Entrei na
sala sentindo meu coração querer sair pela boca a cada passo que eu dava, tentei
controlar minha respiração que já estava completamente descompassada, mas não
consegui. Calma era a única coisa que eu não teria ali naquele momento. Olhei
pra Katia que já estava do lado da cama de Arthur e ela balançou a cabeça como
se mandasse eu me aproximar, suspirei pela ultima vez e caminhei devagar até o
pé da cama.
Meu olhar subiu devagar dos pés até o rosto dele, senti as borboletas em meu estomago exatamente como da primeira vez que o vi, era como se um alivio tivesse percorrendo todo meu corpo trazendo a alegria de volta pra meu coração.
Meu olhar subiu devagar dos pés até o rosto dele, senti as borboletas em meu estomago exatamente como da primeira vez que o vi, era como se um alivio tivesse percorrendo todo meu corpo trazendo a alegria de volta pra meu coração.
‘Arthur.’ Katia o chamou baixo tocando em seu braço e eu senti que podia desmaiar a qualquer momento. Arthur lentamente abriu os olhos e piscou algumas vezes antes de sorrir pra mãe. Eu também sorri, só que pra mim mesma. Ver aquele sorriso novamente era como se eu também tivesse voltado a viver. ‘Filho, essa é a Lu.’ Ela sorriu apontando pra mim e os olhos de Arthur se moveram lentamente em minha direção. Eu não sabia direito como reagir, uma parte de mim queria correr e abraça-lo, a outra queria sair correndo dali. Olhei para meus próprios pés com medo de encarar Arthur nos olhos e finalmente saber que tudo isso não foi só um pesadelo, aquilo tudo era minha realidade, minha vida.
Suspirei mordendo o lábio e levantei minha cabeça calmamente até meus olhos encontrarem os dele eu sentir uma pontada em meu coração. Ele não tinha mais aquele brilho no olhar de antigamente, agora seus olhos tinham uma mistura de angustia e dúvida que me deixavam ainda mais apavorada.
Tentei sorrir apesar do desespero, mas não deu muito
certo e eu preferi morder o lábio sem saber direito o que
fazer.
‘Lembra que eu te falei da Lu hoje mais cedo?’ Katia
perguntou no mesmo tom de voz baixo. Arthur sorriu balançando positivamente a
cabeça. ‘Lembra que eu te falei sobre uma criança...’ Katia sorriu meigamente e
ele novamente balançou a cabeça.
‘O Diego!’ Ouvir ele falar o nome do nosso filho foi
sem duvidas a maior alegria desses últimos dois meses. Não consegui controlar as
lágrimas que escorriam rápido por meu rosto enquanto eu sorria apertando minhas
próprias mãos. ‘Ele não veio?’ Arthur olhou sorrindo pra mim e eu passei a mão
rápido pelo rosto enxugando as lagrimas e funguei pra controlar o choro. Fiquei
alguns segundos apenas observando ele sorrir pra mim, era como se meu coração
tivesse voltado a pulsar normalmente.
‘Não, ele... ele tá na escola uma hora dessa.’ Sorri
nervosa dando ma olhada no relógio do meu pulso. Realmente essa hora Diego está
na escola. Falei com ele algumas horas atrás, antes dele sair de
casa.
‘Filho, acho que a Lu tem algumas coisas pra contar
pra você. Talvez uma certa história, sobre dois certos jovens inconseqüentes.’
Katia piscou pra mim eu fiquei sem reação. Achei que ela mesma já tivesse
contado tudo pro Arthur. ‘Lu, achei que essa seria a sua parte. Você sabe melhor
do que ninguém essa historia.’ Ela sorriu se aproximando de mim. ‘Não tenha medo
Lu, ele não lembra de nada, mas tenho certeza que vai adorar ouvir a historia
pra própria vida contada por alguém que fez parte da vida dele nesses 3 últimos
anos mais do que ninguém.’ Ela me deu um beijo na testa, beijou a bochecha de
Arthur e depois saiu do quarto.
Mordi meu lábio nervosa sentindo o olhar de Arthur
sobre mim como se me analisasse. O olhei sem saber direito o que fazer e ele
sorriu como se tentasse me passar confiança.
‘Então Arthur, como você tá se sentindo?’ Me aproximei
tentando controlar as lágrimas que já enchiam meus olhos. Toquei o braço dele
sentindo sua pele quente e sorri instantaneamente. Ele desviou o olhar do meu
rosto até seu braço, no lugar em que eu tocava. Retirei minha mão lentamente
dali ao perceber seu olhar de duvida, cruzei os braços e sorri pra ele que
retribuiu.
‘Agora to melhor, já dormi um pouco, tomei os
remédios, comi alguma coisa. Acho que já to pronto pra ter alta.’ Ele falou
animado e eu ri balançando a cabeça. Arthur sempre foi ansioso, sempre queria as
coisas pra agora, pra esse segundo.
‘Hey, devagar mocinho.’ Falei brincando num tom de
reprovação e ele abriu um sorriso imenso. ‘Que foi?’ Falei ao reparar o sorriso
dele.
‘Nada, mas você pareceu minha mãe falando.’ Dei risada
e lembrei que não era a primeira vez que ele me falava aquilo. Às vezes eu agia
como a mãe dele, e ele sempre reclamava quando isso acontecia. ‘Então, qual a
historia que você tem pra me contar?’ Ele me olhou sério e eu suspirei sem saber
direito o que responder.
‘Olha Arthur, eu sei que pra você é como se eu
fosse uma estranha, eu to aqui conversando normalmente, mas sei que na verdade
você deve tá se perguntando quem eu sou exatamente.’ Parei pensando um pouco por
onde começar.
‘Bom, eu sei que você é a mãe do meu filho, não é
como se você fosse uma estranha, quer dizer...de certa forma.’ Ele me olhou em
duvida e eu sorri.
‘Hm...eu vou tentar resumir os últimos 3 anos da
sua vida ok?!’ O olhei e ele balançou a cabeça. ‘Bom, pelo menos as partes que
eu apareço ou sei que aconteceram, claro que não posso saber de tudo.’ Botei as
mãos no bolso da calça nervosa e puxei uma cadeira para perto da cama de
Arthur.
Resumir os 3 últimos anos da vida de uma pessoa não é fácil, e mais do que resumir a vida dele, tive que resumir a minha e a de Diego também. Era como se eu estivesse revivendo tudo, cada momento, triste e feliz de nossas vidas.
Quase uma hora depois senti um peso sair das minhas
costas ao contar a parte do acidente que eu conseguia me lembrar e finalmente
parar de falar olhando pra Arthur que ouvia atentamente cada palavra minha. Ele
sorriu meigamente e parecia ainda tentar absorver tudo que eu tinha dito, ficou
algum tempo encarando o teto como se tentasse lembrar de alguma coisa e depois
me olhou.
‘Então...nós não éramos exatamente namorados?!!’ Ele
perguntou e eu balancei a cabeça confirmando. ‘Mas de vez em quando a gente se
pegava?’ Ele sorriu maroto e eu senti meu rosto
arder.
‘Foram 2 longos anos morando juntos Arthur, nós somos
humanos, certo?’ Sorri.
‘Certo, certo. E se você me dissesse que nunca rolou
nada eu ia começar a duvidar seriamente da minha masculinidade.’ Ele fez uma
cara pensativa e eu ri. ‘Mas falando sério Lu, eu posso ter perdido uma parte da
minha memória, mas eu ainda me conheço melhor do que ninguém e sei que se eu
vivi com você durante 2 anos, mesmo que a gente nunca tenha namorado nem nada,
sem duvida é porque você é realmente especial pra mim.’
Ele me encarou com aquele olhar que sempre me deixava sem reação, tão verdadeiro e tão puro. Ficamos nos encarando durante um tempo até meu celular tocar e o numero de casa aparecer no visor, pela hora provavelmente era Diego perguntando se eu não ia almoçar em casa.
Ele me encarou com aquele olhar que sempre me deixava sem reação, tão verdadeiro e tão puro. Ficamos nos encarando durante um tempo até meu celular tocar e o numero de casa aparecer no visor, pela hora provavelmente era Diego perguntando se eu não ia almoçar em casa.
‘Hey pequeno.’ Sorri olhando pra Arthur. Desejei que
ele lembrasse de tudo subitamente e falasse com Diego também. ‘Eu vou pra casa
daqui a pouco tá bom meu amor? Espera a mamãe pra almoçar com você.’ Falei
sorrindo e desliguei o celular vi que Arthur também
sorria.
‘Como ele é Lu?’ Ele sentou na cama me olhando
animado e eu senti meus olhos mais uma vez se encherem de lágrimas. Ele é sem
duvidas o cara que mais consegue me surpreender, seja qual for a
situação.
‘Ele é lindo Arthur, parece com você.’ Senti meu
rosto arder um pouco e ele abriu um sorriso imenso. ‘Você costumava dizer que
ele tinha seus olhos e seu nariz e a minha boca. A exata mistura de nós dois.’
Me aproximei um pouco da cama sorrindo.
‘Então ele é realmente lindo.’ Ele estendeu a mão
pra mim. Pensei alguns segundos antes de segurar a mão dele, tinha medo de sua
reação, mas ele sorriu me passando confiança. ‘Lu, eu posso não lembrar de você,
mas depois de ouvir você contando nossa historia sinto como se já te conhecesse
há anos. É uma sensação engraçada.’ Ele deu risada apertando minha mão. Ouvimos
uma batida na porta e eu me assustei soltando a mãe
dele.
‘Posso entrar?’ Katia botou a cabeça pra dentro do
quarto e nós sorrimos balançando a cabeça. ‘Então, já conversaram?’ Ela entrou
no quarto sorrindo.
‘Já sim.’ Balancei a cabeça. ‘E bem, eu tenho que ir.
Diego fica um pouco inquieto quando chega da escola e eu não to em casa.’ Sorri
um pouco sem graça.
‘Tudo bem minha querida.’ Katia sorriu
meigamente.
‘Quando você vem me ver de novo?’ Arthur perguntou
sorrindo e eu senti meu coração dar pulinhos de
alegria.
‘Em breve, Arthur.’ Sorri e acenei saindo no quarto em
seguida.
Me encostei numa parede próxima a porta e fiquei
sorrindo comigo mesma durante algum tempo. Uma enfermeira passou me olhando
estranho e eu acordei do meu pequeno transe, e fui em direção a saída do
hospital antes que Diego ligasse de novo.
amei
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