando nos viu juntos.
- Tudo aquilo foi por ciúme de mim? – Arthur tinha os olhos arregalados.
- Foi. Ele sempre teve muito ciúme de você, desde quando nos conhecemos e as meninas brincavam que os opostos se atraem; ele sempre ficava sério quando elas falavam coisas do tipo – Lua disse olhando pra escuridão à sua frente, ouvindo as ondas quebrarem bem perto deles. – Agora a minha última pergunta.
- Escolhe bem, hein?
- Já sei. Por que você implicou comigo logo que cheguei? Sem nem me conhecer! – a garota deixou transparecer na voz, o ressentimento que tinha nas lembranças.
- Eu li uma coisa no seu computador. Você dizendo que me odiava – Arthur também não gostava de pensar sobre o assunto. – E eu fiquei tão irritado, por ter me sentido atraído por você, e ler que você me odiava sem ao menos me conhecer!
- Eu... Eu não... – Lua ficara assustada com a reação do garoto.
- Você não tem que se explicar – ele tentou sorrir pra amenizar as palavras de segundos atrás.
- Mas eu quero! – ela se ajeitou no sofá, ficando praticamente de frente pra Arthur – Eu lembro exatamente do que você ta falando! E naquele dia, eu tava falando com uma amiga do Brasil, e ela me zoou que eu não parava de falar de você, daí ela me ‘desafiou’ a dizer que te odiava... Alegando que pelo jeito que eu já tava no primeiro dia em que te vi, eu nunca conseguiria não gostar de você de verdade – Lua sentiu as tonturas por causa da gripe, voltarem aos poucos enquanto falava – Eu nunca te odiei de verdade.
- Eu sei disso, agora eu sei – foi só o que Arthur disse, mas ela pôde ver nos olhos dele que agora estava tudo bem, de verdade... Finalmente. – Agora me responde a primeira pergunta que fiz.
- Ah é uma longa história. Tem certeza?
- Tenho – Arthur viu Lua suspirar, prender o cabelo e dar uma leve mordida no lábio.
- Deve fazer uns dois meses, quando nós fomos assistir filme no seu apartamento, e a Cath ligou a televisão e tava One Tree Hill, lembra disso? – Arthur concordou com a cabeça e ela prosseguiu. – E eu saí rapidinho da sala, mentindo que ia fazer a pipoca; mas você me viu chorando na cozinha, que eu sei – Lua sorriu grata a ele.
- Se você não queria contar, eu não ia te forçar; mas eu vi mesmo e por isso fiquei te enchendo o saco durante o resto do dia – Arthur olhava intensamente pra garota, e os dois lembraram das cosquinhas que ele fizera nela, querendo ver um mísero sorriso no rosto dela. – Continua.
- Então... One Tree Hill. Todas as respostas estão em One Tree Hill. Você não assiste, então vou ter que contar todos os detalhes – a garota suspirou mais uma vez, e Arthur pegou sua mão e atrelaçou seus dedos nos dela. – Desde pequena, eu tinha uma amiga no Brasil que era tipo, minha alma gêmea; nós vivíamos juntas e nós adorávamos seriados, mas o preferido era One Tree Hill; meninas costumam ter essa mania de se imaginar sendo o personagem, namorando o galã, enfim, nós dividíamos tudo, mas como boas crianças que éramos, costumávamos brigar pelas coisas mais bobas, e nesse caso era a porta da Brooke, a famosa porta vermelha – Arthur levantou as sobrancelhas em sinal de compreensão. – E o ‘combinado’ era que a primeira que casasse com um ator lindo, e fosse morar na Inglaterra, poderia pintar a porta da casa de vermelho. Ah, e nosso maior sonho era morar na Inglaterra; tanto que nós tínhamos tudo planejado pra fazer o colegial juntas em Londres – os olhos de Lua foram acumulando lágrimas, fazendo Arthur apertar sua mão em sinal de carinho e segurança. – Ela sempre dizia que tinha mais direitos em relação à porta vermelha, já que o nome da atriz que interpreta a Brooke, é Sophia Bush, e o nome dela era – nesse momento Lua não conseguiu conter o soluço e as lágrimas que o seguiram – Sophie, o nome dela era Sophie.
- Era? – Arthur perguntou baixinho, vendo que Lua estava se entregando ao choro.
- Ela... Ela... Um dia, nós fomos numa festinha da escola, e Arthur, nós éramos duas crianças! Crianças! – as lágrimas corriam livremente pelo rosto de Lua, que tinha raiva e dor nos olhos. – Ela quis pegar carona com garotos mais velhos, ela tinha bebido, o primeiro porre da vida dela; ela não queria ir, mas pra não deixá-la sozinha acabei entrando no maldito carro. O garoto que dirigia o carro, também tinha bebido, e eu... Eu não lembro direito o que aconteceu, minha mãe me contou depois, que ele passou num farol vermelho e outro carro atingiu o lado o direito do nosso caro; o lado que a Sophie estava... – as lembranças vinham à mente de Lua como facas que dilaceravam seu coração; Arthur a abraçou até que ela se acalmasse um pouco.
- Chega linda, não precisa continuar – ele disse contra os cabelos dela, ouvindo seus soluços e as lágrimas molharem seu camiseta. Até ela se afastar, passando a mão pelo rosto.

- Eu nunca contei isso pra ninguém, eu quero... Eu quero contar pra você – ela olhou nos olhos de Arthur ao dizer isso, e o garoto sentiu um calor pro dentro; e beijou docemente a bochecha de Lua. - Eu só cortei a testa, e as outras pessoas se machucarem pouco também... Mas o garoto que estava no banco do passageiro morreu na hora. E a Sophie, ela foi pro hospital porque bateu a cabeça muito forte e tinha diversos machucados internos. Dois dias depois, eles me deixaram vê-la, e ah Arthur, foi a coisa mais triste da minha vida. Ela tava meio dopada, mas me reconheceu; ela chorou me pedindo desculpa por ter pegado carona com os meninos. Ela me fez prometer que iria pra Inglaterra no ano seguinte como havíamos combinado; que pintaria a minha porta de vermelho; que iria ao show da banda preferida dela – Lua sorriu melancolicamente indicando Arthur com a cabeça – que nunca iria chorar por quem não me merecia; que ia lembrar dela todas as vezes que olhasse pra nossa pulseira da amizade... – Arthur acenou a cabeça entendendo a história. – Ela tava morrendo Arthur, morrendo! De hemorragia cerebral. Ela quase não conseguia falar direito; os pais dela estavam no quarto, e a última coisa que conseguiu dizer foi que nos amava e pra que não sofrêssemos, já que ela estaria bem – ao ver Lua recomeçar a chorar compulsivamente, Arthur a puxou para seu colo, fazendo com que a menina ficasse com o rosto em seu pescoço.

- Pode chorar Lu, você guardou isso por muito tempo, chora tudo que tiver pra chorar – ele acariciava a cabeça dela, e abraçava forte transmitindo toda a segurança, conforto e carinho que ela precisava naquele momento. Minutos ou horas poderiam ter passado, mas nenhum dos dois se mexeu. Até que a respiração de Lua voltou ao normal, e com os olhos vermelhos olhou Arthur durante alguns segundos, quando ele se inclinou passando seu nariz pelo da menina, num carinho infantil e doce.
- Sabe, ela morreu há quase três anos. Mas pareceu que foi ontem, falam que o tempo cura tudo... Então por que toda a raiva que eu tenho de mim mesma ainda tá aqui dentro? E essa dor? Nunca vai embora! Durante um ano, eu só saía de casa pra ir à escola e visitar os pais da Sophie; e a mãe dela me dizendo que eu era a melhor amiga que qualquer garota poderia ter. Mas se eu fosse tão boa assim, eu não teria deixado que ela entrasse naquele carro... Ela estaria viva!
- Lua, não foi sua culpa...
- Todo mundo me dizia isso! Tudo o que eu quis durante um ano foi morrer, de um jeito muito ruim pra pagar minha dívida com o mundo. Mas então, um dia a mãe da Sophie foi até a minha casa me entregar um papel que ela tinha achado nas coisas dela; eu levei dias até ter coragem de abrir...
- O que tinha escrito lá? – Arthur falou baixinho segurando levemente o rosto de Lua com as mãos.
- Coisas bobas que a Sophie e eu escrevíamos... E tinha uma parte do papel que era só com a letra dela, falando que se a vida dela viesse a ser uma merda e tudo desse errado, mas ela soubesse que eu tinha conseguido tudo com o que sonhamos, ela estaria feliz onde quer que estivesse, porque eu estaria feliz – Lua fechou os olhos respirando fundo, e Arthur passou o nariz por sua bochecha sussurrando ‘e aí?’ – E aí, naquele mesmo dia eu resolvi que iria pra Londres; no dia do meu embarque, os pais da Sophie foram até o aeroporto e me pediram pra fazer uma espécie de diário da minha vida na Inglaterra, já que era isso que a filha deles sempre disse que faria. E a partir daí, você conhece a história – a garota disse baixinho ao abraçarArthur, sentindo seu coração bater forte e aliviado contra o peito. – Brigada.
- Pelo quê? – a voz de Arthur saiu abafada, devido ao seu rosto estar contra o pescoço de Lua.
- Por me fazer sentir segura em contar pra alguém – ela disse baixinho, sentindo o perfume do garoto.
- Eu que agradeço por você confiar em mim linda; saiba que pode confiar e contar comigo sempre – ele beija o pescoço de Lua, e sente que a garota se arrepiou com tal ato.
- Digo o mesmo – ela se afasta passando as mãos no rosto, e respirando fundo. – Acho que você ainda pode me fazer mais uma pergunta né?
- Eu tinha até esqueci do jogo – Arthur diz sorrindo fraco, ao perceber que a garota ainda estava em seu colo. – Deixe-me ver... Minha última pergunta...
- Caraca, eu to no seu colo – Lua disse de repente, a voz ainda rouca pelo choro, tomando impulso pra sentar direito no sofá; porém Arthur a impede, segurando sua cintura com uma mão, e o rosto com a outra. – Arthur o que...
- Quem quebrou seu coração? – ele diz rápido e Lua arregala os olhos [inchados e ainda vermelhos] ao ouvir a pergunta.
- Quê? Ah... – seu coração ainda batia rápido devido as emoções anteriores, e o rosto de Arthur tão perto do seu não estava ajudando.
- Responde – ele sussurrou fazendo a garota fechar os olhos.
- Você. Você quebrou meu coração – Lua fala da mesma maneira, abrindo os olhos para encarar Arthur.
- Eu nunca quis fazer isso, nunca. Eu meio que já imaginava essa resposta... – o garoto disse baixinho, passando o rosto pelo pescoço de Lua – me perdoa? Se existe uma pessoa no mundo que não merece ter o coração partido, esse alguém é você. Diz que me perdoa...
- Não tem o que perdoar. Depois dessa brincadeira, eu até posso sentir meu coração bater normalmente depois de três anos, graças a você – Arthur levantou a cabeça e a olhou nos olhos. – Mesmo que a brincadeira tenha acabado eu posso perguntar mais uma coisa?
- Pode.
- Alguém já quebrou o seu coração?
- Não – Arthur trouxe a garota pra mais perto, posicionando uma mão entre seus cabelos e a outra firmemente na cintura. – Você cuida muito bem dele – sussurrou contra os lábios de Lua, e sorriu ao vê-la fechar os olhos, e finalmente selou seus lábios aos dela. A garota suspirou ao sentir Arthur tão perto, tão doce; manteve as mãos espalmadas no peito do garoto, inclinou a cabeça quando sentiu a língua dele desenhar o contorno de seus lábios, abrindo a boca lentamente, gravando cada detalhe do momento; Arthur tinha total controle, seus dedos entrelaçados aos cabelos da garota, a trazendo sempre pra mais perto, sentindo cada centímetro de seu corpo contra o dela.

Nem todo o calor do Hawaii, poderia superar o calor que os dois sentiam no momento. Após vários minutos se beijando, Arthur finda o contato com vários selinhos, e encosta sua testa na de Lua.
- Oi – ela diz sorrindo, quando Arthur segura seu rosto com as duas mãos.
- Olá – ele sorri convencido – Finalmente.
- Finalmente o quê, seu metido? – Lua faz carinho no garoto com o nariz, tendo um selinho roubado por ele.
- Finalmente eu posso falar que você, dona Lua Blanco, é a minha garota da porta vermelha.

[Continua..]

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