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Heeey Girls/Boys... sou apenas uma Adolescente que está se descobrindo,ah viva cada minuto da tua adolescência com responsabilidade!Chorar, cair, levantar, sorrir, fazer loukuras, faz parte da vida :D

Perdido(a)?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Web Addicted


Lu?’ Ouvi Katia me chamar e abri os olhos lentamente. Meu corpo inteiro doía, era como se eu tivesse sido atropelada por um caminhão. Ela sorriu meigamente e se aproximou sentando ao meu lado.

‘Como ele tá?’ Falei tão baixo que mal escutei minha voz.

‘Tá bem, quer dizer...pelo menos ele acordou!’ Ela forçou um sorriso. ‘A gente precisa conversar.’ O sorriso desapareceu do rosto dela e eu senti um aperto no peito. Balancei calmamente a cabeça confirmando e a olhei tentando me manter calma.

‘Aconteceu alguma coisa?’ Minha voz saiu falha.

‘Aconteceu sim minha querida. Eu conversei com o médico e ele me falou algumas coisas sobre o estado de saúde do Arthur.’ Ela parou suspirando e cada vez mais eu sentia meu peito ser esmagado. ‘Ele me falou tudo detalhadamente claro, disse que agora o estado dele está estável. Mas que eles não conseguiram evitar uma seqüela.’ Ela pegou minha mão que tremia e suava frio.

‘Katia, pode falar. Eu agüento.’ Mentira, eu estava quase desmaiando. Forcei um sorriso.

‘Lu, ele...perdeu parte da memória.’ Senti o chão sob meus pés simplesmente sumir e uma dor insuportável em meu coração, por alguns segundos achei que tivesse perdido todos os sentidos, até sentir a mão de Katia apertando a minha. Olhei para seu rosto tenso ainda tentando assimilar as palavras dela.

‘P-perdeu?’ Gaguejei.

‘Perdeu Lu, não completamente. Ao que parece ele só lembra até mais ou menos uns 14 ou 15 anos. Eu e o médico conversamos com ele, para tentarmos descobrir. Ele lembra dos amigos, da banda, mas...’ Ela me olhou apreensiva.

‘Mas?’ A olhei já com os olhos cheios de lágrima.

‘Ele não lembra de você Lu, e nem do Diego.’ Soltei um gemido de dor e ela me abraçou forte. Era como se tivessem arrancado meu coração ou então partido ele em milhares de pedaços. O Diego, logo o Diego, ele é uma criança, ele não vai conseguir entender isso. ‘Calma Lu, por favor.’ Katia pediu nervosa sem saber direito como agir.

‘D-desculpa.’ Me afastei dela e cobri o rosto com as mãos.

‘Não, tudo bem minha querida. É só que ver você assim me parte o coração, e eu não posso fazer nada pra te acalmar, te tranqüilizar.’ Ela pegou minhas mãos e sorriu. ‘A partir de agora vai ser tudo diferente Lu, por mais que a gente diga ao Arthur tudo que aconteceu, o médico disse que ele dificilmente recuperará a memória, mas que não é impossível. Quem sabe com o tempo, a convivência.’ Ela falava calmamente enquanto eu ainda soluçava alto atraindo os olhares curiosos de algumas pessoas que passavam por ali.

‘Mas Katia, o Diego. Ele é uma criança, como ele vai lidar com tudo isso?’ Falei com a voz embargada.

‘Eu sei Lu, vai ser difícil. E eu sinceramente não tenho um bom conselho pra te dar, também estou perdida ainda com tudo isso que aconteceu. Achei que quando ele acordasse tudo voltaria ao normal.’ Ela começou a chorar e eu me senti um pouco egoísta por estar tão desesperada apenas por mim. A Katia sempre foi uma mãe coruja, Arthur é o garotinho dela, ela sempre teve tanto medo de acontecer qualquer coisa com ele.

‘Katia desculpa, eu estou sendo egoísta.’ A abracei e ficamos lá chorando juntas, sofrendo juntas. Porque tudo isso tinha acontecer?



Comecei a pensar nos últimos 3 anos da minha vida, tudo tinha ficado de cabeça pra baixo. Me mudei pra Londres na expectativa de uma vida melhor, queria estudar, me formar e me dedicar ao trabalho, o resto seria conseqüência. Até eu conhecer o cara perfeito e ver a noite que era pra ser a mais perfeita da minha vida se transformar em um pesadelo. Conheci Arthur em um bar junto com seus amigos de banda. Logo da primeira vez que o vi senti as famosas borboletas no estomago, meu coração bater acelerado e um sorriso idiota tomar conta do meu rosto. Conversamos a noite inteira e acabamos ficando, mas estávamos bêbados demais pra ficarmos apenas nos beijando, precisávamos de alguma coisa a mais. Ele me chamou pra ir ao apartamento dele e eu fui mesmo sem saber direito que estava fazendo, e como dá pra imaginar acabou rolando muito mais do que simples beijos.



Até hoje não me lembro muita coisa daquela noite, apenas alguns flashes. Acordei no dia seguinte completamente de ressaca e completamente sem roupa, assim como Arthur. Saí da casa dele antes que ele acordasse e deixei o numero do meu celular embaixo do telefone dele. Nem sei por que fiz aquilo, sabia que ele não ia ligar, mas quando estou de ressaca faço as coisas meio inconscientemente. Passei a semana toda pensando em Arthur, lembrando do sorriso dele, da risada, dos seus olhos, e quando já tinha certeza que ele nem lembrava mais de mim, meu celular tocou e pra minha surpresa reconheci sua voz do outro lado da linha.



Combinamos de nos encontrar e mais uma vez acabamos a noite no apartamento dele, e mais uma vez acordei completamente sem roupa deitada ao lado dele na cama, e mais uma vez saí pela manhã antes que ele acordasse. Arthur é aquele tipo de cara que você se apaixona de primeira, não por que ele é um conquistador, muito pelo contrario, talvez seja por causa de sua espontaneidade. Ele é divertido, engraçado, tem um ótimo papo, beija bem, é bom de cama. Não que eu seja experiente em se tratando de sexo, pra falar a verdade, a minha primeira vez foi com o Arthur e eu tinha acabado de fazer 16 anos. Pra alguns isso pode ser irresponsabilidade, mas a verdade é que eu nunca tinha me sentido tão segura ao lado de um cara, ele tinha me conquistado da forma mais simples e mais rápida possível. Claro que eu não o amava, mal o conhecia, mas o pouco que já sabia sobre ele foi o bastante para que eu tivesse certeza de que ele era o cara certo pra eu ter a minha primeira vez. Depois dessa segunda vez se passou uma, duas, três, quatro semanas e ele nunca mais deu sinal de vida. E eu também não fui atrás, sabia que eu era apenas uma boa companhia e um bom sexo pra ele, nada mais.



Porque a gente sempre acha que determinada situação nunca vai acontecer com a gente? Vemos tantos exemplos, às vezes de amigos próximos, mas nunca estamos convencidos de que aquilo pode acontecer com a gente, até que realmente acontece. Lembro daquele dia como se fosse hoje, cada detalhe, cada sentimento, tudo.



Acordei me sentindo enjoada, achei que tivesse sido apenas alguma coisa que tinha comido no dia anterior, tomei um remédio qualquer e fui pra o colégio normalmente. O enjôo não passou, e logo depois veio a tontura também. Comentei com a Sophia, minha melhor amiga e que sabia de minha vida toda e ela sugeriu de uma forma digamos...sutil, que aquilo poderia ser sintomas de uma gravidez. Sinceramente, na hora a única coisa que e consegui fazer foi rir, claro! Imagina se eu poderia estar grávida, eu tinha usado camisinha, não tinha? Me amaldiçoei pelo fato de não conseguir lembrar de quase nada das duas noites que passei com Arthur. Tentei convencer a mim mesma de que eu tinha sim usado camisinha, mas não consegui convencer Sophia, que logo depois da aula me arrastou pra uma farmácia e comprou o teste de gravidez.



Fui até em casa tentando convencê-la de que definitivamente não estava grávida, claro que eu não estava, eu não podia estar! Aqueles 5 minutos que esperamos pelo resultado foram os 5 minutos mais longos da minha vida. Sentia meu coração batendo cada vez mais acelerado a cada segundo, minha pernas estavam inquietas e minha unhas já não existiam mais. Tentei mais uma vez me convencer de que eu definitivamente tinha usado a droga da camisinha, eu não poderia ter sido tão irresponsável. Ouvi Soph gritar meu nome do banheiro e fechei os olhos respirando devagar e mentalizando que eu era responsável e eu tinha lembrado da camisinha. Caminhei lentamente até onde ela estava e a olhei esperançosa. Sophia apontou o pequeno frasco em cima da pia e eu olhei prendendo a respiração. Me aproximei mais da pia e olhei atentamente tentando me convencer de que eu só podia estar enxergando coisas, ali não era duas linhas vermelhas eram? Não podia ser! Senti Sophia pegar em minha mão e suspirar alto, balancei minha cabeça negativamente pensando que aquele resultado tinha que estar errado, testes de farmácia não são tão confiáveis.



No dia seguinte fui novamente à farmácia e comprei outro teste, dessa vez sem Sophia, precisava fazer aquilo sozinha. Novamente as malditas linhas vermelhas apareceram. Fiquei ali, sentada no chão do banheiro jurando pra mim mesma que nunca mais colocaria uma gota de álcool em minha boca. Perdi a noção do tempo sentada ali, chorei até meus olhos começarem a doer e eu não ter mais forças nem pra me levantar. Ouvi meu celular tocar alto em algum lugar do quarto, mas não fiz nenhum movimento, eu não conseguia, sentia que qualquer movimento que fizesse iria me partir ao meio. Fiquei mais algum tempo ali apenas pensando no que fazer, teria que falar com meus pais obviamente, e quanto ao Arthur, eu sinceramente não tinha muita certeza se ele ao menos lembraria de mim. Ouvi passos se aproximando e quando dei por mim já estava chorando no ombro de Sophia, sempre me esquecia que ela tinha a copia da chave do meu apartamento.



Um mês se passou mais rápido do que eu esperava, já tinha ido ao médico, feito exames e já sentia um pedacinho de vida dentro de mim. A parte mais difícil foi contar para meus pais, não sabia se dizia que era de um cara que mal lembrava que eu existia ou se inventava um namorando ou um ficante. Acabei falando simplesmente a verdade, não conseguiria esconder deles durante muito tempo. Meu pai ficou meses sem falar comigo, minha mãe foi para Londres ficar um tempo comigo e como ela mesma dizia, tentar botar um pouco de juízo na minha cabeça. Mas de que adiantava? A besteira já estava feita mesmo. Assim que ela chegou em Londres me obrigou a ir falar com Arthur, afinal eu não poderia dar conta de um filho sozinha né? Eu tinha 16 anos recém completados, era apenas uma estudante sustentada pelos pais em um país completamente desconhecido.



Acho que nunca tive tanto medo de uma situação, tive menos medo de contar pra meus pais do que pra Arthur. Não sabia como dizer aquilo, ninguém chega pra um cara que transou duas vezes e depois sumiu e fala "parabéns, você vai ser papai!". Eu não sabia se tinha medo dele não lembrar de mim, se tinha medo dele dizer que não ia sustentar filho nenhum ou de sei lá, ele me chamar de louca e me expulsar de lá, vai saber qual a reação dele. Para minha surpresa ele me recebeu com um sorriso e ao que parecia se lembrava perfeitamente de mim, inclusive do meu nome. Sentia cada parte do meu corpo tremer com cada palavra que trocávamos, ele provavelmente percebeu meu nervoso já que perguntou várias vezes se estava tudo bem, se eu precisava de água ou qualquer coisa do tipo. Não sabia se tentava primeiro entrar em uma conversa agradável e depois contava, ou se contava logo de uma vez, desejei que minha mãe ou Sophia estivessem ali comigo, seria realmente mais fácil.



Arthur começou a conversar e eu apenas dava respostas monossílabas, tinha vontade de mandar ele calar a boca e falar que estava grávida de uma vez, e foi o que eu fiz. Quer dizer... não o mandei calar a boca claro, mas o olhei com medo e disse que tinha uma coisa realmente séria pra falar com ele, e que era exatamente por isso que eu tinha ido procura-lo. Ele se ajeitou no sofá e me olhou sem entender, respirei fundo e soltei a bomba de olhos fechados, o medo e o pânico tinham tomado conta de mim por completo, eu mal ouvia o que estava falando. Quando acabei de falar tudo suspirei e abri os olhos encontrando Arthur estático me olhando, ele não se mexia, nem piscava, fiquei com vontade de perguntar se ele ainda estava respirando, mas não foi necessário já que a boca dele foi abrindo lentamente e ele balançou a cabeça negativamente. Era como se ele quisesse falar alguma coisa, mas não conseguisse. Mordi o lábio já me convencendo de que essa reação era a mais óbvia, claro que ele não ia sorrir e dizer que nós seriamos felizes para sempre. Ele ainda nem tinha feito 17 anos, era um adolescente inconseqüente que gostava de sair pra se divertir com os amigos, ele não ia abandonar essa vida por causa de um simples...filho.



Me levantei rápido falando qualquer coisa que nem eu mesma entendi e saí de lá correndo, ele não foi atrás de mim, nem gritou meu nome, acho que ele nem se mexeu do sofá pra falar a verdade. Cheguei em casa já chorando e encontrei minha mãe me esperando como se soubesse exatamente tudo que tinha acontecido, ela nem falou nada, apenas deixou que eu chorasse em seu colo.



Mas a vida nem sempre é exatamente do jeito que a gente espera, talvez a maior surpresa que eu tenha tido durante todo o processo foi o dia em que eu encontrei Arthur parado na porta da minha casa, achei que fosse algum tipo de alucinação, ou eu podia estar sonhando acordada. Duas semanas já tinham se passado desde nossa ultima conversa, ele não tinha me ligado e nem nada, tinha sumido exatamente como da segunda vez que transamos. Ele me olhou com aquele olhar de "precisamos conversar" e eu o convidei pra entrar, aquele não era bem o tipo de conversa pra se ter no meio da rua. Minha mãe por sorte não estava em casa, Arthur iria se arrepender amargamente de ter ido até lá se tivesse encontrado com ela.



Talvez eu tenha julgado aquele garoto inconseqüente de quase 17 anos cedo demais, nem sempre as pessoas são o que aparentam ser, ou talvez apenas existam algumas exceções, e Arthur sem duvidas é uma delas. Ao contrario de tudo que eu poderia ter imaginado sobre as reações dele, ao contrario de tudo que a maioria das pessoas poderiam pensar, ele fez exatamente o que ninguém poderia esperar de um adolescente, talvez nem tão inconseqüente assim. Quando ele me falou que iria assumir aquele filho, que iria bancar aquele filho e iria arcar com todas as conseqüências do nosso erro, eu quase desmaiei. Minha única reação foi sentar rápido no sofá e o olhar como se ele fosse algum tipo de alienígena. Eu não conseguia entender porque ele estava fazendo aquilo, e ele parecia tão decidido, não parecia de forma alguma estar ali por obrigação ou qualquer coisa do tipo. A partir daquele dia eu soube que não importava o que acontecesse, Arthur estaria sempre presente em minha vida.



Seis meses depois eu já tinha sido assunto no colégio, assunto no shopping, na padaria, na rua ou em qualquer lugar que passasse, afinal uma garota de 16 anos desfilando grávida por aí não é exatamente comum. Minha mãe ainda estava comigo, mas eu sabia que alguma hora ela teria que voltar para a vida dela, pro trabalho dela, pro marido dela. Marido esse que por sinal ainda não falava comigo. Arthur estava presente o tempo todo, principalmente depois que soube que seria um menino, quem visse o sorriso que ele abriu quando o médico falou pensaria até que nós éramos o casal mais perfeito do mundo, tendo o filho tão esperado.



Não foi exatamente uma surpresa o dia em que eu cheguei em casa e vi as malas de minha mãe já prontas no meio da sala. Ela me olhou como se pedisse desculpa e eu apenas a abracei com a certeza de que mesmo distante ela sempre seria a pessoa que eu mais poderia confiar. E Mais uma vez Arthur conseguiu me surpreender, dessa vez com nada menos que uma proposta para que eu fosse morar com ele. Eu poderia esperar qualquer coisa dele, menos um convite desses afinal nem éramos namorados, o único laço que nos ligava era um projeto de ser humano que pesava cada vez mais dentro da minha barriga. Ele disse que seria melhor, que ele poderia estar mais presente e que eu não poderia morar sozinha estando grávida, de certa forma ele estava certo. Não tive como recusar sua proposta, aliás, ele nunca deixaria que eu recusasse. Menos de uma semana e eu já estava perfeitamente acomodada na casa dele. Tinha um quarto de hospede que ele ajeitou pra mim, já tinha um pequeno enxoval que nós tínhamos comprado algumas semanas antes e a maior surpresa de todas, ele tinha comprado um berço! Seria completamente mentira se eu negasse que a essa altura já estava completamente apaixonada por Arthur, nunca um cara me surpreendeu tanto quanto ele. Durante todo aquele tempo se nos beijamos 5 vezes foi muito, e todas foram apenas conseqüências de algum momento, a gente se empolgava meio sem querer.



No dia do parto eu tinha a impressão de que Arthur estava mais nervoso do que eu, acho que ele seria aqueles pais que desmaiam no meio do parto! Os amigos de banda dele estavam lá tentando acalma-lo de alguma forma, conseguiram convencê-lo de que não seria bom que ele assistisse o parto, o que me deixou bastante aliviada. Nunca uma dor foi tão recompensadora como a dor do meu parto, quando a enfermeira colocou aquela coisinha pequena e chorona no meu colo senti como se tudo a minha volta tivesse sumido, meu peito se encheu de uma alegria tão imensurável, era como se eu estivesse flutuando. Olhei pela janelinha que agora estava com a cortina aberta e pude ver o sorriso imenso de Arthur enquanto as lagrimas escorriam por seu rosto e os amigos lhe davam tapinhas no braço parabenizando-o. Algum tempo depois já estava no quarto e Arthur estava do meu lado olhando para o bebê em meu colo. Ele sorriu bobo passando o dedo pela cabeça do pequeno e com a outra acariciava minha mão.



Fiquei no hospital 3 dias e depois recebi alta para ir pra casa com o bebê. Eu e Arthur ainda nem tínhamos escolhido o nome dele, achamos melhor esperar um pouco. Pouco tempo depois que chegamos em casa tive um sonho com um bebê que se chamava Diego, achei que era exatamente o que precisava para me decidir pelo nome do meu filho, Arthur adorou o nome e foi assim que batizamos dele.



Vivemos durante dois anos juntos, não como um casal, mas como um pai e uma mãe. Lógico que de vez em quando rolava alguma coisa mais entre a gente, mas respeitávamos os limites um dos outro, era nossa opção não assumir compromisso nenhum. Eu me apaixonava cada vez mais por Arthur, com cada pequeno gesto ou pelas palavras mais simples dele, nunca dissemos as famosas 3 palavrinhas um pro outro, mas eu sabia que o carinho que ele sentia por mim era imenso. Perdi a conta de quantas vezes ele disse que eu e Diego éramos duas das coisas mais importantes na vida dele. Apesar de tudo durante aqueles anos fomos apenas pais.



‘Lu?’ A voz de Katia surgiu em minha mente me despertando. Pisquei os olhos algumas vezes ainda tentando me localizar, parece que em alguns minutos eu tinha revivido os últimos 3 anos de minha vida. A olhei ainda confusa e ela sorriu meiga. ‘Acho que você quer ver ele né?’ A olhei sem entender, ainda não tinha me situado exatamente. De repente a imagem do acidente veio em minha cabeça. Não que eu lembrasse de muita coisa, já que eu desmaiei. Mas lembro de Arthur falando alguma coisa nervoso, de uma freada brusca, o carro rodando algumas vezes e depois de mais nada, só de ter acordado na cama de um hospital.

‘Ah sim, claro.’ Sussurrei tentando afastar as imagens do acidente de minha cabeça. Ela se levantou me puxando pela mão e caminhamos lentamente por aquele corredor que eu já conhecia tão bem. Foram dois meses andando nervosamente por ele, dois meses de agonia, dois meses sem Arthur. Talvez os dois meses mais difíceis da minha vida, como eu poderia explicar pra uma criança de 2 anos que o pai dele está em coma? Eu não tinha como falar isso pra meu filho, mas a desculpa de que Arthur estava viajando já não o convencia mais.

Quando Katia me ligou no meio da madrugada passada avisando que ele tinha finalmente acordado nem pensei duas vezes. Acordei a babá que tinha contratado pra me ajudar a cuidar do Diego durante esse tempo e vim correndo para o hospital. Mais de 24 horas já tinham se passado, e só agora eu finalmente o veria novamente, achei que fosse ser tudo tão fácil que ele iria simplesmente acordar e perguntar pelo Diego, até eu receber a noticia da perda de sua memória.

‘Pronta?’ Mais uma vez a voz de Katia me despertou do transe. A olhei apreensiva e ela sorriu tentando me passar confiança. Balancei a cabeça positivamente e quando ela abriu a porta

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