Ouvi um barulho de alguma coisa distante caindo, e abri meus olhos
calmamente. Quando finalmente consegui focaliza-los sorri pra Arthur que
estava com o rosto a poucos centímetros de distância do meu e também
parecia ter acabado de acordar.
‘Diego acordou.’ Falei baixo e minha voz saiu abafada por causa do cobertor.
‘Quem vai lá, eu ou você?’ Ele sorriu e eu o olhei fazendo bico. ‘Ok, eu
vou.’ Ele beijou minha bochecha e se levantou calmamente saindo do
quarto entre bocejos. Sorri comigo mesma e fechei os olhos sem intenção
de dormir novamente, mas antes que eu pudesse evitar já tinha o feito.
Senti uma claridade bater em meus olhos e quando finalmente consegui
acordar me dei conta de que tinha dormido novamente por mais de uma
hora. Esfreguei os olhos, me levantei e fui até o banheiro limpar meu
rosto e escovar meus dentes. Vesti uma blusa qualquer de Arthur e saí do
quarto ouvindo risos vindos da sala. Caminhei até lá encontrando duas
crianças, ou melhor, Arthur e Diego brincando no chão e vendo desenho
animado.
‘Bom dia, bela adormecida.’ Arthur sorriu de uma forma tão fofa que eu tive vontade de pular em cima dele e esmagá-lo.
‘Dia, adômecida.’ Diego tentou imitar o pai e os dois riram. Eu devo ter
feito e cara mais boba possível. Na verdade eu queria esmagar aquelas
duas criaturas sentadas no chão da minha sala. O que seria de mim sem
esses dois?
‘Bom dia.’ Falei sorrindo e sentei ao lado de Arthur. Diego veio até
mim, me abraçou e beijou minha bochecha, depois voltou a atenção pros
brinquedos espalhados pelo chão, o carrinho que eu e Arthur demos pra
ele de aniversário estava ali e era o único que ele dava realmente
atenção.
Sorri pra Arthur ao meu lado e ele me deu um selinho.
‘Dormiu bem?’ Ele perguntou botando uma mecha do meu cabelo atrás da
orelha, e eu sorri confirmando. A mão dele passou por trás de mim e me
abraçou pela cintura. Encostei minha cabeça em seu ombro e fiquei
observando Diego brincar.
‘Odeio domingos tediosos.’ Comentei depois que a sessão de desenhos animados acabou.
‘A gente pode ir ao parque!’ Arthur sorriu bobo e eu olhei pra Diego que não prestava atenção na conversa.
‘Príncipe!’ O chamei e ele voltou sua atenção pra mim. Ele estava
acostumado a me ouvir chama-lo de príncipe. ‘Vamos ao parque?’ Perguntei
quando ele sentou no colo de Arthur me olhando.
‘Páqui!’ Os olhinhos dele brilharam e ele abriu um sorriso imenso.
‘Acho que isso foi um sim!’ Arthur me olhou rindo.
‘Com certeza isso foi um sim!’ Me levantei e peguei Diego no colo. ‘Vamos tomar banho, meu amor!’
‘Eu também vou.’ Arthur se levantou. ‘Quer dizer... no meu banheiro claro!’ Ele passou a mão pelo cabelo e eu gargalhei.
Meia hora depois eu e Diego já estávamos prontos, sentei ele no sofá da
sala e o deixei brincando enquanto ia apressar Arthur. Abri a porta do
quarto sem nem ao menos bater e me assustei quando vi Arthur apenas com
uma toalha enrolada na cintura.
‘Ai, desculpa!’ Falei sentindo meu rosto arder, eu devia estar roxa,
amarela, verde, todas as cores possíveis! ‘Eu devia ter batido, achei
que você já estivesse pronto e...’ Eu estava caminhando de cabeça baixa
até a porta, e senti a mão de Arthur em minha cintura.
‘Lu, não tem nada aqui que você não já tenha visto.’ Ele falou rindo, e
eu balancei a cabeça ainda olhando pro chão. ‘Por sinal, acho que não
tem mais porque eu dormir aqui nesse quarto sozinho né?’ Ele tocou meu
queixo me fazendo encarar seus olhos e perceber seu sorriso um tanto
quanto tarado. ‘Se você não falar nada, eu vou interpretar que você
concorda.’ Ele falou baixo passando o nariz pela minha bochecha. Porque
será que ele acha tão divertido ficar me provocando mesmo? Nessa hora
ele já tinha me puxado pela cintura e nossos corpos estavam colados.
Botei uma mão em sua nuca e com a outra arranhei de leve sua barriga,
ele soltou um gemido abafado e grudou nossas bocas com pressa. Senti
minhas costas encostarem na parede e só então de dei conta que Arthur me
empurrou até lá. Suas mãos passeavam por debaixo da minha blusa e eu
bagunçava seu cabelo e arranhava suas costas nuas. Ele desceu os beijos
pro meu pescoço e eu tentei fazer minha respiração voltar ao normal.
‘Arthur...’ Falei baixo de olhos fechados, ok... aquilo não estava dando
muito certo. Lembrei de Diego na sala e suspirei tomando forças.
‘Arthur, por favor, Diego tá na sala esperando a gente!’ O empurrei pelo
peito e ele encostou a testa na minha, sua respiração ofegante batia na
minha boca.
‘Tá, tá bem! Eu vou... me recuperar e me arrumar o mais rápido
possível.’ Ele falou pausadamente e eu concordei. Dei um selinho rápido
nele e saí do quarto ajeitando minha blusa que estava completamente
levantada.
O domingo estava com sol, mas um vento frio soprava fazendo com que
todos saíssem agasalhados de casa. Observei o parque movimentado e sorri
lembrando da época em que nós três íamos todo domingo ali. Acho que é o
lugar preferido de Diego. Caminhei de mãos dadas com Arthur enquanto
ele carregava Diego que sorria apontando os brinquedos.
‘Lu!’ Ouvi alguém me chamar. Me virei encontrando com mulher loira com
aparentemente 30 anos que segurava uma menina sorridente no colo.
‘Kate!’ Sorri e soltei a mão de Arthur indo cumprimentá-la. ‘Quanto
tempo!’ Falei a abraçando e dando um beijo na criança em seu colo. ‘Tudo
bem Lisa?’ Sorri e a menina balançou a cabeça concordando.
‘Você sumiu daqui!’ Kate voltou a falar e olhou pra Arthur que estava
mais atrás e nos observava. ‘Tudo bem, Arthur?’ Ela acenou simpática e
Arthur retribuiu me lançando um olhar de desespero. ‘Vejo que o acidente
não deixou seqüelas, fico feliz por isso!’ Ela falou mais baixo e
sorriu.
‘É, foi muita sorte.’ Sorri sem graça. Não queria ficar comentando sobre
a perda de memória do Arthur. Muitas mães e pais por ali nos conheciam,
depois eu falaria sobre eles pra que Arthur não passasse nenhum
constrangimento.
‘Mãe, eu quero sorvete.’ Lisa falou fazendo bico e Kate me olhou dando de ombros.
‘Vai lá Kate, bom te ver de novo!’ A abracei.
‘Depois vamos botar a fofoca em dia!’ Ela sorriu e se afastou. Voltei
pra perto de Arthur que ria com alguma coisa que o filho tentava falar.
‘Quem era?’ Ele me olhou apertando os olhos por causa do sol.
‘Kate, ela é a mãe da Lisa! Sempre está por aqui aos domingos, e a gente sempre ficava conversando.’ Sorri.
‘Eu também?’ Ele perguntou levantando a sobrancelha.
‘Você também. Aliás, a gente conhecia várias pessoas por aqui. Você
sempre conversava com o John, ele tem a sua idade, pai por
inconseqüência também.’ Falei rindo e Arthur me olhou um pouco
indignado.
‘Ele tá por aqui?’ Arthur olhou em volta e eu neguei com a cabeça. Diego
se mexeu agoniado no colo de Arthur e ele o colocou no chão. Diego
correu para um cercado ali perto e se juntou as outras crianças que já
brincavam por ali.
‘Ele né lindo?’ Sorri boba observando meu filho no meio das outras crianças.
‘Nosso filho é o mais lindo dali!’ Arthur me abraçou por trás e deu um
beijo no topo da minha cabeça. ‘Vamos sentar, tem um banco vago ali!’
Ele apontou para um lugar com alguns bancos e eu concordei.
Continua.....
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