Capítulo Vinte: ‘Com olhos, corpos e mentes cansadas: nós dormimos’.
"Às vezes as pessoas fazem jogo duro, porque precisam saber se o sentimento da outra pessoa é real."
- Brooke Davis.
- Arthur?! - a voz de Lua saía esganiçada ao tocar a maçaneta da porta com as pontas dos dedos. – Por favor, me responde... Arthur! – a porta foi então aberta bruscamente, assustando a garota.
- Eu pensei que tivesse deixado bem claro – Arthur disse sem olhá-la, a voz baixa e fria. – Mandei você ficar longe de mim.
- A gente precisa conversar... – Lu disse falhamente ao esticar a mão em direção ao garoto. – Você precisa...
- EU NÃO PRECISO FAZER NADA – os olhos de Arthur focalizaram os da menina, e ela então viu... O ódio e rancor que ali dentro agora existia. – Você é quem precisa entender que eu não quero mais te ver, não quero falar com você, não quero nem ouvir seu nome.
- Não faz isso comigo – ela suplicou aos sussurros, Arthur apenas balançou a cabeça em negação e saiu do apartamento, batendo a porta com força.
[N/A: Coloquem para carregar: Wait. Escutem a música quando for pedido, faz toda a diferença, acreditem.]
Flashback
Podia culpar a bebida. Podia culpar o ressentimento. Poda culpar a raiva.
Mas quando Lua abriu os olhos e focalizou os de Arthur, arregalados de pura surpresa, horror e ódio, ela soube que nada justificava o fato de estar nua. Nua na cama de Nick. Nua na cama de Nick e com o próprio adormecido, também nu, ao seu lado.
Sua primeira reação foi puxar o lençol contra seu corpo; sentindo os olhos lacrimejarem ao olhar Arthur balançar a cabeça em negação e virar as costas para a porta aberta do enorme quarto de Nick.
- Arthur... – ela ouviu a própria voz sussurrar em desespero.
- Cala a boca – o garoto virou rapidamente falando baixo, o olhar congelado. – Não se atreva a falar comigo...
- Eu... Eu não lembro o que aconteceu... Eu estava bêbada – Lua disse desconexamente ao levantar da cama, enrolada ao lençol azul petróleo.
- Bela desculpa... Mas eu não quero saber... Eu não quero ouvir – Arthur disse, olhando Nick dormindo na enorme cama. – Fica aí com o seu... Com ele.
- Ele não é nada meu... Eu só vou me vestir e... – a garota gaguejava ao se aproximar do namorado.
- Nem mais um passo – ele disse esticando a mão, na intenção de impedi-la de chegar mais perto. – Fica longe de mim... Pra sempre. – Arthur finalmente olhou Lua nos olhos, fazendo as lágrimas, que a garota lutava bravamente para não derramar, caírem instantaneamente. Lua viu uma mistura de sentimentos passarem pelos olhos do garoto quando ele viu suas lágrimas: pena e rancor. Ele simplesmente virou as costas, descendo as escadas; deixando Lua naquela casa silenciosa, enrolada em um lençol, naquela manhã chuvosa, chorando compulsivamente sozinha num corredor.
***
- Lu? – Nick disse sonolento quando acordou e se deparou com a garota sentada no chão, devidamente vestida, e segurando um único pé do scarpim vermelho que usava na noite anterior. – Você... Você tá chorando? Lu?
- Eu só quero... Quero o meu sapato! – a garota disse entre soluços, quando Nick levantou e andou em sua direção, usando somente uma cueca preta; Lua fechou os olhos e balançou a cabeça. – Nicholas, não... Eu só preciso do meu sapato...
- Lu, escuta... Nós precisamos conversar sobre noite passada – o garoto ajoelhou na frente de Lua, limpando algumas lágrimas que caíam dos olhos da menina.
- Noite passada foi... Foi um erro – ela afastou a mão dele de seu rosto. – Eu bebi... Eu senti raiva da Ashleigh por te fazer sofrer... Eu só queria esquecer que o Arthur estava com a Sallie... Eu só queria me distrair da dor... Eu sinto muito... Me desculpe...
- Eu não tenho o que desculpar – Nick a ajudou a levantar, sua voz não transmitia emoção alguma. – Não precisa se preocupar comigo, não é a primeira vez que você me usa pra afetar o Aguiar.
- Nicholas...
- Aqui o seu sapato – Nick a interrompeu ao achar o scarpim vermelho debaixo da cama. – E é sério, não se preocupe comigo, afinal estou indo pra L.A. daqui dois dias...
- Eu realmente... Sinto muito – Lua sussurrou quando mais lágrimas desceram por seu rosto; calçou o sapato e foi em direção à porta. – Eu sei que estraguei tudo... Mas eu quero que saiba que você é uma ótima pessoa... E quem sabe algum dia, possamos ser amigos de verdade.
- Algum dia... Quem sabe.
Lua saiu da casa sem olhar para os lados, sem procurar por Cath e Júlia. Pegou somente sua bolsa e parou o primeiro táxi que viu. Ligou para o apartamento de Arthur – aparentemente, ele não estava lá, pois o telefone tocou incontáveis vezes.
Você ligou para o Arthur... Dãr, você deve saber que ligou pra mim... É isso aí, deixe um recado e... Ah você sabe o que fazer, certo?
O taxista perguntou pela terceira vez se Lua precisava de alguma coisa, claramente preocupado com a jovem que chorava copiosamente no banco de trás de seu táxi: – A senhorita quer que eu pare e compre água? Quer que eu ligue para alguém?
- Não, obrigada – ela respondeu entre soluços. – A única pessoa que eu preciso, não quer falar comigo... Obrigada pela gentileza.
Chegando ao prédio onde Arthur morava, o porteiro sorriu ao ver a garota, mas quando percebeu o estado em que ela se encontrava, perguntou se estava tudo bem.
- Tá tudo... Hum, o senhor sabe se o Arthur está? – havia parado de chorar quando saiu do táxi agradecendo o motorista.
- Ele está sim, chegou há meia hora – informou o simpático senhor. – Quer que eu o avise que está aqui?
- Não! Er... O senhor pode me deixar subir sem avisá-lo? – Lua implorou com os olhos.
- Eu não tenho permissão para deixar visitantes entrarem sem serem anunciados – o porteiro disse, visivelmente sensibilizado pelo estado da garota.
- Por favor... Eu preciso subir e... – os olhos de Lua começaram a marejar novamente.
- Senhorita Blanco – o senhor a interrompeu falando mais baixo. – Eu vi o senhor Aguiar quando chegou, e agora olhando para a senhorita, posso dizer que aconteceu alguma coisa... Por isso, vou deixá-la subir.
- Oh, muito obrigada... – a garota tentou sorrir, mas isso só fez com que uma lágrima caísse por sua bochecha.
- Não precisa agradecer, contanto que isso não me traga problemas – o porteiro sorriu fraco quando Lua murmurou “obrigada”.
Quando as portas do elevador privativo foram abertas, a garota se deparou com a sala do apartamento de Arthur completamente fora de ordem. Os controles de videogame tinham sido atirados contra a parede, as almofadas estavam jogadas em diferentes locais, os porta-retratos estavam totalmente estilhaçados pelo chão e várias fotos do casal haviam sido rasgadas ao meio.
Lua então ouviu algo de vidro caindo no chão, quando levantou os olhos, encontrou Arthur a olhando; seus cabelos estavam desalinhados, como se tivessem sido puxados com muita força; a garota viu algumas gotas de sangue pingando da mão dele, devido ao ferimento causado pelo porta-retrato que ele acabara de quebrar; ela tentou não focalizar os olhos de Arthur, mas quando o fez, sentiu suas pernas ficarem moles por ver o quão vermelhos e marejados os lindos olhos dele estavam.
- Me desculpe por ter entrado sem... – timidamente Lua deu um passo à frente e então se assustou com a voz transtornada de Arthur.
- VOCÊ TEM MILHÕES DE COISAS PELO QUE SE DESCULPAR, ENTRAR NA PORRA DO MEU APARTAMENTO SEM SER CHAMADA É O QUE MENOS IMPORTA – ele respirou fundo, vendo que a garota não esperava sua reação explosiva. Arthur desistiu de se controlar, gritando mais uma vez: – VOCÊ PODERIA SE DESCULPAR POR ENTRAR NA MINHA VIDA... VOCÊ DEVERIA SE DESCULPAR POR EXISTIR!
- Fala baixo, por favor – Lua pediu sussurrando. – Gritar não vai resolver nossos problemas.
- NOSSOS PROBLEMAS? SEUS PROBLEMAS! VOCÊ FOI QUEM FERROU COM TUDO! – a voz de Arthur chegava a falhar, de tão alto que ele gritava ao se aproximar da garota.
- Nossos problemas, sim! E não fui eu quem começou a ferrar com tudo! – Todo o arrependimento e vergonha que Lu sentia estava se transformando em raiva. – Não jogue toda a culpa nos outros! Como você sempre faz!
- NÃO VIRE A SITUAÇÃO CONTRA MIM, SUA CÍNICA! – Arthur estava a apenas três passos de distancia de Lua, mesmo assim, não parara de gritar a plenos pulmões. – COMO VOCÊ SE ATREVE A ME CULPAR DE ALGUMA COISA, SENDO QUE EU ACABEI DE TE VER NA CAMA COM OUTRO? VOCÊ É UMA VADIA!
- CALA A BOCA! – Lua acabou por perder o controle, gritando tão alto quanto Arthur. – CALA ESSA BOCA AGORA! PARA DE GRITAR COMIGO, SEU INFELIZ! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA ME CHAMAR DE VADIA?
- EU ERA A PORRA DO SEU NAMORADO! QUEM VOCÊ ACHA QUE É PRA SEQUER OLHAR PRA MIM DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ? – os dois perceberam como Arthur se referiu a relação deles, no passado.
- EU SEI QUE ERREI, CARAMBA! – Lua já chorava, passando as mãos nervosamente pelos cabelos. – EU NÃO TO DIZENDO O CONTRÁRIO, MAS VOCÊ PRECISA ADMITIR QUE TEM CULPA NISSO TAMBÉM!
- EU? QUE CULPA POSSO TER EM VOCÊ TER DORMIDO COM OUTRO CARA? – ele se aproximou mais, ficando a um passo de distância.
- VOCÊ ESTAVA COM A SALLIE! – Lua berrou ao bater com os dois punhos contra o peito de Arthur. – VOCÊ MUDOU! VOCÊ ESTAVA SEMPRE SUMINDO, NÃO ATENDIA O CELULAR... E ENTÃO ONTEM A SALLIE ATENDEU!
- VOCÊ ACHA QUE ISSO JUSTIFICA ALGUMA COISA? – o garoto respirou fundo ao segurar firmemente os pulsos de Lua, e pela primeira vez, disse baixo. – Só porque a Sallie atendeu meu celular... Você me traiu por isso?
- Eu não te traí... – a garota murmurou, deixando algumas lágrimas caírem por seu rosto.
- Não? Você estava nua na cama dele... Justo do Hoult, Lua! – Arthur apertou mais as mãos em torno dos pulsos da garota. – Você transou com ele só porque outra mulher atendeu meu celular! Como você pode ser tão infantil?
- Eu não sou infantil! Você tem me evitado por semanas! Sempre arrumando motivos para brigas... Quando a sua ex-namorada atendeu o celular, eu pensei coisas ruins, mas não foi isso que me fez perder a cabeça! – Lu tentou se livrar das mãos de Arthur, que já a machucavam. – Eu pedi pra você ir à festa comigo, eu te liguei, eu mandei mensagens... E quando finalmente alguém atende ao telefone, esse alguém é a perfeita da Sallie... E VOCÊ A MANDOU DESLIGAR NA MINHA CARA!
- E você me traiu por isso? – Arthur soltou os braços da garota com força, fazendo-a bater as costas na parede da sala. – VOCÊ ME TRAIU POR ISSO?
- VOCÊ ACHA POUCO? ESSA FOI A PEÇA QUE FALTAVA NO QUEBRA-CABEÇA! – ela respirava profundamente, tentando não chorar e parar de gritar. – Tudo indicava o que você queria fazer, mas não tinha coragem... E quando eu te ouvi dizendo “pode desligar”, tudo fez sentido... Doeu tanto, Arthur...
- Do que você ta falando? – o garoto franziu a testa, confuso ao se afastar de Lua. – Você entendeu o que eu estava fazendo e me traiu? Que tipo de monstro você é, garota?
- Agora eu sou o monstro? – Lua disse exasperada. – Você não foi homem o suficiente pra terminar comigo, me fazendo sofrer a ponto de perder o controle e dormir com outro, e eu sou o monstro?
- O quê? Lua... – Arthur respirou fundo algumas vezes antes de virar as costas para a menina e dizer: – Vai embora daqui... Agora.
- Não, eu não vou embora! Nós não terminamos de conversar – ela o seguiu pelo apartamento. – Aguiar! Volta aqui, isso não pode ficar assim!
- Mas vai ficar assim – Arthur virou bruscamente no corredor, encarando Lua bem de perto. – Eu não consigo digerir... Suportar o que você fez...
- Para de colocar toda a culpa em um erro meu! Pela primeira vez o erro veio da minha parte e você quer me crucificar!
- Mas eu nunca te traí, nunca!
- Você realmente acha que eu acredito nisso?
[N/A: Coloquem a música para tocar!]
- Só sendo muito burra pra não acreditar... Só sendo mais burra ainda pra achar que eu queria terminar com você... Só sendo completamente estúpida pra achar que eu estava com a Sallie... Lua, você não faz mesmo ideia de por que eu estava te evitando? – Arthur disse baixo, olhando fixamente nos olhos da garota.
You and I made mistakes (Você e eu erramos)
We've been in and out of arguments (Nós temos estado dentro e fora de argumentos)
And said some things we didn’t mean to say (E dizemos algumas coisas que nós não queríamos dizer)
This time you're not the one to blame (Desta vez você não é o único para se culpar)
Sometimes I get a little too afraid (Às vezes eu fico um pouco com medo)
I didn’t mean to cause you any pain (Eu não quis te causar nenhuma dor)
- Para de falar assim comigo, Aguiar! – Lu disse séria e então completou: - Eu... Eu não sei de mais nada… Está tudo tão confuso.
- Ah, é claro que você não sabe... – ele sorriu ironicamente. – Eu achei que estivesse fazendo a coisa certa... Sendo um bom namorado...
- Do que você tá falando?! – Lua disse um pouco mais alto. – Bom namorado? Nem de longe você tem sido um bom namorado, Aguiar!
- Não fala o que você não sabe, Blanco! – ele falou baixo mais uma vez, o olhar cortante. – Eu estava te dando opções! Eu não quis que você decidisse seu futuro baseada num namoro... Eu me afastei para te deixar livre para pensar direito e escolher... Escolher por si mesma, e não por nós dois.
So wait (wait) (Então espere (espere))
Ahh wait darlin (Ahh, espere, querido)
Before you go and throw our love away (Antes que você se vá e jogue nosso amor fora)
Can I get a minute to explain? (Eu posso ter um minuto para explicar?)
Now wait (wait) (Agora espere (espere))
Ah think about it (Ah, pense nisso)
Before you turn around and walk away (Antes que você vire e se afaste)
Baby how can I get you to stay now? Wait (Amor, como eu posso conseguir que você fique agora? Espere)
- Você... – os olhos de Lua se encheram de novas lágrimas – Não! Você não fez isso... Você não...
- O quê? Surpresa por achar alguém que pensa nos outros e não só em si próprio? – ele riu sem emoção. – Sim, eu te dei espaço, Lua, espaço pra você escolher uma universidade, um futuro... Mesmo que fosse um futuro sem mim!
- Arthur... Eu não fazia ideia... Eu pensei... – a garota gaguejava entre lágrimas, sentindo o peito doer tamanha culpa que sentia.
- Eu sei o que você pensou! Como sempre você pensou o pior de mim. Porra, Lua! Eu te amo – ele quase gritou a ultima parte, respirou fundo e disse mais calmo. – Não faz essa cara de espanto, tenha dó! Você sabe que eu te amo... Ou amava.
Now I've been caught with my heart on (Agora eu tenho sido pega com meu coração)
Time and time again (Em tempo em tempo novamente)
Holdin on, why (Esperando; por quê?)
Boy you know I'm so alone I (Garoto, você sabe que eu estou tão sozinha)
I just need a friend (Eu apenas preciso de um amigo)
And you've been so good to me (E você tem sido tão bom pra mim)
I don't wanna miss a real good thing (Eu não quero perder uma coisa realmente boa)
- Não fala isso – ela deu um passo vacilante em direção a ele, que se afastou automaticamente. – Não fala no passado... Isso não pode ter mudado tão rápido.
- Tem razão, não mudou – ele se afastou mais e disse friamente. – Mas eu vou fazer mudar, a partir de agora.
- Não! Para com isso... Arthur... – Lua andou até ele, limpando as lágrimas com as costas das mãos. – Eu errei... Mas... Mas...
- Mas nada, Lua – ele disse virando de costas. – Feche a porta quando sair.
- Por favor... – ela começou a dizer, mas Arthur a interrompeu.
- Acabou, Lua. Vai embora. – Com isso, ele entrou no quarto, trancando a porta.
A garota ficou alguns minutos paralisada no meio da sala de estar, havia parado de tentar cessar a lágrimas e os soluços... Acordou de seu transe quando ouviu um doloroso “ai, porra”vindo do quarto de Arthur. Ela olhou para o chão, sua visão estava embaçada pelas lágrimas, mas ela pode ver claramente o rastro de sangue que ia até a porta do quarto do garoto. Com passos vacilantes, andou pelo curto caminho e bateu de leve na porta, não havendo nenhuma reação do lado de dentro.
Wait (Espere)
So wait (wait) (Então espere (espere))
Ahh wait darlin (Ahh, espere, querido)
Before you go and throw our love away (Antes que você se vá e jogue nosso amor fora)
Can I get a minute to explain? (Eu posso ter um minuto para explicar?)
Now wait (wait) (Agora espere (espere))
Ah think about it (Ah, pense nisso)
Before you turn around and walk away (Antes que você vire e se afaste)
Baby how can I get you to stay now? Wait (Amor, como eu posso conseguir que você fique agora? Espere)
– Só abre a porta pra eu ver como sua mão está – ela disse baixinho, e então esperou, segurando o choro, por alguns minutos, porém nada aconteceu. Ela suspirou falhamente, sentando no chão com o ombro apoiado na porta; encostou a bochecha na madeira fria e ouviu Arthur murmurando um sofrido “caralho”. – Você está sentindo dor... – ela sussurrou, tendo certeza de que ele ouvia - Arthur, me deixa ver esse corte, pode ser grave – tocando de leve a porta com a palma da mão, completou: – Por favor...
- A merda da minha mão é o que menos dói – Lua ouviu a voz dele vindo de bem perto, com a vista um pouco turva conseguiu ver a sombra de Arthur pelo vão da porta. – Eu queria... Que ela me distraísse da pior dor que eu já senti... Mas não distrai... E a culpa é toda sua... – ela viu quando a sombra de Arthur se afastou da porta, não antes de completar: – Me deixa em paz... Sozinho com os machucados que você causou.
- Arthur... – foi a única coisa que Lua conseguiu pronunciar quando seu choro ganhou o apartamento.
You dont know what you do to me (Você não sabe o que faz comigo)
Baby won't you sit and talk to me (Amor, você não vai se sentar e conversar comigo?)
No it doesn't have to be this way (Não, não precisa ser desse jeito)
Darlin I'm just wantin you to stay (Querido, eu apenas estou querendo que você fique)
You don't know what you do to me (Você não sabe o que faz comigo)
Baby won't you sit and talk to me (Amor, você não vai se sentar e conversar comigo?)
No it doesn't have to be this way (Não, não precisa ser desse jeito)
Darlin I'm just wantin you to stay (stay) (Querido, eu apenas estou querendo que você fique (fique))
Inúmeros minutos se passaram, e os únicos sons ouvidos no apartamento eram as fracas batidas que Lua dava contra a porta, murmurando entre soluços pedidos de desculpas. Em certo ponto a garota não tinha mais fôlego, nem lágrimas, seus olhos estavam pesados e o corpo dolorido, por estar sentada no frio corredor por tanto tempo... Dentro do quarto, nem a respiração de Arthur era ouvida, deixando todo o apartamento mergulhado num profundo silencio. Fazendo o sussurro exausto de Lua parecer ter sido gritado a plenos pulmões: Eu te amo tanto...
Então algo atingiu a porta fortemente, fazendo um alto barulho de algo se despedaçando. Lu levantou imediatamente, ainda assustada quando a ouviu a chave sendo virada na fechadura.
So wait (Então espere)
Think about it everyday (Pense sobre isso todos os dias)
Before you turn around and walk away (Antes de se virar e caminhar pra longe)
Baby how can I get you to stay now, wait (Amor, como eu posso conseguir que você fique agora, espere)
Now wait (Agora espere)
- Arthur?! - a voz de Lua saía esganiçada ao tocar a maçaneta da porta com as pontas dos dedos. – Por favor, me responde... Arthur! – a porta foi então aberta bruscamente, assustando (ainda mais) a garota.
- Eu pensei que tivesse deixado bem claro – Arthur disse sem olhá-la, a voz baixa e fria – Mandei você ficar longe de mim.
- A gente precisa conversar... – Lu disse falhamente ao esticar a mão em direção ao garoto – Você precisa...
- EU NÃO PRECISO FAZER NADA – os olhos de Arthur focalizaram os da menina, e ela então viu... O ódio e rancor que ali dentro agora existia. – Você é quem precisa entender que eu não quero mais te ver, não quero falar com você, não quero nem ouvir seu nome.
- Não faz isso comigo – ela suplicou aos sussurros, Arthur apenas balançou a cabeça em negação e saiu do apartamento, batendo a porta com força.
Hmmmmm, ohh (wait) (Hmmmm, ohh (espere))
Gotta wait (Você precisa esperar)
Gotta wait (Você precisa esperar)
Yeeeaahh, oooh (Yeeeaahh, oooh)
I'm just askin you to wait on me (Eu apenas estou te pedindo para esperar em mim)
Please wait (Por favor espere)
Oooh, please wait baby (Oooh, por favor, espere baby)
Fim do Flashback
***
- Lu? – a voz de Cath estava vacilante quando Lua tendeu o celular.
- Oi – respondeu baixinho.
- Você tá bem? Onde você tá? O que aconteceu? – a garota soltou de uma vez, e Lua então ouviu Júlia gritando ‘deixa de ser pirado!’
- Estou indo pra casa – Lu disse sem emoção, olhando fixamente a cabeça da miniatura de Elvis Presley balançando no painel do táxi.
- Ok... – ela ouviu Cath sussurrando, provavelmente para Júlia: “Ela está vindo... Não sei... Ah, merda, Aguiar!” Então falou com a voz trêmula: – Docinho, estamos te esperando. Vai ficar tudo bem, eu prometo.
- Tchau, Cathie.
***
- Eu não sei o que fazer, Catherine! Não dá pra arrumar isso antes de ela chegar!
- Jazzie, se ela chegar e vir isso... – Cath interrompeu a frase quando o ouviu a porta da sala sendo fechada. As duas se olharam espantadas e desceram correndo as escadas, se deparando com Lua encostada na parede e respirando fundo.
- Acabou, meninas... Ele terminou comigo – ela sussurrou antes das amigas a abraçarem fortemente.
- Calma, Lu, vai ficar tudo bem – Cath disse baixinho ao acariciar os cabelos da amiga.
- Shh, depois vocês conversam direito... Agora você precisa descansar – Júlia tentou evitar que suas próprias lágrimas caíssem ao ver as de Lua prestes a transbordar.
- Obrigada, meninas – Lua tentou sorrir ao sair do abraço. – Vou tomar um banho e ficar quietinha na minha cama... Tentar dormir um pouco.
- Você não prefere dormir no quarto da minha mãe? – Júlia disse rapidamente. – A cama é maior e sei lá, vai te deixar mais tranquila...
- Hum, não... Acho que meu quarto vai me fazer bem – Lua estranhou a maneira que a amiga estava se portando, mas ignorou.
- Olha, Lu... A gente precisa te contar uma coisa – Cath disse calmamente, como se sua voz pudesse assustar Lua. – Pouco antes de você chegar...
- Meu irmão esteve aqui – Júlia completou, falando no mesmo tom – E Lu, eu não vou mentir, eu nunca o vi daquele jeito.
- Nós não queremos te deixar pior, afinal nós nem sabemos direito o que aconteceu, mas é sério, o estado do Aguiar nos assustou – Cath também tinha lágrimas nos olhos e parecia abalada ao se lembrar do jeito de Arthur minutos atrás. – E nós não queremos que você veja o que ele fez...
- Como... Como assim, “o que ele fez”? – Lua deu alguns passos em direção à escada, mas logo foi impedida pela mão de Júlia.
- Amiga, você não vai gostar...
- Eu quero ver, Júlia! – ela disse decidida e subiu as escadas. No andar superior, viu algumas gotas pretas no chão, formando uma trilha até seu quarto...
- Nós tentamos impedir… - Cath parou ao lado de Lua, falando baixinho.
- Mas ele parecia outra pessoa, estava fora de si – Júlia completou.
- E eu achando que ele não prestava atenção nas bobagens que eu falava... – Lu disse mais para si mesma, olhando a sua nova porta. Preta.
- Amiga, você pode explicar... Contar o que tá acontecendo? Saímos da festa e você já não estava lá e...
- Agora não, Júlia, a Lu precisa descansar – Cath interrompeu enquanto conduzia Lua até sua cama. – Deita aí, florzinha, tenta dormir, ok?
- Ok – ela respondeu depois de tirar os sapatos e se acomodar debaixo do cobertor. As duas saíram do quarto, deixando Lua sozinha, fitando a porta recém pintada. Imaginando o quão ferido Arthur estava, a ponto de ter feito algo tão infantil e tão cruel.
Flashback
- Calma, calma – o décimo sétimo episódio da segunda temporada tinha acabado há alguns minuto,s e Arthur ainda fazia Lua lhe explicar as histórias da série. – A Brooke ia embora, daí o Lucas pintou a porta do quarto dele de vermelho, pra ela morar lá e se sentir em casa. Certo? - Certo! –Lua sorriu fraco; o garoto conseguiu fazer com que ela assiste à série que significava tanto em sua vida, e sem chorar. Foi bom. – Daí, depois de uma mega briga, ele a pinta de preto, pra mostrar o quão magoado ele estava com a Brooke, entendeu? - Entendi. Agora faz sentido toda essa adoração que você tem pela tal porta vermelha... – deu um selinho demorado na garota que estava sentada ao seu lado. – Obrigado por confiar em mim. - Obrigada por me ajudar a vencer meus medos – Lua sussurrou, passando as pernas ao redor da cintura de Arthur. – Eu amo você, Arthur Aguiar, seu idiota.
Fim do Flashback
Arthur atingiu o ponto fraco de Lua. E ele sabia disso.
***
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