‘Papai!’ Ele sorriu batendo palmas e eu senti meu coração dar pulinhos tão animados quanto as palmas dele. Depois do beijo no parque parece que as coisas entre mim e Arthur ficaram mais claras. Não estamos namorando e nem nada, mas de vez em quando a gente fica, nunca passamos dos beijos claro, cedo demais pra isso.
Atravessei o jardim com Diego em meu colo já ouvindo a musica que vinha da parte de trás da casa.
‘Lu!’ Micael me recebeu com um sorriso enorme. Ele é sem duvida um dos melhores amigos que alguém pode ter. Foi ele quem mais deu força pra mim e pro Arthur quando resolvemos morar juntos, não que os outros não tivessem dado, Pedro e Chay também são grandes amigos, mas Micael sempre foi o mais próximo de mim. Eu o trato quase como um irmão. ‘Diego, fala grandão!’ Ele fez cócegas na barriga de Diego que riu alto. ‘Cada dia mais lindo ele, Lu.’ Micael sorriu pra mim.
‘Claro meu bem, já viu a mãe que ele tem?!!’ Falei convencida e ele riu.
‘Muito espertinha você!’ Ele deu língua.
‘Papaaaai!’ Diego sorriu apontando pra Arthur que se aproximava apenas com uma bermuda e metade da boxer aparecendo, além dos cabelos molhados, um óculos escuro e um sorriso imenso no rosto.
‘Faaala filhote!’ Ele pegou Diego no colo e o levantou sacudindo-o arrancando uma risada do filho. ‘Bom dia linda.’ Ele sorriu me dando um beijo no canto da boca.
‘Hmmm, sobrei!’ Micael fez uma cara safada e saiu de perto rindo.
‘Micael é idiota!’ Sorri sem graça. ‘Cadê a Katia?’ Olhei em volta, mas só vi Pedro, Chay e sua namorada. Acenei sorrindo pra eles que retribuíram.
‘Tá lá dentro! Kate e Vicky também estão aí!’ Ele falou se referindo as primas gêmeas dele.
‘Ok, vou lá ver se elas precisam de ajuda!’ Ele concordou com a cabeça e eu sorri me afastando.
‘Bom dia!’ Entrei na cozinha sorrindo e as 3 retribuíram.
‘Bom dia, Lu!’ Kate e Vicky falaram juntas e eu ri. Além de serem gêmeas idênticas tinham mania de falar as coisas juntas.
‘Querem ajuda?!’ Me sentei na bancada observando Katia abrir a geladeira.
‘Não minha querida, já tá tudo pronto. Aliás o que vocês três estão fazendo aqui dentro? Lugar de jovem é lá fora, vamos, vão logo!’ Katia falou fazendo gestos pra que a gente saísse da cozinha e nós rimos.
‘Também acho, senão quem vai ficar com aqueles gatinhos lá fora sou eu!’ Rebecca e Lauren, irmãs de Katia entraram na cozinha rindo. ‘Tudo bem Lu?’ Rebecca sorriu pra mim.
‘Tudo sim Becky!’ Retribuí o sorriso e logo depois as gêmeas me puxaram pra fora de casa.
‘Tia Katia está um estresse hoje, quer que saia tudo perfeito nesse almoço!’ Kate deu de ombros e eu concordei silenciosamente.
‘Como o Pedro consegue ficar cada dia mais gato?’ Vicky sorriu boba e a irmã bufou. Se tem uma coisa que elas são definitivamente diferentes é no gosto para homens. Kate tem um tal namorado rapper que nunca foi apresentado a família, enquanto Vicky sempre teve uma queda pelo Pedro. Eles já ficaram algumas vezes, mas Pedro nunca foi muito de namorar então ela continua escondendo sua paixão secreta por ele.
‘Lu, você trouxe outra roupa pro Diego?!’ Arthur me perguntou dentro da piscina enquanto Diego estava sentado na beirada. Eu balancei a cabeça concordando e sentei em uma espreguiçadeira ao lado de Micael.
‘Vem aqui pra mamãe tirar sua roupa meu amor!’ Chamei Diego e ele veio correndo até mim. Tirei a roupa dele deixando-o de sunga e ele voltou pra onde Arthur estava.
‘Ele já sabe nadar?’ Micael arregalou os olhos vendo Arthur botar Diego dentro da água.
‘Claro que não Micael!’ Ri alto dando um tapa em sua perna e ele suspirou aliviado.
Voltei meu olhar pra piscina onde Arthur tentava fazer Diego mergulhar. Ia abaixando um pouco até que ele gritava e Arthur o puxava mais pra fora da água.
‘Mããe!’ Diego me chamou batendo na água e eu sorri. Ele levantou o braço fazendo sinal com a mão para que eu fosse pra água e eu suspirei. A vergonha de ficar só de biquíni falava mais alto.
‘Vai logo Lu, que maldade com a criança!’ Chay riu e eu dei língua.
Me levantei mentalizando que ninguém olharia pra mim e puxei rápido o vestido pra cima. Olhei pra piscina novamente e vi Arthur me olhando atônito, tive vontade de sair correndo ou de me vestir novamente, mas caminhei rápido até a piscina e entrei na água me aproximando de Diego enquanto Arthur ainda me olhava.
‘Mãe!’ Diego se mexeu nos braços do pai e ele pareceu acordar de um transe. O olhei sem graça e ele sorriu idiotamente. Peguei Diego e brinquei com ele jogando água molhando seus cabelos enquanto ele ria.
‘Tem certeza que ele saiu de dentro de você?’ Arthur resolveu falar e eu o olhei sem entender. ‘Quer dizer...você tá beeem em forma pra uma mãe.’ Ele sorriu idiota de novo e eu senti meu rosto pegar fogo.
‘Cala boca, Aguiar.’ Balancei a cabeça sem graça e ele riu. A verdade é que eu tive que lutar pra ter meu corpo de volta depois da gravidez, claro que a minha idade ajudou bastante, mas foram dias intermináveis na academia pra eu conseguir voltar à velha forma. ‘Hey, vamos mergulhar, príncipe?’ Falei com voz de criança e Diego sorriu. ‘Um, dois, três...’ Puxei Diego pra baixo por alguns segundos e ele emergiu dando risada. Lembrei que minha mãe sempre me falou que era assim que ela fazia comigo.
‘Lu você tá doida?’ Arthur estava paralisado. ‘Ele podia ter engolido água, podia ter se engasgado...’
‘Arthur!’ O interrompi e ele me olhou sem entender. ‘Eu sei o que eu tô fazendo ok?!’ Sorri e ele balançou a cabeça ainda sem acreditar muito. ‘Vamos de novo?’ Sorri pra Diego e ele retribuiu.
Ficamos na piscina até Katia dizer que já ia servir o almoço, então fomos todos nos secar pra entrar em casa novamente. Entrei no banheiro com Diego e troquei a roupa dele, trocando a minha logo depois. Botei uma bata branca comprida e um short jeans por baixo. Voltei pra sala e botei a bolsa no sofá indo me sentar ao lado de Arthur na mesa.
‘Hey garotão, tá com fome?’ Arthur botou Diego no colo e ele sorriu concordando. Uma coisa que Diego sempre tem é fome, puxou ao pai!
O almoço foi tranqüilo, e quando todos já tinham terminado Katia serviu uma enorme torta de chocolate que foi a alegria de Diego. Ele melou até o nariz enquanto comia a torta com um sorriso enorme no rosto.
‘Acho que ele dormiu!’ Arthur falou observando Diego no meu colo, quando estávamos no sofá vendo tv. Olhei pra Diego que tinha os olhos fechados e respirava calmamente. ‘Vem, vamos levar ele lá pro meu quarto.’ Ele se levantou e me ajudou com Diego. Subimos e colocamos ele na cama de Arthur. ‘Será que ele acorda por agora?!’ Ele perguntou enquanto observávamos Diego dormir.
‘Acho que não, por quê?’ O olhei sem entender.
‘Então vamos dar uma volta, aqui pelo bairro mesmo.’ Ele sorriu. ‘É tranqüilo, e tem um bosque aqui atrás. Vamos?’ Ele me olhou como se implorasse eu sorri concordando. Saímos de casa logo depois de Arthur avisar pra Katia que iríamos sair e que Diego estava em seu quarto dormindo.
Caminhamos em silêncio pelas ruas quase desertas exceto por algumas crianças que brincavam por ali. Passamos por um casal de velhinhos nada discretos que apontaram pra gente sorrindo e falando coisas do tipo “que casal lindo”, Arthur acenou pra eles e eu sorri sem graça.
‘O bosque!’ Arthur sorriu observando uma área com alguns bancos e várias arvores. Ele pegou em minha mão e fomos caminhando lentamente por entre as arvores. ‘Cara isso aqui é lindo. Eu sempre vinha aqui quando era criança.’ Ele sorria observando ao redor.
‘Você já tinha me falado daqui.’ Sorri e ele me olhou.
‘Sério?’ Eu concordei com a cabeça. ‘E eu nunca te trouxe aqui?!’
‘Nop!’ Ele concordou silenciosamente e continuamos andando. ‘A gente tá caminhando sem rumo?’ Perguntei olhando ao nosso redor, devíamos estar bem no meio do bosque.
‘Só mais um pouco e acho que a gente chega na hora certa.’ Ele sorriu. Caminhamos mais alguns poucos minutos e eu olhei a vista boquiaberta. ‘Hm, perfeito.’ Arthur sorriu também observando o pôr do sol logo a nossa frente.
Aquela era uma das paisagens mais perfeitas que eu já tinha visto. O céu estava alaranjado e algumas montanhas já cobriam parcialmente o sol. Fiquei algum tempo parada observando aquilo tudo, até sentir Arthur me puxar e sentar em uma arvore que tinha ali perto. Ele me puxou para sentar entre as pernas dele e me abraçou pela cintura.
‘É difícil recomeçar né?!’ Ele perguntou de repente e eu me virei um pouco pra olhá-lo.
‘É.’ Sorri fraco. ‘Mas a gente consegue.’ Falei passando a mão pela bochecha dele que fechou os olhos suspirando.
‘Eu queria lembrar de tudo.’ Ele abriu os olhos me olhando daquela forma que me faz sentir vulnerável. ‘Não queria te olhar e saber que eu te conheço de algum um lugar, mas não saber de onde. Queria lembrar de cada coisa que a gente já passou junto, queria continuar construindo nossa vida, não ter que reconstruí-la.’ Eu sorri ouvindo aquilo tudo e aproximei meu rosto do dele.
‘A gente vai reconstruir, e vai ser bem melhor do que antes. E eu vou te ajudar a lembrar porque você me conhece melhor do que qualquer outra pessoa.’ Sorri e senti ele grudar os lábios nos meus. Passei meu braço por seu pescoço e ele me puxou mais pra perto aprofundando o beijo. Dois anos beijando aquela mesma boca, e a sensação ainda era como se fosse a primeira vez, as borboletas, o nervosismo, tudo exatamente igual. Senti Arthur deslizar a mão pra minha coxa descoberta e acaricia-la, escorreguei minha mão pra dentro de sua blusa e toquei seu abdômen que se contraiu imediatamente, sorri no meio do beijo e ele fez o mesmo. Passaram-se minutos e mais minutos e nossas bocas continuavam coladas, como se fossem ímãs.
‘Ok, eu preciso respirar!’ Arthur partiu o beijo rindo ofegante. Eu gargalhei e observei a boca dele completamente vermelha imaginando que a minha devia estar do mesmo jeito. Ele encostou a cabeça na arvore fechando os olhos e eu resolvi provocar, fui beijando o pescoço dele e dando pequenas mordidas. ‘Isso, provoca que você vai ver só.’ Ele riu apertando minha cintura e eu continuei trilhando o caminho do pescoço até a orelha dele.
‘Quero ver então.’ Sussurrei beijando a orelha dele que se arrepiou e soltou um risinho safado. Nem consegui falar mais nada já que no segundo seguinte ele já tinha novamente colado a boca na minha e apertado ainda mais minha cintura como se quisesse fundir meu corpo ao dele. Arthur passou uma mão por dentro da minha blusa e acariciou minhas costas, eu puxei levemente seu cabelo fazendo-o soltar um gemido abafado. Novamente os minutos foram se passando sem que nós nos separássemos, até o celular dele vibrar no bolso da bermuda e eu me separei para que ele atendesse.
‘Ok, já vamos.’ Ele falou rápido e desligou. ‘O Diego acordou!’ Ele sorriu e eu concordei.
‘Então é melhor a gente ir!’ Ia me levantar, mas ele me puxou de volta e eu o olhei sem entender.
‘Erm, hm...espera um pouco. Você sabe né?’ Ele encolheu as pernas e eu abri a boca ficando um pouco sem graça.
‘Ok.’ Segurei o riso e fiquei observando o pouco do sol que ainda não estava coberto pelas montanhas.
Alguns minutos depois ele falou que já podíamos ir e nós fizemos o caminho de volta pra casa de Katia.
‘Ei, que festa hein?’ Entrei em casa sorrindo ao ver Pedro e Micael brincando com Diego fazendo a maior bagunça.
‘Mãããe!’ Diego se levantou e correu até mim, eu o carreguei e beijei sua bochecha. ‘Bincá!’ Ele apontou pro chão onde Pedro e Micael continuavam se divertindo como duas crianças.
‘Também quero brincar!’ Arthur entrou em casa logo depois de mim e sentou no chão ao lado dos meninos me fazendo rir. Botei Diego de novo no chão e ele foi sentar no colo do pai para brincar.
Fui para o quarto das gêmeas e ficamos conversando até eu me dar conta da hora. Desci e encontrei os meninos vendo desenho animado rindo, fiquei observando Arthur deitado no sofá com Diego deitado em cima dele, quando estavam juntos percebia-se ainda mais a semelhança entre os dois. Arthur me olhou sorrindo e fez sinal com a mão para que eu me aproximasse.
‘Hey mocinho, não tá na hora de ir pra casa não?!’ Sentei no chão de frente pra Arthur e observei Diego quase dormindo.
‘Dorme aqui Lu.’ Arthur sorriu e eu me assustei com a proposta dele.
‘Ná, que isso Arthur. A casa tá cheia, suas primas tão aqui, suas tias também. É melhor ir pra casa.’ Sorri fraco e percebi Diego despertando. ‘Hey filhote, vamos pra casa?!’ Ele concordou com a cabeça e eu sorri agradecendo, se ele tivesse a mesma idéia que Arthur ia ser realmente difícil recusar. Me despedi de todo mundo na casa e peguei a bolsa enquanto Arthur me seguia com Diego no colo.
‘Bom, então...até mais.’ Falei depois de colocar Diego na cadeira do banco de trás.
‘Aparece quando quiser, pra...sei lá, tomar um banho de piscina e tal.’ Arthur sorriu e eu concordei balançando a cabeça. ‘Tchau.’ Ele me puxou pela cintura e me deu um beijo, ou melhor dizendo O beijo de despedida.
‘Erm...tchau!’ Falei sem graça quando nos separamos. Sorri e entrei no carro observando Arthur pelo retrovisor, aos poucos a imagem dele foi diminuindo até desaparecer por completo.
lindo demais
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