Capítulo Dezoito: ‘Por favor, por favor, por favor, me deixe ter o que eu quero’.
Eu poderia te amar pra sempre. Por que o pra sempre não pode começar hoje?- Nathan Scott.
- Eu já estava praticamente curada da gripe, daí veio a bendita tempestade e me deixou pior. Já faz quase duas semanas e eu não melhoro! E aqui em Londres, com esse tempo maravilhoso, não vou melhorar nunca. Ah eu não quero ir pra escola – Lua resmungava ao prender o cabelo num rabo-de-cavalo alto.
- Então não vai. Fica aqui comigo – Arthur puxou a garota de volta pro sofá pela terceira vez. – Pede pra minha mãe ligar pro colégio e dizer que você ta muito doente pra ir à aula hoje.
- Querido, essa é a quarta vez que você diz isso só essa semana – Lu disse ironicamente ao apertar a bochecha do namorado, logo levantando do sofá. – Se eu te escutasse, já teria sido expulsa e mandada de volta ao Brasil. Arthur, tem noção de que se a agência de intercâmbio descobrir o tempo que eu passo no apartamento de um cara, ao invés da casa de família que eu deveria estar, o escândalo que vai ser? Ainda mais esse cara sendo famoso, imagine o escândalo!
- Meu Deus, são apenas sete da manhã e você consegue ser tão dramática – o garoto suspirou ao deitar no sofá, observando Lua conferir seu material escolar. – Minha mãe nunca nos entregaria, ela adorou saber do nosso namoro.
- Porque sua mãe é um amor. Mas o povo da agência de intercâmbio não veria as coisas de um jeito tão romântico – a garota amarrando seu All Star vermelho mostrou língua para Arthur. – Minha mãe já ta pirando só de saber que eu tenho um namorado britânico, imagine se ela descobrir que eu venho dormindo no apartamento dele em média cinco dias por semana? A velhinha teria um enfarte.
- É porque ela ainda não me conhece...
- É exatamente esse o problema, ela não conhece o namorado da filha dela – Lua o interrompeu, falando pausadamente, como se explicasse pra uma criança.
- Como eu ia dizendo, ela ainda não me conhece, por isso está tão preocupada. Quando ela me conhecer, vai ver que não poderia ter alguém melhor como genro – Arthur estava de pé, abraçou a namorada por trás, falando mais baixo. – Lu, relaxa.
- É fácil dizer quando se tem uma vida tão boa... Fazer um show hoje... Dar uma entrevista amanhã... Quem sabe aparecer num programa de TV no fim de semana – a garota fazia pouco caso, enquanto continuava a arrumar suas coisas, com Arthur ainda a abraçando. – Eu tenho que estudar pra escola, estudar pra tirar carteira de habilitação, ficar com as doidas das minhas amigas, fazer um ‘diário’ pros pais da minha melhor amiga, passar um tempo com a sua mãe e pra completar, preciso me encaixar nos seus horários vagos.
- Nossa, que vida difícil o meu amor tem – Arthur disse fazendo bico e uma voz engraçada, ao virar a garota de frente para si. – Todo esse estresse é por causa do seu teste para a carteira de motorista, não é?
- É – suspirou derrotada. – Cara, aquele professor me dá nos nervos. Velho idiota fica tentando me deixar mais nervosa ainda: estou dirigindo pelo lado errado do carro!
- Pra gente é certo – o garoto riu da expressão da namorada, dando-lhe um selinho. – Não entendo como no Brasil vocês acham normal dirigir do lado esquerdo e ficar na pista direita.
- Pára de falar disso! Ta me deixando mais confusa – Lu resmungou ao esconder o rosto no pescoço de Arthur. – Eu preciso ir.
- Odeio seu colégio – ele disse baixinho contra os cabelos da menina.
- Só mais alguns meses e eu me livro dele – ela respirava fundo, inalando o máximo possível do perfume de Arthur. – Daí vem a pior parte: faculdade e emprego, porque tecnicamente, quando a escola terminar, eu tenho que ir de volta pro Brasil.
- Nem fale nisso – o garoto sussurrou. – Eu fico desesperado só de pensar nessa possibilidade.
- Então, pra que eu não tenha que voltar para o Brasil, preciso ficar inteligente, e pra isso eu preciso ir pro colégio – Lua levantou a cabeça dando um selinho em Arthur, antes de se afastar para pegar seu material. – Você vai ficar o dia inteiro sem fazer nada?
- Vou assistir televisão, tomar cerveja e contar os minutos pra te buscar no colégio, serve? – ele riu vendo a namorada rolar os olhos.
- Não, não serve. Vou ligar pro Fletch e dizer que ele anda muito bonzinho com vocês. Só fazendo shows perto de casa, poucas entrevistas... Tudo com a desculpa de que estão compondo pro novo CD – a menina se dirigia até a saída do apartamento, com Arthur em seu alcance.
- Como se você não gostasse dessa nossa folga – ele sorriu ao chegar ao lado da porta.
- Não precisa divulgar, Aguiar – Lua riu ao passar os braços pelo pescoço do garoto, ficando nas pontas dos pés. – Me encontra no lugar de sempre?
- Ah Lu! Por que eu não posso de buscar no portão do colégio? – o garoto fez manha, encostando as testas.
- Vou explicar mais uma vez: eu não quero o meu rosto estampando em todas as revistas de fofoca da Inglaterra, muito menos que ‘zilhões’ de garotas achem defeitos em mim, que as pessoas digam que eu não sou boa o suficiente pra namorar Arthur Aguiar!
- Você está sendo boba, sabia? – o garoto passou seu nariz pelo de Lua, fazendo-a sorrir de lado. – O que importa é o que eu acho e o que eu sinto. Eu amo você e é isso o que importa. Dane-se o resto.
- Esse final foi fofo – ela disse rindo. – Não vou discutir.
- Então te encontro no portão do colégio? – Arthur abriu um sorriso largo.
- Não – Lua riu se esticando para morder a ponta do nariz do garoto. – Você me encontra na saída do metrô da Avenida Warwick, como sempre.
- Sua chata – mordeu o lábio inferior dela. – Só não desobedeço porque sei que não vou gostar das conseqüências.
- Esse é o meu garoto – Lu sorriu, antes de dar um rápido beijo de despedida. Pelo menos era isso o que ela planejava.
Arthur a colocou entre a porta e si mesmo, dando mais intensidade ao beijo; abraçaou a garota pela cintura, praticamente a tirando do chão. Quando o ar foi necessário, Arthur foi em direção ao pescoço de Lua, que aproveitou a deixa para afastá-lo de si.
- Ei, tenho que ir pra escola, lembra? – disse com a voz falha; deu um rápido selinho nos lábios de Arthur e abriu a porta. – Tchau, namorado.
- Tchau, namorada malvada.
****
Meses Depois...
- Mel, vamos!
- Calma, só vou passar o batom e já podemos ir.
- Não sei como o Chay tem paciência pra esperar você se arrumar.
- Lu, ele é meu namorado, com paciência ou não, ele tem de esperar – Mel riu ao terminar de se maquiar.
- Faz sentido – Lua também riu, levantando da cama da amiga. – Agora vamos, estamos atrasadas.
- Se eu ouvir o seu celular mais uma vez, eu vou mandar o Aguiar ir... – antes de terminar a frase, ‘Girls Do What They Want’ começou a tocar, fazendo Lu rir. – Eu adorava The Maine até você colocar como toque no celular, e o seu namorado ser a pessoa mais desocupada do mundo e te ligar de três em três minutos...
- Oi, amor mais desocupado do mundo – Lua atendeu ao telefone rindo.
- Desocupado? Eu? Por quê? – a garota podia sentir o sorriso nas palavras dele.
- A Mel que disse. Ela não entende que você não pode viver sem mim – ela riu quando a amiga resmungou algo como ‘um desocupado e uma metida’. – Ela ta me chamando de metida!
- Manda a Mel ficar quieta e andar logo, se ela quiser achar o namorado dela sóbrio o suficiente para reconhecê-la – Arthur riu alto, os meninos falando besteiras perto dele.
- Já estamos saindo daqui, mas ainda falta passar na casa da Sophia.
- O Micael já foi buscá-la, podem vir direto pra casa do Maker.
- Tudo bem, então. Que horas o Maker vai buscar a Maira?
- Daqui uma hora, então andem logo, se não vocês chegam depois da aniversariante – Lua ouviu a já alterada voz de Chay dizer algo como ‘vamos gritar SURPRESA pra minha Mel’, Arthur riu e a menina ouviu Maker dizer ‘não, seu mané, é pra gritar SURPRESA pra minha namorada, não pra sua!’. – Conseguiu ouvir, né? - o menino mal segurava o riso.
- Ouvi, sim – Lua riu ao seguir Mel para escada abaixo. - Te vejo daqui alguns minutos.
- To te esperando – Arthur suspirou antes de dizer baixinho. – Eu amo você.
- É sempre tão bom ouvir isso... – se fosse possível, o sorriso da garota chegaria às orelhas. – Eu também te amo, meu desocupado preferido.
- Fica quieto, Chay!
- Mel, faz seu namorado calar a boca!
- Ai, minha mão, porra!
- Fica quieto você também, Micael.
- Mas o James pisou na minha mão.
- Pára de rir, Aguiar!
- Sophia, tira o Micael de perto do James. Arthur vem pra cá e fica quieto, eles estão saindo do carro... – Lua tampava a boca do namorado com uma mão, e a outra estava no interruptor da sala de estar da casa de Maker, esperando o momento em que Maira, a aniversariante, passasse pela porta. Os amigos mais íntimos e alguns parentes da namorada de Maker estavam escondidos no escuro, esperando o momento certo para revelarem a festa surpresa.
De repente, um barulho estridente preencheu o ambiente; algo grande, pesado e de vidro havia caído no chão. Antes que alguém pudesse reagir, a voz de Micael foi ouvida, berrando:
- Caralho, Chay! O vaso caiu bem no meu... Maira! SURPRESA! – a porta abriu enquanto o garoto falava, a aniversariante tentava enxergar na penumbra da sala. Lua acendeu a luz, e todos gritaram, em meio às gargalhadas, o tão ansiado ‘SURPRESA’.
****
- Arthur, se ele aprender a mostrar língua, a culpa vai ser sua.
- É só a gente pôr a culpa no Chay, ele não vai lembrar de nada mesmo.
- Ei, não vão culpar meu namorado de nada – Mel deu um tapa na cabeça de Arthur, fazendo o menininho que estava no colo de Lua rir. – Olha que bonitinho. O Josh gostou de ver o Aguiar apanhar.
- Ah, isso você não se importa de ensinar pra criança – Arthur resmungou, e mostrou língua para o lindo menininho de olhos verdes mais uma vez.
- Que namorado mais atentado que eu fui arrumar, meu Deus – Lua riu, encostando a cabeça de Josh em seu ombro, visto que a criança estava caindo de sono, e só não tinha dormido ainda devido as palhaçadas de Arthur. O garoto abraçou a namorada por trás, envolvendo-a em seus braços juntamente com o garotinho que ela tinha no colo. Estavam de pé ao lado da bancada da cozinha, o lugar mais vazio da casa.
- Nossa, gente! Olhando vocês três assim, parecem uma família – Mel sorria bobamente ao falar. – Vou até tirar uma foto!
- Deixa a tia da Maira saber que você ta falando que o filho dela parece ser de outra mãe. – Lua sorriu para a foto ao terminar de falar, Arthur fez uma careta típica e Josh estava com os olhinhos fechados, cochilando.
- Lu, eu quero ter um filho – Arthur disse de repente, baixinho no ouvido da namorada.
- Jura? Eu também – a garota virou um pouco o rosto, quando Mel foi atrás do namorado. – Liga pra cegonha e encomenda.
- Eu to falando sério, sua boba – ele sorriu ao tocar a bochecha do bebê adormecido e de respiração tranqüila no colo de Lua.
- Eu também! Se a cegonha estiver ocupada, você pode pedir um filho de presente pro Papai Noel, sabia? Dizem que ele é bom nisso – Lu disse rindo, e deu um selinho no namorado que suspirava ao rolar os olhos.
- Não fazem mais namoradas como antigamente. Eu digo que quero ter um filho com ela, e ela ri de mim – fez bico ao terminar de falar.
- Ô meu amor, você não pode estar falando sério. O McFly começou a ser conhecido fora da Inglaterra há pouco tempo, eu ainda estou na escola... Não temos idade nem preparação pra isso – Lua disse baixinho, passando o nariz pelo queixo do namorado, visto que ele ainda a abraçava por trás.
- Mas você promete que um dia nós teremos um filho? Ou uma filha, tanto faz... Contanto que seja com você, eu vou adorar tanto um menino quanto uma menina – Arthur sorriu com a idéia, dando um selinho na namorada.
- Prometo; mas eu quero um menino – Lua também sorria ao olhar Josh dormindo em seus braços.
- Pra chamar de Arthur Aguiar Junior?
- Credo, que brega! Nem pensar – a garota riu da cara de decepção do namorado. – É só que eu prefiro meninos; meninas são muito difíceis de lidar.
- Minha mãe uma vez disse que quando mais você quer que seja uma coisa, Deus te dá o oposto... Quando ela ficou grávida, ela queria uma menina... Daí eu nasci – ele deu de ombros.
- Ta explicado por que você é meio gay – Lua gargalhou, tentando não balançar muito o bebê em seu colo.
- Você vai ver quem é gay quando chegarmos em casa – Arthur sussurrou malicioso no ouvido de Lu, fazendo-a se arrepiar.
- Eu... Não vou dormir no seu apartamento hoje, lembra? – era incrível o poder que o garoto exercia sobre ela, a voz falha da menina denunciava isso.
- Não tem problema – ele disse baixo ao dar-lhe um beijo no ombro. – Eu durmo na casa da minha mãe, ela mesma disse que eu não tenho ido lá.
****
- Quando as meninas voltam?
- Domingo à noite.
- Quem? Volta quando? – Micael se juntou à namorada, Lua e Arthur, sentando na beira da piscina da casa de Maker.
- Julia e Cath, estavam com notas ruins na escola e tiverem de ir pro acampamento – Lu disse balançando os pés imersos na água aquecida; lembrando do escândalo que as amigas fizeram naquela sexta-feira de manhã, xingando o diretor do colégio de todos os nomes feios imagináveis; depois se conformaram que eram apenas três dias, não doeria tanto assim.
- E você, nerd como sempre, não precisou, né? – Sophia riu ao espirrar água em Lua.
- Não sou nerd, mas não precisei ir – mostrou língua e devolveu o espirro d’água.
- Bom pra mim, que pude ficar com a minha garota sem ter de disputá-la com as duas encalhadas – Arthur disse distraidamente enquanto tentava jogar Micael na piscina.
- Encalhadas? Elas saem com caras diferentes a cada noite! – Lua disse lembrando das histórias que as amigas contavam sobre seus encontros. Desde que Julia terminara com Billy, ela e Cath não paravam mais em casa, fazendo com que Lu ficasse mais tempo com Mel, que entendia perfeitamente o que era namorar um McGuy.
- Bom saber, assim você não sai nunca mais com elas – o garoto disse olhando a namorada.
- Ui, que ciumento – Micael disse numa voz afetada. – Você não era assim quando namorávamos.
- É que você não é tão gostoso quanto a Lu, daí eu não precisava me preocupar tanto – Arthur disse do mesmo jeito, fazendo as meninas rirem. Nesse momento, Mel veio correndo e empurrou Sophia na água, que por estar abraçada ao namorado, levou Micael junto para dentro da piscina.
- Quanta maldade – Maira comentou chegando ao local, e antes que Mel pudesse sequer olhar para o lado, Maira a empurrou para água também.
- Mel, você esqueceu uma coisa – Maker disse ao jogar o bêbado, Chay, na piscina. – O casal Aguiar só ri, querem dar um mergulho também?
- Não, muito obrigada – Lua disse em meio aos risos. – Micael Borges, você vai acabar matando o Chay!
Maker pegou a namorada no colo e pulou na água... O restante dos convidados já estava indo embora, portanto, a piscina era só dos oito. Ou melhor, seis, já que Lua e Arthur ainda estavam sentados na beirada.
- Eu sou um namorado exemplar, então eu vou te pedir pra entrar na água comigo – ele sorriu de um jeito fofo, abraçando a menina de lado. – Quer entrar?
- Você é medroso, isso sim – Lua riu olhando Mel tirar um fio de cabelo dos olhos de Chay. – Morre de medo que eu fique brava com você.
- Medroso não! Só não gosto do jeito que você me olha quando ta brava – Arthur fez bico, ganhando um selinho de Lu. – E então? Vamos entrar?
- Primeiro eu quero um beijo.
- Um ou um milhão. Quantos você quiser – ele sorriu antes de entrelaçar os dedos nos cabelos da garota, trazendo-a para mais perto; mordeu o lábio inferior da namorada, que sorriu de lado. Lua tocou o abdômen de Arthur por baixo da camiseta, e o sentiu contrair. Quando a língua do garoto tocou os lábios de Lu... O casal foi interrompido pelos esguichos d’água que os amigos jogaram neles, gargalhando.
- Mel! Mel! Escuta a música que ta começando a tocar! – Lua gritou vários minutos depois, no meio da baderna que era a piscina. – Maker! Aumenta o volume! Quando o som chegou aos ouvidos de Mel, a garota tampou os ouvidos. - NÃÃÃÃO! NÃO AGUENTO MAIS ESSA MÚSICA! – ela gritou rindo.
- ), canta comigo – Lua chamou, gargalhando.
She's 18 and a beauty queen (A beauty queen) She makes the boys feel so weak (So weak) It's all for her and not at all She'll pick you up just to watch you fall It's her hands on my hips, I can't escape 'em It's that mouth and those lips, try not to taste them
That's just the way things are And the way they'll always be
Girls do what they want (Whoa... Whoa...) Boys do what they can [Girls Do What They Want]
Lua e ) riam e berravam a letra da música junto com John, vocalista da banda The Maine, enquanto Mel tentava não rir.
- Amor, que música mais feminista – Arthur disse quando Paparazzi da Lady Gaga começou a tocar.
- É uma letra realista: nós fazemos o que queremos, vocês fazem o que podem... Ou melhor, o que nós mandamos – Lua sorriu maliciosa e mordeu levemente o lábio de Arthur, fazendo-o sorrir.
****
Lu, querida. Minha reunião atrasou. Vou ter de passar a noite aqui em Bristol. Peça ao Arthur dormir em casa, para você não ficar sozinha. Juízo. Se cuide e me ligue se precisar.
Com amor, sua futura sogra.
- Olha essa mensagem e me diz se sua mãe não é doida? – Lua mostrou o celular a Arthur quando estavam chegando em casa.
- Doida? Ela é boazinha, isso sim – o garoto sorriu cheio de segundas intenções.
- Pervertido é apelido, né Aguiar? – Lu deu um tapinha no braço dele ao entrarem na sala de estar. – Escolhe alguma coisa pra gente ver enquanto eu busco um edredom. Quando a garota estava voltando, ficou estática no último degrau da escada. – Arthur...
- Lu, amor... Vem cá, senta aqui comigo – ele levantou, tomando a garota em seus braços e sentando no sofá. – Ta tudo bem, é só um programa de tv.
- Eu sei que é só um programa – Lu suspirou. – Mas eu não consigo ver One Tree Hill. Não sem a Sophie... Não dá.
- Dá, sim. Eu achei essa loirinha bonita e você precisa me contar o que aconteceu antes desse episódio, quero entender – Arthur brincou, tentando relaxar a namorada.
- Você tinha que achar justo a Peyton bonita? – a garota rolou os olhos, se rendendo.
- Calma, calma – o décimo sétimo episódio da segunda temporada tinha acabado há alguns minutos e Arthur ainda fazia Lua lhe explicar as histórias da série. – A Brooke ia embora, daí o Lucas pintou a porta do quarto dele de vermelho, pra ela morar lá e se sentir em casa. Certo?
- Certo! – Lua sorriu fraco; o garoto conseguiu fazer com que ela assiste à série que significava tanto em sua vida, e sem chorar. Foi bom. – Daí, depois de uma mega briga, ele a pinta de preto, pra mostrar o quão magoado ele estava com a Brooke, entendeu?
- Entendi. Agora faz sentido toda essa adoração que você tem pela tal porta vermelha... – deu um selinho demorado na garota que estava sentada ao seu lado. – Obrigado por confiar em mim.
- Obrigada por me ajudar a vencer meus medos – Lua sussurrou, passando as pernas ao redor da cintura de Arthur. – Eu amo você, Arthur Aguiar, seu idiota.
- Você nunca vai esquecer essa frase, né? – ele perguntou rindo ao abraçar a namorada.
- Não. Não mesmo – ela também riu – Foi a frase mais legal que eu já disse.
- Só não reclamo por ser chamado de idiota, porque tem o ‘eu te amo’ – Arthur disse baixinho, deitando a garota no sofá e ficando entre suas pernas. – Só pra constar, eu também amo você, Lua Blanco, minha garota do Brasil.
- Então prova... Prova o quanto você me ama – ela sussurrou quando o sentiu levantar sua blusa...
****
Manhã seguinte.
- Lu, seu celular ta tocando!
- Atende pra mim? To secando meu cabelo!
- Er, não dá.
- Por que não dá pra você atender um mísero telefonema, Arthur?
- Porque é o Hoult ligando – pelo jeito que o garoto disse, Lua sabia que ele estava revirando os olhos naquele exato momento.
- Ah, deixa tocar então, eu ligo pra ele depois – ela continuou em seu quarto secando os cabelos como se nada tivesse acontecido; Arthur na sala voltou os olhos para a TV depois de abaixar o toque do celular da namorada.
Lua e Arthur tinham feito um trato: nunca mais deixar Nicholas Hoult atrapalhar seu relacionamento. Assim que voltaram do Hawaii, Lua procurou Nick e explicou a nova situação: ela era namorada de Arthur, e ele tinha de respeitar isso. E convenhamos, Nick nunca foi má pessoa, disse que entendia, e que na verdade não estava mais apaixonado por ela, só queria seu perdão e sua amizade.
Dizer que Arthur aceitou essa amizade numa boa seria uma tremenda mentira. Depois de inúmeras brigas, Lua desligar o telefone na cara dele inúmeras vezes, Arthur sendo visto sentado inúmeras vezes no chão do lado de fora do quarto dela pedindo desculpas pelo ciúme bobo e por fazê-la chorar... Bem, tudo se acalmou. Arthur se acalmou, pra dizer a verdade. Quando viu a nova namorada de Nick, a linda e loira Ashleigh, Arthur até passou a ser menos rude com Nick.
- Ligou pra ele?
- Liguei.
- Hum... O que ele queria? Isso é, se eu posso saber.
- Claro que pode, meu bem. O Nick nos convidou pra uma festa na casa dele sábado à noite – Lua sentou ao lado de Arthur no banco acolchoado no jardim do fundo da casa dos Aguiar, colocando as pernas no colo do namorado, que tinha uma carinha emburrada. Linda. – Que foi meu lindo?
- Nada – ele suspirou passando os braços ao redor da garota, depositando um beijo em sua testa. – Você deu comida pra Michelangela hoje?
- Er... Esqueci. E já falei que o nome dela é Alejandra Joaquina – Lua usou um espanhol bem fajuto ao pronunciar o nome e sorriu ao ouvir riso baixo do garoto.
- Coitada da tartaruga, vítima dessa sua coisa por nomes de novelas mexicanas – ele riu fraco olhando pras árvores do quintal, mas sabia que Lua o olhava. – Pára de me olhar assim, mocinha.
- Assim como? – ela perguntou divertida, sem nem ao menos piscar.
- Assim. Do jeito que você sabe que me deixa com frio na barriga – Arthur disse de um jeito engraçado a olhando pelo canto dos olhos, como uma confissão, fazendo Lua rir e abraçá-lo. – A única garota no mundo que me deixa com frio na barriga, e ainda ri de mim por isso. Que decadência.
- Eu to rindo porque meu namorado é coisa mais mordível da face da Terra... – Lua começou a falar, mas foi interrompida por uma gargalhada de Arthur. – Que foi, seu estranho? Eu aqui me declarando e você me interrompe.
- Muito tempo atrás você disse que eu nunca seria bom o suficiente pra ser seu namorado, e eu disse que quando você percebesse o quão errada estava...
- ...Você ia rir da minha cara – Lu completou a frase, fechando os olhos e sentindo as bochechas esquentarem. – Você tinha que ter esquecido disso, maldoso.
- Ah meu amor, não precisa ficar com vergonha – Arthur disse risonho, passando a ponta do nariz pelo rosto da menina, que mantinha os olhos fechados, as bochechas coradas. – Pode admitir que eu sou um namorado atencioso, carinhoso, só um pouquinho ciumento...
- E super modesto – Lua murmurou contrariada, fazendo Arthur rir e abraçá-la bem forte.
- Ah garota, você é fresca e orgulhosa e ao mesmo tempo é tão cativante... – ele apertava contra si, o queixo apoiado no ombro de Lu, que agora já ria das coisas que o namorado falava.
- Você me elogia, depois fala meus defeitos, depois elogia de novo... – ela respirava fundo, o perfume que só ele tinha... Um cheiro único. Inebriante. O entardecer; as árvores dançando de acordo com o vento frio que soprava... Tudo era tão perfeito que causava medo em Lua; que logo se forçou a parar de pensar nisso. – Me diz, querido... Quando você lembrou que tinha de rir da minha cara?
- Quando eu estava sozinho num quarto de hotel em Portsmouth, quase um mês atrás, e você estava passando o fim de semana com as meninas em Milão, na casa da mãe da Cath –Arthur também sentiu o vento mais frio, e abriu seu casaco de moletom, fazendo Lua se aconchegar em seu peito, dentro do casaco [n/a: sei lá se consegui explicar isso direito; os dois dentro do mesmo casaco; faz mais sentido?], visto que a garota estava praticamente em seu colo. – Eu tava sem sono, e do nada, a sua porta vermelha me veio à mente... Lembrei da minha profecia e então da promessa de rir da sua cara.
- Profecia? – a garota levantou o rosto, no exato momento que Arthur abaixou o dele, fazendo os olhares se encontrarem; qualquer pensamento que estivesse na cabeça de Lua, desapareceu no exato momento em que ela olhou dentro dos olhos mais brilhantes e sinceros que ela já vira na vida.
Arthur deu um sorrisinho de lado, passando seu nariz de leve no da garota, dando-lhe um selinho em seguida; tinha os braços em torno do corpo dela, mantendo-a dentro de seu casaco e bem junto ao seu peito, sentindo as mãos frias dela ao redor de sua cintura. Deu leves beijos na bochecha, então no queixo, chegando ao pescoço de Lua, beijou inúmeras vezes até transformar em mordidas, ouvindo a garota suspirar baixinho e puxá-lo para mais perto. Voltou a olhá-la nos olhos, abriu um sorriso largo e convencido, e por fim mordeu de leve o lábio inferior de Lu, iniciando um beijo muito mais calmo do que a garota esperava. Arthur manteve o mesmo ritmo lento, carinhoso, doce do beijo até findá-lo com alguns selinhos. Inclinou-se levemente e sussurrou:
- A profecia de que o cara da porta verde iria te achar, garota da porta vermelha. E ele achou.
- A porta do seu quarto é azul, Arthur – Lua disse com a voz fraquinha. – Mas isso foi uma coisa idiota que eu disse só pra te tirar de perto de mim, você sempre me deixou meio trêmula...
- Lu. Me escuta por um minuto – ele a interrompeu sorrindo. – Acredite, o cara da porta verde te achou.
****
Alguém disse uma vez: São as boas garotas que escrevem em diários. As más garotas nunca têm tempo. Eu? Eu apenas quero viver uma vida que irei lembrar. Mesmo que eu não escreva tudo.
- Lu, isso é uma música? – Arthur olhava para o quadrinho da cozinha com a testa levemente enrugada, enquanto Lua prendia um bilhete para Cath e Julia na geladeira.
- Não, é uma citação que eu lembrei enquanto tentava escrever alguma coisa útil no ‘Diário de viagem de Lua Blanco’ – a garota disse numa voz solene, revirando os olhos. – É esquisito, eu sinto que eu moro aqui e não que seja uma viagem – encostou-se a pia suspirando. Arthur levantou da cadeira onde estava sentado, parou em frente a Lua, segurando as laterais de seu quadril com as duas mãos e olhou fundo nos olhos da garota, vendo a preocupação que os rondava.
- Vida, você mora aqui. Você só vai embora se quiser – ele levantou as sobrancelhas, tentando ver se suas palavras causaram alguma mudança na namorada. – Escutou? Ah Lu, não fica assim, você tava animada há cinco minutos!
- Eu escutei, Arthur, mas... Falta menos de quatro meses pra formatura – a garota evitava os olhos do namorado, olhando pras mãos enquanto brincava com o primeiro botão da camisa dele. – Eu não quero ir embora.
- Lu, amor... – Arthur começou, e ouviu um sussurro vindo da garota.
- Eu não quero te perder.
- Hey! Lua Blanco, olha pra mim. Agora – ele disse firme, colocando um das mãos no rosto da garota, fazendo-a olhá-lo nos olhos. – Me perder? Ta maluca? Nem que você quisesse, eu não iria a lugar algum. Você é minha, pra sempre. Minha vida, lembra?
- Lembro... – ela suspirou dando um curto sorriso. – Lembro também de ter pedido pra parar com essa mania de me chamar de vida.
- Mas você é minha vida, nada mais certo que eu te chamar assim – Arthur abriu um largo sorriso antes de beijar a testa de Lu. – Eu te dei opções, você sabe.
- Ah claro. Escolher entre vida, oxigênio ou sangue – ela fechou os olhos sacudindo a cabeça ao rir lembrando das coisas fofas e sem noção que Arthur falara na noite, ambos rindo com a possibilidade de alguém descobrir que fizeram amor na sala de estar. – É meio óbvio que eu escolheria vida.
- Então não reclama, amor da minha vida – o garoto cerrou os olhos, perecendo pensar em algo importante. – Acho que o certo seria vida do meu amor. Ih, fiquei confuso.
- Ai Aguiar, o que eu fiz pra merecer você? – Lua encostou a testa no peito do namorado rindo.
- Algo muito bom, eu sou um presente de Deus – ele riu, abraçando-a forte e dando um breve beijo no topo da cabeça da menina.
- Se eu concordar, você vai ficar muito metido, então eu permaneço calada.
- Seu coração concorda, eu posso ouvir... E sentir – Lu levantou a cabeça sorrindo de lado. – Fica quieta, já sei que você vai falar alguma gracinha. Vamos logo que eu to com fome.
- Ok, meu presente divino.
- Vem amor da minha vida. Ou vida do meu amor, como preferir – Arthur a puxou pela mão, ambos rindo ao saírem de casa.
****
Não se pode controlar o amor. Pessoas que foram feitas umas para as outras, sempre acham seu caminho no final.
- Brooke Davis.
[Continua..]
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