Acordei no sábado com o barulho do meu celular vibrando em cima do
criado mudo, estiquei meu braço preguiçosamente e olhei no visor que
aparecia o nome de Sophia. Resmunguei baixo lembrando que ela iria pegar
o Diego para levar ao parque junto com dois priminhos dela que viriam
do interior.
‘Oi.’ Atendi o celular ainda de olhos fechados.
‘Te acordei né, amiga? Desculpa.’ Ele fez uma voz culpada e eu ri baixinho.
‘Tudo bem. Já tá vindo?’ Perguntei com a voz arrastada.
‘Já, em meia hora devo passar aí.’
‘Ok. Vou acordar o Diego e arruma-lo.’
‘Tá bom. Beijos!’ Ela desligou o telefone animada e eu botei o celular novamente no criado mudo.
Me espreguicei com cuidado para não acordar Arthur que dormia feito uma
pedra ao meu lado, e me abraçava pela cintura. Dei um beijo na ponta do
nariz dele sabendo que não o acordaria com aquilo e me levantei devagar.
Fui até o quarto de Diego e só então percebi que chovia, aliás, o céu
tava quase desabando.
‘Hey, príncipe.’ O chamei baixinho e ele abriu os olhos lentamente,
sorrindo pra mim. ‘A tia Soph já já passa aqui pra te pegar.’ Falei
carregando-o.
‘Tio Micael!’ Ele sorriu animado.
‘O tio Micael também vem!’ Falei tentando ser tão animada quanto ele,
mas àquela hora era meio impossível. ‘Vamos tomar banho e se arrumar?’
Perguntei sorrindo e ele concordou.
Em um pouco menos de meia hora Diego já estava todo arrumado e eu estava deitada no sofá da sala com ele sentado ao meu lado.
‘Yay, deve ser a tia Soph!’ Falei me levantando quando a campanhia
tocou. ‘Bom dia!’ Sorri para Sophia e Micael que estavam parados na
minha porta com duas crianças no colo. Provavelmente eram os sobrinhos
de Soph, Brian e Kevin.
‘Bom dia, amiga linda!’ Ela falou sorridente. ‘Nem vou entrar porque sei
que você deve tá querendo voltar pra debaixo dos lençóis!’ Eu ri
concordando. Com aquele frio e aquele barulhinho de chuva, tudo que eu
queria era voltar pra cama.
‘Se comporta tá, meu amor?’ Me agachei na frente de Diego e ele sorriu.
‘Então, divirtam-se com as crianças. Aproveitem pra ir treinando.’
Pisquei para os dois na minha frente e Micael riu alto.
‘Nem vem, Lu. Tá longe ainda!’ Ele balançou a cabeça e Sophia concordou.
‘Por enquanto a gente se contenta em cuidar do filho dos outros!’ Ela
riu. ‘Vamos?’ Falou olhando para as três crianças que sorriram
concordando. Mandei beijos no ar e fechei a porta me espreguiçando.
Pensei em ficar ali pelo sofá, mas o frio não permitia e eu voltei pro
quarto.
‘Lu, vem deitar, tá cedo.’ Arthur falou com a voz arrastada e eu ri.
‘Já vou.’ Entrei no banheiro e prendi meu cabelo novamente já que estava
todo bagunçado, aproveitei e escovei os dentes. Tenho mania de sempre
que levantar escovar logo os dentes, aliás, acho essa mania ótima,
melhor do que ficar por aí com bafo matinal. Sorri com meus pensamentos e
sai do banheiro correndo me jogando na cama fazendo Arthur rir.
‘Bom diia!’ Sorri sincera dando um selinho nele. Arthur me puxou pela
cintura me fazendo deitar ao seu lado de frente pra ele. ‘Tá frio.’
Falei me encolhendo e ele puxou o cobertor grosso para me cobrir mais.
Fiquei acariciando sua nuca, com o rosto em seu pescoço enquanto sua
respiração batia em ouvido me fazendo sorrir.
‘O Diego já foi?’ Ele perguntou depois de alguns minutos enquanto fazia
carinho em minhas costas e eu sussurrei um uhum abafado. ‘A gente podia
passar o dia todo na cama né?’ Ele falou rindo e me abraçando mais
apertado.
‘Larga de ser preguiçoso, Arthur.’ Eu dei um tapinha em seu peito.
‘E quem disse que a gente vai ficar dormindo? Tem coisas bem melhores
pra se fazer em uma cama.’ Ele mordeu de leve minha orelha e eu ri
baixo.
‘Larga de ser tarado, então.’ Falei levantando minha cabeça pra olha-lo.
‘A gente pode assistir filme!’ Sorri idiotamente e ele fez careta.
‘Ainda prefiro ficar na cama.’ Ele deu de ombros.
‘Ah Arthur, larga de ser chato, vaaai.’ Fiz manha e ele riu.
‘Em um minuto você já disse que eu sou preguiçoso, tarado e chato. Porque você ainda tá comigo mesmo?’ Ele fez bico e eu sorri.
‘Porque você é o pai do meu filho, oras.’ Falei indiferente e ele ficou me olhando.
‘Então tá, amanhã eu faço as malas e vou embora.’ Ele deu novamente de ombros e eu ri.
‘Até parece que você vive sem o Diego.’
‘Não, por isso mesmo que eu vou levar ele comigo.’
‘Até parece que você vive sem mim também.’ Fiz uma cara convencida e ele arqueou a sobrancelha.
‘Arranjo uma pra substituir você rapidinho.’ Ele falou sério e eu dei um
tapa, um tanto quanto forte em seu braço. ‘Outch!’ Ele fez cara de dor,
mas riu.
‘Idiota!’ Falei rindo e me afastando dele, mas com um só braço ele me puxou pra perto de novo.
‘Então diz que eu não sou preguiçoso, nem tarado e nem chato.’ Eu rolei
os olhos ele riu me segurando pela cintura com os dois braços.
‘Você não é preguiçoso, nem tarado e nem chato.’ Falei com uma voz de tédio. ‘Satisfeito?’
‘Se eu não sou nada disso, eu sou o quê então?’ Ele sorriu.
‘Hm, o pai do meu filho!’ Falei como se tivesse feito uma super descoberta.
‘Só isso?’ Ele falou de um jeito sexy aproximando o rosto do meu. Eu
mordi o lábio inferior e concordei balançando a cabeça e soltando um
uhum. ‘Tem certeza?’ Ele se aproximou mais e eu de novo fiz um uhum.
‘Você só sabe falar isso?’ Novamente fiz o uhum e ele rolou os olhos com
o rosto próximo ao meu. ‘Então ocupa a boca com outra coisa, porque
esse uhum irrita, Lu!’ Eu ia rir desse comentário dele, mas antes que o
fizesse Arthur já tinha grudado a boca na minha.
Ele ficou por cima de mim se encaixando entre minhas pernas enquanto eu
bagunçava seu cabelo e brincava com o elástico da boxer de ursinhos
dele.
Minha blusa já estava quase toda levantada quando o barulho de um trovão
fez com que Arthur desse um pulo pro lado, mas como estávamos na
beirada da cama ele acabou caindo no chão. Eu não sabia se ficava com
pena da cara de dor dele ou se ria.
‘Ai, tadinho, tadinho.’ Falei rindo e me ajoelhando no chão ao lado
dele. ‘Bateu a cabeça?’ Perguntei um pouco preocupada tentando parar de
rir.
‘Bati, tá sangrando?’ Ele fez uma cara desesperada e eu desisti de controlar o riso.
‘Claro que não, babaca!’ Dei língua e estendi a mão pra ele se levantar. ‘Vai, levanta logo daí!’
‘Sua preocupação comigo me comove, Lua.’ Ele fez uma cara brava e eu apertei suas bochechas.
‘Own, desculpa. Mas foi engraçado, vai.’ Ri passando meus braços por seu pescoço.
‘Claro, não foi você.’ Ele esfregou a nuca fazendo careta.
‘Tá, não riu mais.’ Dei um selinho nele e sorri. ‘Tô com fome.’
‘Eu também.’ Ele passou a mão na barriga.
‘Então vamos comer!’ Falei com uma cara obvia e ele riu. ‘Me carrega até
a cozinha?’ Pedi com uma cara de criança e antes que ele respondesse
pulei cruzando minhas pernas em sua cintura.
‘Pouco folgada você né?’ Ele arqueou a sobrancelha e eu beijei sua bochecha.
‘Vamos logo que eu tô com fome!’ Me agarrei mais em seu pescoço e ele resmungou baixo indo até a cozinha.
Continua...
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