Capitulo 18
Acordei
no sábado com o barulho do meu celular vibrando em cima do criado mudo,
estiquei meu braço preguiçosamente e olhei no visor que aparecia o nome
de Sophia. Resmunguei baixo lembrando que ela iria pegar o Rodrigo para levar ao parque junto com dois priminhos dela que viriam do interior.
‘Oi.’ Atendi o celular ainda de olhos fechados.
‘Te acordei né, amiga? Desculpa.’ Ele fez uma voz culpada e eu ri baixinho.
‘Tudo bem. Já tá vindo?’ Perguntei com a voz arrastada.
‘Já, em meia hora devo passar aí.’
‘Ok. Vou acordar o Rodrigo e arruma-lo.’
‘Tá bom. Beijos!’ Ela desligou o telefone animada e eu botei o celular novamente no criado mudo.
Me espreguicei com cuidado para não acordar Arthur
que dormia feito uma pedra ao meu lado, e me abraçava pela cintura. Dei
um beijo na ponta do nariz dele sabendo que não o acordaria com aquilo e
me levantei devagar. Fui até o quarto de Rodrigo e só então percebi que chovia, aliás, o céu tava quase desabando.
‘Hey, príncipe.’ O chamei baixinho e ele abriu os olhos lentamente, sorrindo pra mim. ‘A tia So já já passa aqui pra te pegar.’ Falei carregando-o.
‘Tio Micael!’ Ele sorriu animado.
‘O tio Micael
também vem!’ Falei tentando ser tão animada quanto ele, mas àquela hora
era meio impossível. ‘Vamos tomar banho e se arrumar?’ Perguntei
sorrindo e ele concordou.
Em um pouco menos de meia hora Rodrigo já estava todo arrumado e eu estava deitada no sofá da sala com ele sentado ao meu lado.
‘Yay, deve ser a tia So !’ Falei me levantando quando a campanhia tocou. ‘Bom dia!’ Sorri para Sophia e Micael que estavam parados na minha porta com duas crianças no colo. Provavelmente eram os sobrinhos de So , Brian e Kevin.
‘Bom
dia, amiga linda!’ Ela falou sorridente. ‘Nem vou entrar porque sei que
você deve tá querendo voltar pra debaixo dos lençóis!’ Eu ri
concordando. Com aquele frio e aquele barulhinho de chuva, tudo que eu
queria era voltar pra cama.
‘Se comporta tá, meu amor?’ Me agachei na frente de Rodrigo e ele sorriu. ‘Então, divirtam-se com as crianças. Aproveitem pra ir treinando.’ Pisquei para os dois na minha frente e Micael riu alto.
‘Nem vem, Lu. Tá longe ainda!’ Ele balançou a cabeça e Sophia concordou.
‘Por
enquanto a gente se contenta em cuidar do filho dos outros!’ Ela riu.
‘Vamos?’ Falou olhando para as três crianças que sorriram concordando.
Mandei beijos no ar e fechei a porta me espreguiçando. Pensei em ficar
ali pelo sofá, mas o frio não permitia e eu voltei pro quarto.
‘Lu, vem deitar, tá cedo.’ Arthur falou com a voz arrastada e eu ri.
‘Já
vou.’ Entrei no banheiro e prendi meu cabelo novamente já que estava
todo bagunçado, aproveitei e escovei os dentes. Tenho mania de sempre
que levantar escovar logo os dentes, aliás, acho essa mania ótima,
melhor do que ficar por aí com bafo matinal. Sorri com meus pensamentos e
sai do banheiro correndo me jogando na cama fazendo Arthur rir.
‘Bom diia!’ Sorri sincera dando um selinho nele. Arthur
me puxou pela cintura me fazendo deitar ao seu lado de frente pra ele.
‘Tá frio.’ Falei me encolhendo e ele puxou o cobertor grosso para me
cobrir mais. Fiquei acariciando sua nuca, com o rosto em seu pescoço
enquanto sua respiração batia em ouvido me fazendo sorrir.
‘O Rodrigo já foi?’ Ele perguntou depois de alguns minutos enquanto fazia carinho em minhas costas e eu sussurrei um uhum abafado. ‘A gente podia passar o dia todo na cama né?’ Ele falou rindo e me abraçando mais apertado.
‘Larga de ser preguiçoso, Arthur.’ Eu dei um tapinha em seu peito.
‘E
quem disse que a gente vai ficar dormindo? Tem coisas bem melhores pra
se fazer em uma cama.’ Ele mordeu de leve minha orelha e eu ri baixo.
‘Larga
de ser tarado, então.’ Falei levantando minha cabeça pra olha-lo. ‘A
gente pode assistir filme!’ Sorri idiotamente e ele fez careta.
‘Ainda prefiro ficar na cama.’ Ele deu de ombros.
‘Ah Arthur, larga de ser chato, vaaai.’ Fiz manha e ele riu.
‘Em um minuto você já disse que eu sou preguiçoso, tarado e chato. Porque você ainda tá comigo mesmo?’ Ele fez bico e eu sorri.
‘Porque você é o pai do meu filho, oras.’ Falei indiferente e ele ficou me olhando.
‘Então tá, amanhã eu faço as malas e vou embora.’ Ele deu novamente de ombros e eu ri.
‘Até parece que você vive sem o Rodrigo.’
‘Não, por isso mesmo que eu vou levar ele comigo.’
‘Até parece que você vive sem mim também.’ Fiz uma cara convencida e ele arqueou a sobrancelha.
‘Arranjo
uma pra substituir você rapidinho.’ Ele falou sério e eu dei um tapa,
um tanto quanto forte em seu braço. ‘Outch!’ Ele fez cara de dor, mas
riu.
‘Idiota!’ Falei rindo e me afastando dele, mas com um só braço ele me puxou pra perto de novo.
‘Então
diz que eu não sou preguiçoso, nem tarado e nem chato.’ Eu rolei os
olhos ele riu me segurando pela cintura com os dois braços.
‘Você não é preguiçoso, nem tarado e nem chato.’ Falei com uma voz de tédio. ‘Satisfeito?’
‘Se eu não sou nada disso, eu sou o quê então?’ Ele sorriu.
‘Hm, o pai do meu filho!’ Falei como se tivesse feito uma super descoberta.
‘Só
isso?’ Ele falou de um jeito sexy aproximando o rosto do meu. Eu mordi o
lábio inferior e concordei balançando a cabeça e soltando um uhum. ‘Tem certeza?’ Ele se aproximou mais e eu de novo fiz um uhum. ‘Você só sabe falar isso?’ Novamente fiz o uhum e ele rolou os olhos com o rosto próximo ao meu. ‘Então ocupa a boca com outra coisa, porque esse uhum irrita, Lu!’ Eu ia rir desse comentário dele, mas antes que o fizesse Arthur já tinha grudado a boca na minha.
Ele
ficou por cima de mim se encaixando entre minhas pernas enquanto eu
bagunçava seu cabelo e brincava com o elástico da boxer de ursinhos
dele.
Minha blusa já estava quase toda levantada quando o barulho de um trovão fez com que Arthur
desse um pulo pro lado, mas como estávamos na beirada da cama ele
acabou caindo no chão. Eu não sabia se ficava com pena da cara de dor
dele ou se ria.
‘Ai,
tadinho, tadinho.’ Falei rindo e me ajoelhando no chão ao lado dele.
‘Bateu a cabeça?’ Perguntei um pouco preocupada tentando parar de rir.
‘Bati, tá sangrando?’ Ele fez uma cara desesperada e eu desisti de controlar o riso.
‘Claro que não, babaca!’ Dei língua e estendi a mão pra ele se levantar. ‘Vai, levanta logo daí!’
‘Sua preocupação comigo me comove, Lua.’ Ele fez uma cara brava e eu apertei suas bochechas.
‘Own, desculpa. Mas foi engraçado, vai.’ Ri passando meus braços por seu pescoço.
‘Claro, não foi você.’ Ele esfregou a nuca fazendo careta.
‘Tá, não riu mais.’ Dei um selinho nele e sorri. ‘Tô com fome.’
‘Eu também.’ Ele passou a mão na barriga.
‘Então
vamos comer!’ Falei com uma cara obvia e ele riu. ‘Me carrega até a
cozinha?’ Pedi com uma cara de criança e antes que ele respondesse pulei
cruzando minhas pernas em sua cintura.
‘Pouco folgada você né?’ Ele arqueou a sobrancelha e eu beijei sua bochecha.
‘Vamos logo que eu tô com fome!’ Me agarrei mais em seu pescoço e ele resmungou baixo indo até a cozinha.
Algumas horas depois estávamos no sofá vendo a reprise do programa do Paul O’Grady e rindo das coisas que ele falava.
‘Cara eu amo o Paul, se ele fosse mais novo eu...’
‘Não continua essa frase!’ Arthur
falou me olhando estranho e eu ri alto. ‘Até o Paul.’ Ele balançou a
cabeça e eu dei um soquinho em seu braço. ‘Vamos ver filme de terror?’
Ele falou de repente.
‘Ah não, Arthur.
Eu tenho medo.’ Fiz bico e ele riu. ‘É sério, odeio filme de terror,
depois fico sem dormir por dias!’ Falei lembrando da ultima vez que vi
um filme de terror.
‘Ná,
mas agora você dorme comigo, não vai ter medo de nada.’ Ele sorriu
convencido e eu arqueei a sobrancelha. ‘Eu tenho o dvd do Exorcista.’ Arthur sorriu animado e eu me desesperei.
‘NÃO! Não vou ver esse filme Arthur, nem sob tortura!!’ Me encolhi no sofá enquanto Arthur ria da minha cara de desespero.
‘Lu,
você não vai ter pesadelo, prometo.’ Ele sentou no chão ficando de
frente pra mim. ‘E quando vier as piores partes do filme você fecha os
olhos.’ Ele sorriu como uma criança e eu pensei por alguns segundos.
‘Promete que não reclamar se eu começar a agarrar você no meio do filme?’ Fiz uma cara inocente e ele balançou a cabeça.
‘Me
agarrar no meio do filme? Porque você não falou antes? Vou lá no quarto
pegar o dvd!’ Ele se levantou correndo e me deixou rindo que nem uma
idiota na sala.
Segundos depois ele voltou com o dvd. Botamos as almofadas pelo chão e deitamos no carpete, Arthur
passou o braço por debaixo de mim e eu já me virei preparada pra passar
as próximas horas com a cabeça enfiada no pescoço dele e morrendo de
medo.
‘Lu, o filme nem começou!’ Arthur riu quando eu botei a mão no rosto antes mesmo do filme começar.
‘Não
importa, já to com medo!’ Falei deitando minha cabeça em seu peito
ainda com a mão no rosto. ‘Se eu tiver pesadelos vou te acordar no meio
da madrugada, Arthur.’ Fiz uma voz emburrada e ele concordou balançando a cabeça.
‘Vai começar, Lu. Tira a mão dos olhos.’ Ele puxou minhas mãos me fazendo olhar pra tv e eu fiquei assistindo apenas com um olho aberto.
‘AAAAAAAAAAAH!’ Gritei desesperada enfiando a cabeça no pescoço de Arthur e apertando seu braço. Já devia ser a vigésima vez que eu repetia aquilo, e o filme mal tinha chegado à metade. Arthur apenas ria e falava coisas como: “é mentira, Lu!”, achando que aquilo iria amenizar o medo que eu estava sentindo. ‘Não quero mais ver esse filme.’ Falei com a voz chorosa.
‘Lu, pensa que tudo isso é mentira!’ Ele apontou pra tv e eu abaixei seu dedo.
‘Mas eu tenho pesadelo assim mesmo.’ Minha voz saia abafada por estar com o rosto enterrado no pescoço dele.
‘Você não vai ter pesadelo comigo ao seu lado!’ Ele se gabou e eu ri o olhando.
‘Ah é? E você vai fazer o que, bater nas assombrações?’ Fiz uma cara débil e ele deu língua.
‘Claro que vou, olha só como eu sou forte!’ Ele fez um muque se achando muito e eu gargalhei.
‘Arthur, olha só, você é gordo!’ Apertei a barriga dele.
‘Ei, olha o respeito! Isso é excesso de gostosura.’ Ele passou a mão pela barriga e eu ri descontroladamente.
‘Ah, desculpa aí fortão, não sabia que banha tinha mudado de nome!’ Comecei a rir mais ainda e Arthur
fez uma cara emburrada. No meio do meu ataque de risos senti uma
almofada batendo em meu braço. ‘Ai seu idiota!’ Joguei outra almofada
nele sem parar de rir e começamos uma guerra de almofadas.
‘Desista, você não vai ganhar de mim!’ Arthur falou rindo enquanto tacava almofadas em mim e eu nele.
‘Vou sim, seu gordo! Sou mais forte que você!’ Tentei fazer um muque e segundos depois senti Arthur cair por cima de mim e prender meus pulsos no chão, em cima da minha cabeça.
‘Há, quem é mais forte agora?’ Ele deu língua enquanto eu tentava soltar meus braços. ‘Você só sai daqui quando eu quiser!’
‘Arthur,
me solta!’ Fiz manha e ele balançou a cabeça negando. ‘Olha, o filme tá
passando, você tá perdendo.’ Mostrei o filme na tela e ele sorriu.
‘Aqui tá mais interessante que o filme.’ Ele olhava dos meus olhos pra minha boca.
‘Tá é?’ Levantei a cabeça e mordi de leve seu lábio inferior.
‘Muuuito mais interessante.’ Ele concordou.
Mordi
de novo seu lábio, só que dessa vez mais forte e ele gemeu baixinho. Eu
sorri e passei minha língua por seus lábios fazendo com que ele os
abrisse, depois joguei a cabeça pra trás de novo. Ele fez uma cara
indignada e me beijou com pressa ainda segurando meus pulsos, tentei
solta-los, mas Arthur parecia determinado a me deixar presa ali.
Ele
quebrou o beijo mordendo meu lábio e foi descendo o beijo por meu
pescoço, eu sentia arrepios cada vez que sua língua tocava minha pele.
Senti suas mãos afrouxarem em meu pulso e lentamente elas desceram até
minha cintura e coxa. Ele mordeu meu pescoço com força me fazendo soltar
um gemido e eu o puxei pelo cabelo voltando a beijar sua boca.
Quando
ele ia levantar minha blusa eu parti o beijo e me virei rápido ficando
por cima dele com uma perna de cada lado da sua cintura.
‘Quem é o mais forte agora?’ Perguntei um pouco ofegante e ele riu com as mãos em minha cintura.
‘Ok,
chega dessa de mais forte.’ Ele sentou fazendo com que minhas pernas
ficassem entrelaçadas em sua cintura e eu ri baixinho enquanto ele
voltava a beijar meu pescoço.
‘Arthur, desliga essa tv.’ Falei baixo.
‘Não,
deixa aí. Assim fica mais excitante.’ Ele me olhou com uma cara safada e
eu ri o puxando para que nossas bocas se encontrassem novamente.
Arthur foi me deitando no carpete e quando ele se deitou por cima de mim, novamente um barulho assustador nos atrapalhou.
‘Que porra é essa?’ Ele perguntou um pouco assustado e eu o olhei fazendo careta.
‘Outch, Arthur, deitamos em cima do controle!’ Falei tirando o controle da tv debaixo de mim.
Novamente outro barulho assustador e quando olhei pra tv soltei um grito.
‘Desliga, desliga, desliga!’ Falei escondendo meu rosto com as mãos e Arthur
bufou irritado desligando a tv e deitando com a barriga pra baixo no
carpete. ‘Desculpa.’ Fiz bico e ele sorriu em meio a uma careta de dor.
‘Segunda vez. Hoje não é nosso dia.’ Ele falou derrotado e eu ri baixo.
‘Vai, vamos procurar alguma coisa menos perigosa pra fazer, assim você não sofre tanto.’ Me levantei rindo.
‘Ah, que bom que você entende meu sofrimento.’ Ele falou ainda deitado.
‘Ah, eu posso fazer massagem em você, sabe aquela que a mulher sobe nas costas do cara?’ Falei animada e Arthur me olhou.
‘Tem certeza que isso é menos perigoso? Você pode ser um pouco pesada e... outch!’ O interrompi dando um chute em sua barriga.
‘Então fica aí deitado e eu vou fazer alguma coisa útil.’ Ia sair andando, mas Arthur segurou meu pé.
‘Larga
de ser birrenta garota, agora eu quero massagem!’ Ele sorriu da forma
mais fofa só porque sabia que eu ia ceder. ‘Por favooor, Lu!’ Ele fez voz de criança e eu bufei derrotada.
‘Só não reclama se a baleia aqui te esmagar.’ Falei séria e ele deu risada.
Tudo
bem que eu não sabia bem como era que fazia aquelas massagens, mas não
devia ser tão difícil, na tv parece ser fácil. Subi nas costas de Arthur
com cuidado e morrendo de medo e aos poucos fui conseguindo me
equilibrar e fazer a massagem, às vezes eu tinha uma crise de riso, mas
não esmagar o Arthur já foi um grande passo.
‘Tá chega, não agüento mais.’ Desci das costas de Arthur e sentei ao seu lado. ‘Acho que vou tomar banho, daqui a pouco o Rodrigo volta.’ Falei cansada.
‘Eu preciso de um banho gelado.’ Arthur se levantou rápido e correu pro quarto.
‘Ah não, Arthur! Falei primeiro!!’ Fui batendo os pés até o quarto, parecendo uma criança e Arthur já tinha entrado no banheiro. ‘Aguiar, eu tomo banho primeiro.’ Bati na porta e ele riu.
‘A gente toma banho junto, problema resolvido.’ Ele abriu a porta e sorriu.
‘Não!’ Cruzei os braços fazendo bico e ele deu de ombros.
‘Então tá!’ Ele ia fechando a porta novamente, mas eu segurei.
‘NÃO!’ Gritei rindo.
‘Vai tomar banho junto comigo?’ Ele me olhou e eu entrei no banheiro.
‘Não, vou pegar minhas coisas e tomar banho no banheiro de hospedes!’ Dei língua e Arthur fez cara feia. Antes de sair do banheiro dei um selinho nele e depois corri pro quarto em frente ao meu.
Meia hora depois estávamos no sofá assistindo Tartarugas Ninjas pela milésima vez, Arthur ama, e ainda me obriga a assistir junto com ele.
‘Você tá com cheirinho bom.’ Falei sorrindo e cheirando o pescoço dele.
‘E antes eu tava fedendo?’ Ele arqueou a sobrancelha.
‘Só
um pouco.’ Fiz uma cara sapeca e ele riu. ‘Eu que te dei essa bermuda.’
Falei sorrindo e apontando a bermuda larga preta e branca que ele
usava.
‘Sério?’
‘Uhum, foi quando você fez 19 anos.’ Sorri me lembrando do aniversário dele.
‘Sabe que eu nunca gostei muito dela?!!’ Ele comentou fazendo careta e eu belisquei sua barriga de leve.
‘Você amava essa bermuda, tá? Só vivia com ela.’ Fiz uma cara convencida e ele riu.
‘Eu
já disse que você é linda?’ Ele ficou sério de repente e eu senti meu
rosto queimar. Olhei pra minhas mãos mordendo o lábio, mas ele tocou meu
queixo levantando meu rosto. ‘SérioLu,
você é uma das garotas mais lindas que eu já vi.’ Ele sorriu sincero e
provavelmente eu já devia estar mais vermelha que tomate.
‘Então você precisa sair pra conhecer mais garotas, Arthur.’ Falei completamente sem graça e ele balançou a cabeça negando.
‘Não
preciso não, eu tenho a mamãe mais bonita aqui, morando sob o mesmo
teto que eu.’ Ele me deu um selinho demorado e depois beijou minha
bochecha.
‘Lembra
que outro dia você me perguntou por que eu tinha me apaixonado por
você?’ Falei lembrando de uma conversa boba que tivemos quando estávamos
com sono e não queríamos dormir. A conversa acabou com a gente
discutindo os motivos que levariam uma pessoa a se apaixonar por Arthur,
mas estávamos com muito sono pra falar alguma coisa que não fosse
besteira. Ele balançou a cabeça concordando e eu sorri. ‘É exatamente
por causa disso. Por você conseguir me surpreender sempre e em todos os
sentidos.’ Falei olhando-o nos olhos e ele sorriu.
Passei
a mão por seu rosto fazendo carinho e ele se aproximou passando o nariz
no meu como em um beijo de esquimó. Nossas bocas se encontraram
lentamente em um beijo calmo e hm... apaixonado?
O climinha clichê só não durou muito porque logo depois a campainha tocou. Dei um selinho em Arthur e me levantei pra atender a porta.
‘Ele dormiu!’ Sophia falou baixo com Rodrigo dormindo tranquilamente em seu colo.
‘Iai, como foi lá?’ Perguntei no mesmo tom que ela.
‘Foi ótimo, só não te conto tudo porque Micael ficou no carro. Kevin tá dormindo mais que o Rodrigo!’ Ela sorriu e eu concordei. Arthur apareceu atrás de mim, deu um beijo na testa deSophia e pegou Rodrigo
do meu colo. ‘Deixa eu ir. Beijo amiga, amanhã te ligo!’ Ela beijou
minha bochecha e depois saiu apressada. Fechei a porta e fui até o
quarto de Rodrigo.
‘Lu, pega uma roupa pra ele dormir.’ Arthur falou baixo tirando a roupinha que eu tinha botado mais cedo em Rodrigo. Peguei uma roupa de dormir pra ele e o vesti com a ajuda de Arthur. ‘Pronto.’ Ele sorriu ajeitando a roupa do filho.
‘Agora quem precisa dormir sou eu, to cansada.’ Falei desanimada.
‘É, eu também.’ Arthur concordou e deu um beijo na cabeça de Rodrigo. Eu sorri e fiz o mesmo.
‘Boa noite.’ Ele falou quando já estávamos deitados na cama. Ele me abraçou por trás e eu sorri.
‘Boa noite.’ Respondi baixo enquanto sentia sua respiração em meu pescoço.
Capitulo 19
‘Acorda, bela adormecida.’ Ouvi Arthur
sussurrar em meu ouvido e encolhi os ombros resmungando alguma coisa
sem abrir os olhos. Ele começou a distribuir beijinhos em meu pescoço e
eu sorri sentindo cócegas.
‘Arthur, hoje é domingo!’ Falei com a voz embolada e ele riu.
‘Por
isso mesmo, hoje é domingo, dia de praia!’ Ele falou animado e eu me
virei ficando de frente pra ele com os olhos semi cerrados por causa da
claridade, só então percebi que ele estava com uma bermuda de praia e
sem camisa.
‘Praia?’ Arqueei a sobrancelha e ele sorriu confirmando.
‘É, Lua! Praia, mar, areia...’
‘Eu sei o que é praia, Arthur.’ O interrompi rolando os olhos.
‘Então
pronto, levanta e vai se arrumar e não demora!’ Ele se levantou saindo
do quarto e eu fiquei olhando pro nada sem entender direito.
Segundos
depois balancei a cabeça e me levantei ainda tentando fazer meu cérebro
funcionar. Olhei o relógio e vi que eram oito da manhã, me espreguicei e
entrei no banheiro me arrastando.
Meia hora depois eu já estava quase pronta, claro que se dependesse de mim ainda demoraria muito mais, mas Arthur de cinco em cinco minutos me gritava e eu era obrigada a me vestir mais rápido.
‘Lu,
você é muito... wow!’ Ele parou na porta do quarto me olhando enquanto
eu procurava uma canga que combinasse com meu biquíni lilás.
‘Eu sou muito o quê, Arthur Aguiar?!’ Botei a mão na cintura e arqueei a sobrancelha.
‘Muito, erm... muito...’ Ele me olhava como se pensasse no que falar e eu balancei a cabeça.
‘Cala
boca, babaca.’ Joguei um travesseiro em cima dele, e ele riu. ‘Achei!’
Sorri quando consegui achar uma canga branca com detalhes lilás que eu
não usava a muito tempo. Amarrei a canga ainda sob o olhar atento de Arthur que acompanhava todos os meus movimentos. ‘Vamos?’ Peguei minha bolsa e fui até a porta onde Arthur estava escorado com os braços cruzados.
‘Tem que pagar pedágio.’ Ele sorriu malicioso e eu rolei os olhos.
‘Arthur, o Rodrigo
tá na sala nos esperando, vamos logo.’ Tentei empurrá-lo, mas ele nem
se mexeu. ‘Fala logo o que você quer, ô mala!’ Cruzei os braços e ele
sorriu vitorioso.
‘Só
um pequeno pedágio.’ Ele me abraçou pela cintura e eu balancei a cabeça
bufando. Toquei o queixo dele e lhe dei um selinho rápido.
‘Pronto,
vamos!’ Antes que ele conseguisse contestar me soltei de seus braços e
fui andando pelo corredor ouvindo uma exclamação de indignação dele.
‘Bom dia, príncipe!’ AbraceiRodrigo que me olhava sorrindo e lhe dei um beijo na testa. ‘Vamos pra praia?’ Sorri.
‘Páia!!’ Ele sorriu mostrando os pequenos dentinhos ainda em formação.
‘Vamos só nós três?’ Olhei pra Arthur que já estava na porta de casa e ele balançou a cabeça negativamente.
‘Claro que não né, Lu! A gente vai pra Brighton, na casa de praia dos pais do Micael. Você quer que a gente invada a casa?’ Ele fez uma cara débil e ainda me deu um tapinha na testa.
‘Ah
tá, nossa desculpa por ter nascido tá bom?!’ Fiz uma cara afetada
enquanto chamava o elevador a ele riu fechando a porta. ‘A gente parece
duas crianças.’ Falei rindo já dentro do elevador e Arthur arqueou a sobrancelha.
‘Eu ainda sou um adolescente ok? Nem cheguei aos 21!’ Ele fez cara de criança e eu balancei a cabeça rindo.
‘Retiro o que disse, você ainda é uma criança, Arthur!’ Ele deu língua.
‘O Micael e a So já estão em Brighton?’ Perguntei já dentro do carro e Arthur confirmou.
‘Quando eu te acordei eles tinham acabado de ligar pra avisar que já estavam lá.’
‘Nossa, meus amigos madrugam!’ Balancei a cabeça. ‘Arthur, você alimentou meu filho?’ Perguntei observando Rodrigo brincar com um carrinho na cadeirinha especial no banco de trás do carro.
‘Eu alimentei o nosso filho, Lua.’ Ele falou um pouco sério sem desviar a atenção do trânsito à sua frente.
‘Desculpa.’ Falei beijando o braço dele e apoiando uma mão em sua perna. Ele sorriu concordando.
‘Além
de alimentá-lo ainda arrumei a mochila dele, botei roupas, toalha e
ainda botei essa roupa linda que ele tá usando.’ Ele sorriu convencido e
eu me virei para reparar na roupa queRodrigo vestia. Uma blusa branca com detalhes azuis e uma bermuda azul escura.
‘Olha que papai dedicado!’ Falei rindo.
Remembering Sunday começou a tocar no rádio e eu aumentei o som balançando os braços no ritmo da música enquanto Arthur ria.
“ He woke up from dreaming and put on his shoes
( Ele acordou de seus sonhos e calçou os seus sapatos )
Started making his way past two in the morning
( Começou a trilhar seu caminho passadas duas da manhã )
He hasn't been sober for days
( Ele não tem estado sóbrio por dias )”
‘Eu amo essa musica, cara!’ Sorri boba balançando a cabeça no ritmo da musica.
‘Quem canta?’ Arthur perguntou sorrindo.
‘All Time Low.’ Falei voltando a mexer os braços e fechei os olhos acompanhando a musica.
“ Leaning now into the breeze
( Se inclinando agora pra dentro da brisa )
Remembering Sunday, he falls to his knees
( Lembrando de domingo, ele caiu de joelhos )
They had breakfast together
( Eles tomaram café da manhã juntos )
But two eggs don't last like the feeling of what he needs
( Mas dois ovos não duram como a sensação daquilo que ele precisa )
Now this place seems familiar to him
( Agora esse lugar lhe parece familiar )
She pulled on his hand with a devilish grin
( Ela puxou a mão dele com um risinho maligno )
She led him upstairs, she led him upstairs
( Ela o leva pra cima, ela o leva pra cima )
Left him dying to get in
( O deixa morrendo para entrar )”
‘A melhor parte é o refrão.’ Falei antes de começar a cantar junto com o Alex Gaskarth.
“ Forgive me, I'm trying to find my calling
( Me perdoe, eu estou tentando encontrar meu chamado )
I'm calling at night
( Eu estou ligando a noite )
I don't mean to be a bother
( Não quero ser incomodo )
But have you seen this girl?
( Mas você tem visto essa garota? )
She's been running through my dreams
( Ela tem aparecido pelos meus sonhos )
And it's driving me crazy, it seems
( E ela está me deixando louco, parece )
I'm gonna ask her to marry me
( Eu vou pedir para ela se casar comigo )”
A viagem até Brighton não é muito longa, em pouco mais de uma hora nós já tínhamos chegado. Arthur ligou para Micael para perguntar aonde exatamente era a casa e em alguns minutos chegamos até uma casa enorme, toda branca e sem muro.
‘Nossa!’ Falei saindo do carro e tirando o óculos escuro do rosto.
‘Outch! Quando crescer quero morar numa casa assim!’ Arthur falou também observando a casa e eu ri.
‘Yay, bem vindos!’ Um Micael alegre apareceu pelo canto da casa, provavelmente vindo do jardim de trás. ‘Boa viagem?’ Perguntou sorrindo e pegando Rodrigo no colo.
‘Otima!’ Arthur
respondeu sorridente. ‘Exceto pela parte em que alguém começou a cantar
e fingir que estava no show do All Time Down.’ Ele fez careta.
‘É All Time Low, idiota!’ Eu dei língua e os dois riram.
‘AMIGAAAAA!’ Um ser saltitante apareceu do nada e pulou em cima de mim. ‘Que saudade!’ Ele me abraçou (lê-se sufucou).
‘Sophia, você me viu ontem quando foi deixar o Rodrigo lá em casa.’ Arqueei a sobrancelha e ela parou de tentar me matar sufocada e me olhou dando língua.
‘Nossa, que sem graça você, Lua. Eu aqui tentando ser uma amiga super meiga e carinhosa.’ Ela deu ombros. ‘Rodrigo, coisa mais linda da tia!’ Ela deu um beijo em Rodrigo que ainda estava no colo de Micael brincando com os cabelos dele.
‘Vamos entrar?’ Micael falou sorrindo e eu e Arthur concordamos. Pegamos as malas e caminhamos até a imensa porta branca.
‘Wow!’ Eu e Arthur falamos juntos quando Micael
abriu a porta. Ficamos parados observando embasbacados a casa que
parecia ainda maior vista de dentro, era toda em tons claros com
detalhes dourados. Era definitivamente a casa mais linda que eu já tinha
visto.
‘O casal vai ficar parado aí?’ So perguntou rindo nos acordando do transe. Olhei pra Arthur
ainda impressionada e ele devolveu o olhar do mesmo jeito. ‘Os quartos
são lá em cima!’ Ela falou apontando a escada. Subimos os cinco e Micael nos mostrou o quarto em que íamos ficar, além da cama de casal tinha uma cama de criança para Rodrigo.
‘Deixem as malas aí e vamos pra piscina.’ Micael falou enquanto botávamos as malas no canto do quarto.
‘Vamos, to morrendo de calor!’ Arthur falou já tirando a camisa e jogando-a em cima da cama.
‘Vão indo, daqui a pouco a gente vai!’ So me lançou um olhar de “preciso falar com você” e eu concordei.
‘Ok, não demorem.’ Micael sorriu dando um selinho em Sophia e Arthur fez o mesmo comigo.
‘Cuidado com o Rodrigo, papai dedicado.’ Fiz cara de criança e Arthur mandou beijos no ar, saindo do quarto com Rodrigo no colo.
‘Então...’ Falei olhando pra So enquanto ela ainda olhava para a porta onde os meninos tinham acabado de sumir. Ela suspirou e sorriu sincera.
‘Eu e o Micael estamos namorando!’ Falou animada.
‘AAAAAAAAH,
NÃO ACREDITO!!!’ Gritei a abraçando, ou melhor, a sufocando exatamente
como ela tinha feito comigo minutos antes. ‘Que lindo, amiga, me
conta!!’ Falei a puxando para que sentássemos na cama.
‘Ah,
deu a doida nele hoje. Ele me acordou e simplesmente me pediu em
namoro!’ Ela falou com os olhos brilhando e eu a abracei novamente.
‘Ai, to emocionada!’ Falei fingindo que enxugava uma lágrima e a So riu me dando um tapinha no braço.
‘Boba! Mas me conta, e você e o Arthur?!!’ Ela perguntou animada.
‘Na mesma!’ Falei fingindo um pouco de animação.
‘Ai, eu não sei quem é pior, você ou o Aguiar!’ Ela bufou. 'Qual é Lu,
vocês se gostam e ficam nessa coisa de só ficar, parecem dois pré
adolescentes. Vocês têm um filho e um relacionamento de mais de dois
anos!' Ela aumentou um pouco a voz.
‘Não é assim que as coisas funcionam So , teve o acidente do Arthur, pra ele não existiram dois anos de relacionamento.’ Falei baixo olhando pro chão.
‘Ai,
desculpa, amiga!’ Ela pegou minha mão. ‘É porque eu acho isso tudo tão
absurdo. A forma como você suportou aqueles dois anos, e agora que vocês
têm a chance de recomeçar parece que tudo continua igual. Dá pra ver o
quanto vocês se gostam só de olhar vocês dois juntos!’ Ela sorriu me
passando confiança.
‘Sabe ontem, antes de você chegar com o Rodrigo... a gente tava num climinha super clichê!’ Falei num tom de voz baixo.
‘Ai
céus, não acredito que eu interrompi tudo.’ Ela botou a mão na boca e
eu balancei a cabeça confirmando. ‘Ain, desculpa!’ Ela fez uma cara
culpada e eu ri.
‘Ná,
não tem problema. É só que...’ Suspirei e sorri boba antes de voltar a
falar. ‘Foi diferente sabe? A forma como ele falou que eu era linda e
depois o beijo. Nesses dois anos nunca tinha sido daquela forma sabe?’
Falei a olhando e ela sorriu.
‘E teria sido esse um beijo, hm... apaixonado?’ So fez uma carinha sapeca e eu ri.
‘Acho que sim.’ Falei um pouco sem graça mordendo o lábio inferior.
‘Ai
meu Deus!! Meus amigos são dois bobos apaixonados! Ilumina essas pobres
almas e faz com que elas percebam que se amam!’ Ela riu olhando pro
céu, ou melhor pro teto! ‘Quero ser madrinha do casamento!’ Ela se
levantou animada.
‘Ah sim, até parece né? Talvez na próxima vida quando o Arthur resolver que eu sou a mulher da vida dele.’ Falei rindo e ela me deu um pedala.
‘Chega
desse papo de adolescentes apaixonadas em crise! Vamos pra piscina!’
Ela me puxou pela mão antes que eu dissesse qualquer coisa.
O
dia passou rápido, ficamos nos revezando entre a piscina e a praia a
maior parte do tempo e só voltamos pra dentro de casa quando o sol já
tinha desaparecido no horizonte.
‘Lu, no final do mês já é seu aniversário!’ Sophia me olhou sorrindo.
‘Argh,
nem fala! To ficando tão velha!!’ Fiz uma cara dramática. ‘Olha só, já
sinto um monte de rugas no meu rosto, vou começar a usar cremes e fazer
máscaras.’ Falei puxando um pouco a pele do meu rosto pra cima.
‘Cala boca, dramática!’ Sophia jogou uma almofada em cima de mim, mas acabou acertando Arthur que estava no meu lado me abraçando pela cintura.
‘Outch, eu não tenho nada a ver com a velhice da Lu.’ Ele falou rindo causando uma ataque de risos em Sophia e eu lhe dei um beliscão na barriga. ‘Larga de ser fresca Lu, vinte anos é uma criança ainda!’ Ele balançou a cabeça.
‘Falou o titio, né?’ Dei risada e ele mandou língua.
Ficamos em silêncio por alguns minutos observando Micael e Rodrigo brincarem fazendo bagunça e correndo pela casa.
‘Céus, ligaram essa criança na tomada hoje!’ Comentei e So e Arthur concordaram balançando a cabeça.
‘Nem fala, e eu to cansado!’ Ele disse em meio a um bocejo.
‘Eu também.’ Falei com a cabeça encostada no ombro dele.
‘Se vocês quiserem ir descansar, podem ir. Quando acabar a bateria da criança, ou melhor, das crianças, eu levo o Rodrigo lá em cima.’ So sorriu para nós desviando o olhar da tv.
‘Vamos?’ Arthur perguntou beijando o topo da minha cabeça e eu concordei silenciosamente.
‘Filhote.’ Falei me agachando e Rodrigo se aproximou sorrindo. ‘Papai e mamãe vão subir tá bom? Depois o tio Micael e a tia So levam você lá pra cima!’ Sorri.
‘Tá bom, mamãe. Boa noite!’ Ele sorriu e eu mordi sua bochecha. Arthur deu um beijo no topo da cabeça do filho e nós subimos de mãos dadas.
Quando chegamos no quarto Arthur se jogou na cama sorrindo e eu peguei uma camisa dele e fui para o banheiro trocar de roupa.
‘Lu, você lembra da prima do Micael?’ Arthur perguntou quando eu saí do banheiro.
‘A vadia da Jenny?’ Perguntei enquanto sentava na cama ao seu lado e ele riu.
‘Ela não é vadia, Lu.’ Arqueei a sobrancelha.
‘Claro que é, Arthur, ela dá em cima de qualquer um que passar pela frente dela, inclusive o Micael.’ Dei de ombros.
‘Mas ela é gostosa.’ Ele comentou com naturalidade e eu o olhei durante alguns segundos.
Balancei a cabeça e deitei ao seu lado.
‘Boa noite, Arthur.’ Falei virando de costas pra ele.
Senti ele se aproximar e dar pequenos beijinhos em meu pescoço levantando um pouco a camisa que eu vestia.
‘Sai, Arthur.’ Tirei a mão dele irritada.
‘Ah Lu,
não acredito que você ficou assim só porque eu falei que a menina é
gostosa.’ Ele resmungou. ‘Eu só comentei sobre ela porque o Micael falou que talvez ela venha aqui amanhã.’ Ele falou num tom de desculpas e eu bufei.
‘Otimo! Guarda seus carinhos pra gostosa da Jenny, então.’ Falei um pouco alto.
Ele
ficou quieto por alguns minutos, achei que ele tivesse dormido até
sentir sua respiração quente novamente em meu pescoço. Sua mão acariciou
minha coxa levantando um pouco minha blusa enquanto ele dava pequenas
mordidas em meu pescoço.
Resmunguei
alguma coisa e senti ele ir subindo a mão levantando minha blusa,
quando chegou em minha cintura ele foi me virando aos poucos. Soltei um
gemido quando senti sua língua em meu pescoço ir aos poucos chegando até
minha boca. Arthur
mordeu meu lábio levemente antes de me beijar com pressa, eu
correspondi da mesma forma enquanto ele se encaixava entre minhas
pernas.
Suas
mãos acariciavam minha barriga levantando minha blusa aos poucos, eu
arranhei suas costas com força fazendo-o soltar um gemido abafado.
Nossas línguas se movimentavam rapidamente, e constantemente Arthur
mordia meu lábio. Ele levantou minha camisa com uma certa violência e
desceu os lábios até meu pescoço apertando minha coxa. Senti seus dedos
passarem pelo elástico da minha calcinha e mordi meu lábio para abafar
um gemido. Desci minhas mãos por seu abdômen até sua boxer e a puxei pra
baixo aos poucos, ele mesmo terminou de tirá-la. Puxei levemente seus
cabelos mordendo seu lábio, seu queixo e comecei a beijar seu pescoço
sentindo-o apertar minha cintura com força. Ele desceu minha calcinha
com pressa e eu ri quando ele a arremessou longe. Senti suas mãos
passarem livres por todo meu corpo enquanto sua boca voltava a encontrar
a minha.
Arthur
se movimentava rapidamente enquanto distribuía beijos por meu ombro e
pescoço, e eu puxava seus cabelos e arranhava suas costas.
Senti
ele largar o peso e logo depois deitar ao meu lado me abraçando pela
cintura. Passei a mão por seu cabelo suado e ele sorriu me beijando
agora de uma forma mais delicada.
Ficamos fazendo carinho como um casal bobo e apaixonado até Micael bater na porta do quarto com Rodrigo já dormindo em seu colo.
‘Brigada por ficar lá com ele, Micael!’ Sorri sincera e Micael beijou minha testa me desejando boa noite.
‘Bota ele aqui, Lu!’ Arthur falou apontando o meio da nossa cama. ‘Ele dorme com a gente hoje!’ Ele sorriu fofo. Botei Rodrigo com cuidado entre a gente e sorri o observando dormir enquanto Arthur fazia carinho em sua cabeça.
Olhei para os dois juntos e percebi que a semelhança entre eles parecia se acentuar a cada dia, Rodrigo estava se tornando a exata copia de Arthur.
‘Boa noite.’ Sussurrei e sorri.
‘Boa noite.’ Ele se esticou por cima de Rodrigo e me deu um selinho sorrindo.
Capitulo 20
(n/a: aconselho ir botando pra carregar; Stranger – Secondhand Serenade)
Ouvi
uma musiquinha irritante tocar e a cada segundo ela parecia ficar mais
alta. Abri os olhos ainda zonza e reconheci o toque estridente do meu
celular. Olhei para o lado da cama e percebi que Arthur
não estava lá, desviei o olhar pro criado mudo e olhei o relógio
constatando que já passavam das nove da manhã. Estiquei o braço com
muito esforço e consegui alcançar aquele aparelho com o barulho
irritante, nem me dei ao trabalho de olhar o visor.
‘Hm...’ Foi a única coisa que consegui pronunciar.
‘Parabéns, amiga!!’ A voz de So
chegou até meus ouvidos me fazendo sentir uma pontada na cabeça ao
mesmo tempo em que eu lembrava que hoje era meu vigésimo aniversário.
‘Te acordei?’ Ela continuava com a voz feliz e eu esfreguei os olhos.
‘Uhum.’ Minha boca estava seca e eu mal conseguia abri-la para falar. ‘So , posso te ligar daqui a cinco minutos?’ Falei com dificuldade e a voz extremamente embolada.
‘Pode
sim, preguiçosa!’ Ela riu e eu esbocei um sorriso fraco. ‘Beijo!’ Ela
desligou o telefone e eu fiquei deitada na cama na mesma posição.
‘Arthur.’
Tentei falar alto, mas provavelmente ele não me ouviria nem se
estivesse no banheiro com a porta aberta. ‘Saco.’ Bufei sentando na cama
com o maior esforço e passei meus olhos pelo quarto. Passei minhas mãos
pelo cabelo desembolando-os um pouco e prendi em um nó frouxo.
Me
espreguicei e finalmente consegui me levantar e me arrastar até o
banheiro. Céus, parecia que eu tinha sido atropelada por um caminhão,
tudo culpa da minha querida chefinha
que tinha resolvido me passar todas as tarefas possíveis e impossíveis
no dia anterior. Por que diabos eu inventei de estagiar naquela empresa
mesmo? Ah, lembrei, porque e tenho que sustentar a mim e ao meu filho.
Parabéns, Lua, você é um exemplo de sexo seguro.
Ri
sozinha com meus pensamentos idiotas e quando cheguei ao banheiro vi
que tinha um recado grudado no espelho, reconheci a caligrafia fina e um
tanto quanto desajeitada de Arthur.
"Fui até o mercado com Rodrigo, não demoro.
Arthur."
Ah, ótimo. Espero que ele se lembre de comprar veneno pra eu botar no café da minha chefe!
Escovei
os dentes e passei uma água pelo rosto para tentar disfarçar minha cara
de zumbi. Voltei para o quarto, agora mais acordada e peguei o telefone
discando rapidamente o numero da casa da So que eu já sabia de cor.
‘Hey!’ Falei animada.
‘Bom dia, aniversariante do diiia!’ Ela cantarolou me fazendo rir. ‘Então, como é ter vinte anos?’ Perguntou rindo.
‘Hm, além das rugas, pés de galinhas, celulites e preocupações que irei ganhar? A mesma coisa de ter dezenove.’ Brinquei.
‘Nossa, Lu,
como você é dramática, fala sério!’ Ela bufou. ‘Então, eu ainda não
comprei seu presente porque sei como você é chata pra achar alguma coisa
que te agrade.’ Sou mesmo, alguma problema? ‘Então tava pensando se
você não quer ir ao shopping agora pra você mesma escolher!’ Ela falou
animada.
‘Hm, e eu posso escolher qualquer coisa?!’ Fiz voz de criança e Sophia riu.
‘Sem exageros, Lua!
Eu sou uma pobre universitária a procura de um estágio e que ainda é
sustentada pelos pais!’ Às vezes eu esqueço que ainda somos
universitárias e principalmente, sustentadas pelos pais. Tá bom, eu não
sou sustentada pelos meus pais, eles mandam uma mesada mensal, mas quem
sustenta a mim e ao Rodrigo sou eu. Claro que o Arthur ajuda com o Rodrigo, mas enfim... ainda somos meras universitárias.
‘Ok, vou tomar café e me arrumar. Você passa aqui?’ Perguntei indo até a cozinha e abrindo a geladeira.
‘Passo! Em quarenta minutos tá bom?’
‘Ãhan!’ Respondi botando um waffle na boca.
‘Então, até mais! Beijos!’ Ela falou animada e desligou o telefone.
Tomei
o café tranquilamente e depois corri pro banho. Pensei ter ouvido o
barulho da porta batendo, mas quando saí do banheiro a casa continuava
vazia, exceto por mim, claro! Me vesti com uma bata azul clara, uma
calça jeans e um all star da mesma cor da bata.
Quando estava indo pra sala esperar por Sophia, meu celular tocou e o nome dela apareceu na tela, nem atendi, So sempre dá toques pra avisar que já chegou aos lugares. Deixei um bilhete ao lado do telefone falando pra Arthur que tinha ido ao shopping com Sophia e saí de casa.
‘Hey, aniversariante!’ Sophia
sorriu quando eu entrei no carro. ‘Iai, como tá sendo o dia do vigésimo
aniversário?’ Ela perguntou empolgada e eu arqueei a sobrancelha.
‘Erm... normal?’ Falei na duvida e ela riu.
‘E o Arthur?’ Ela me olhou de rabo de olho e eu dei de ombros.
‘Foi ao mercado com o Rodrigo.’ Falei sem animação. ‘E não me deu nem parabéns no bilhete.’ Falei um pouco mais baixo.
‘Hm, agora entendo o porquê dessa falta de animação.’ Ela balançou a cabeça.
‘Ei, não tem nada a ver isso.’ Bufei cruzando os braços.
‘Ah tá bom, conta outra, Lua!’
Ela riu e eu apenas suspirei alto e preferi ficar calada. ‘Então, já
sabe o que vai querer?’ Ela perguntou quando chegamos ao shopping.
‘Nop!’ Falei tentando pensar em alguma coisa.
‘Então
vamos rodar esse shopping inteiro, até achar alguma coisa! Só saio
daqui com seu presente!’ Ela sorriu e entramos no shopping.
Rodamos durante quase uma hora, até que Sophia
achou um vestido que segundo ela tinha sido feito especialmente para
mim. Era preto bem curtinho e amarrava no pescoço. Me olhei durante
alguns segundos no espelho e me convenci de que ele era realmente
perfeito, quando saí do provador ela já estava pagando.
‘Hey, eu ia pagar!’ Falei andando até ela com o vestido na mão e a vendedora logo o pegou para guardar na sacola.
‘Se
você pagar, não vai ser um presente meu, dã!’ Ela fez uma cara
retardada e eu ri. ‘Agora vamos que eu quero achar um vestido pra mim
também.’ Ela pegou a sacola e me puxou pra fora da loja. ‘Parabéns,
amiga!’ Ela fez uma voz de criança e me estendeu a sacola que a
vendedora tinha acabado de lhe entregar.
‘Ah, um presente? Pra mim?’ Fiz uma cara de espanto. ‘Nem imagino o que seja!’ Peguei a sacola enquanto Sophia ria.
Passamos quase duas horas pra achar algum vestido que agradasse a So
, ela sempre acabava encontrando algum mínimo defeito e dizia que não
tinha gostado do vestido, mesmo que a grande maioria deles tivessem
ficado perfeitos nela.
‘Ain,
não sei.’ Ela falou se olhando no espelho e eu bufei sentada em um
banco. Minhas pernas já estavam começando a doer e eu não agüentava mais
a So falando sempre as mesmas coisas. ‘Ficou bom mesmo?’ Ela me olhou em duvida e eu rolei os olhos.
‘Ficou ótimo, Sophia.’ Falei sem paciência.
‘Mas Lu,
você falou isso em praticamente todos os vestidos que eu experimentei.’
Ela falou fazendo manha e eu tive vontade de bater nela.
‘Talvez porque praticamente todos eles tenham ficado bons em você!’ Respondi me levantando. ‘Vai So
, esse ficou realmente lindo! Eu não agüento mais entrar em cabines e
ver você experimentar pelo menos dez vestidos em cada loja e não sair de
lá com nenhum!’ Falei a verdade e ela me olhou com um olhar de culpa.
‘Desculpa, amiga. Hoje é seu aniversário e eu aqui pensando só em meu vestido.’ Ela baixou os ombros.
‘Não é isso, So
. Você sabe que eu gosto de sair com você, de vir passear no shopping. É
só que essa coisa de entrar e sair de tantas lojas realmente me cansa!’
Sentei novamente no banco.
‘Ok!
Eu vou ficar com ele então, certo?’ Ela me olhou pelo espelho e eu
sorri. Aquele vestido realmente tinha ficado bem nela. Era soltinho e um
pouco acima dos joelhos e num tom azul claro.
Finalmente saímos da loja com uma sacola e eu senti meu estomago roncar.
‘Ai, to com fome.’ Passei a mão pela barriga.
‘Eu também, vamos almoçar por aqui mesmo?’ Ela falou animada e eu concordei mesmo querendo ir pra casa. Arthur ainda não tinha dado noticia e aquilo me deixava realmente preocupada.
Logo depois que entramos no restaurante o celular de Sophia começou a tocar.
‘Hey,
amor!’ Ela atendeu o telefone animada. ‘Ahn, ok.’ Ela fez um gesto me
avisando que ia sair rápido e eu concordei, mesmo achando um pouco
estranho. Ela nunca se afastava pra falar com Micael, às vezes até botava no viva voz para que eu também ouvisse a conversa.
Minutos depois ela voltou e estendeu o celular pra mim.
‘O Micael quer falar com você!’ Falou mais baixo e sorriu.
‘Hey, Micael!’ Sorri.
‘Parabéns, Lu!!’ Ele falou animado me fazendo rir.
‘Brigada, xuxu!’ Ouvi uma risada de criança e reconheci a voz do Rodrigo ao fundo. ‘Você tá com o Rodrigo?’ Perguntei em duvida e So me olhou preocupada.
‘Erm... to sim!’ Ele falou um pouco em duvida. ‘O Arthur veio aqui em casa e trouxe ele.’ O que diabos Arthur tinha ido fazer na casa de Micael, era a pergunta que martelava na minha cabeça.
‘Ahn, ok! E tá tudo bem com eles?’ Perguntei mordendo o lábio em seguida.
‘Tá sim. O Arthur foi lá na cozinha e eu fiquei aqui na sala com o Rodrigo. Você quer falar com um dos dois?’ Mais uma vez ouvi a risada de Rodrigo e sorri sozinha.
‘Não!’ Falei rápido. ‘Só fala pro Rodrigo que eu mandei um beijo.’ Olhei pra Sophia que sorria sentada na minha frente. Micael concordou e eu me despedi entregando o celular pra So .
‘O Arthur tá lá com o Micael.’ Falei tentando fingir naturalidade na voz.
‘E você ficou toda afetadinha por isso.’ Ela riu e eu bufei.
‘Claro que não.’ Dei de ombros.
‘Tá bom Lu,
finge que me engana que eu finjo que acredito.’ Ela falou rindo e eu
afundei na cadeira do restaurante completamente frustrada.
Além de ir pro mercado sem nem ao menos me dar parabéns em uma droga de bilhete, Arthur ainda saía pra casa dos amigos e nem ao menos era capaz de pegar o telefone pra falar comigo.
Tentei tirar esses pensamentos da minha cabeça, pelo menos enquanto almoçava, mas foi inútil. O fato de Arthur não me ligar pra dizer ao menos um “feliz aniversário” realmente me afetava, e muito. Sophia
falava sobre vários assuntos e eu apenas concordava e sorria
constantemente sem nem ao menos prestar atenção ao que ela falava.
‘Lu!’ Ouvi So
falar meu nome um pouco mais alto e desviei meu olhar para ela. ‘Você
passou o almoço todo fingindo que tava me ouvindo e agora tá aí em outro
planeta.’ Ela falou se levantando e só então me dei conta que ela já
tinha pedido a conta e pago tudo.
‘Sophia,
não acredito que você pagou a conta sozinha, era pra gente dividir.’
Falei um pouco emburrada e ela bufou caminhando pra fora do restaurante
sem nem olhar pra mim. ‘Desculpa, amiga.’ Falei quando consegui caminhar
ao seu lado.
‘Tudo bem.’ Ela forçou um sorriso e eu me senti extremamente culpada.
‘Vai, pede qualquer coisa que eu faço!’ Sorri ficando em frente a ela.
‘Qualquer
coisa?’ Ela abriu um sorriso discreto arqueando a sobrancelha e eu
confirmei mesmo estando com um pouco de medo do que ela iria pedir.
‘Vamos
ao salão?’ Ela fez uma voz de criança e eu suspirei aliviada, achei que
ela fosse pedir algo muito pior. ‘Mas vamos pra sair de lá
completamente renovadas, tem tempos que a gente não vai ao salão juntas e
passa a tarde toda lá!’ Ela me puxou pela mão antes mesmo que eu
pudesse contestar.
‘Ok, ok. Mas não precisamos passar a tarde toda né?’ Fiz manha e ela deu língua.
‘Ok, só o tempo suficiente pra nos sentirmos extremamente bem com nossas aparências!’ Ela riu e eu concordei sorrindo também.
Não sei dizer ao certo quanto tempo eu e Sophia
passamos enfurnadas naquele salão, o caso “eu ainda não recebi os
parabéns do pai do meu filho” ainda me incomodava muito, e eu preferi
tentar esquecer e deixar que as horas passassem sem me preocupar.
Meu
celular tocou inúmeras vezes, parecia que todo mundo tinha se lembrado
do meu aniversário ao mesmo tempo. Era eu desligar o celular e ele já
tocava novamente.
Olhei pra So que ria de alguma coisa que Sidney, o cabeleireiro escandaloso, tinha dito e percebi como ela estava bonita e feliz. Micael
realmente estava fazendo bem pra ela. Seu sorriso era sincero e ela
parecia não ter medo, era como se nada pudesse a atingir. Mordi o lábio
por alguns segundos pensando em como eu também queria poder me sentir
assim, queria ter a certeza de que sempre teria alguém pra me apoiar e
me dar forças. Lembrei do dia no parque, de Arthur
cantando a musica do The Used e sorri sozinha. Era melhor deixar com
que o tempo se encarregasse de tudo. Ele era sempre a melhor solução.
Minutos depois Sophia se levantou e eu reparei em como seus cabelos estavam brilhando. Sorri quando ela passou na minha frente.
‘Como eu estou?’ Ela deu uma voltinha e eu reparei que ela tinha cortado um pouco o cabelo e repicado a franja.
‘Linda!’ Falei sincera e ela sorriu.
‘E
você não fica pra trás! Amei seu cabelo assim.’ Ela falou passando a
mão levemente pela minha franja e eu agradeci. ‘Vamos?’ Concordei e
saímos do cabeleireiro.
Só
quando saímos da garagem do shopping fui me dar conta de que o sol já
tinha desaparecido. Peguei meu celular na expectativa de ter alguma
ligação perdida, mas não havia nada. Bufei jogando o celular em minha
bolsa e percebi um pequeno sorriso no canto da boca de So .
‘Que foi?’ Arqueei a sobrancelha e ela riu.
‘Nada, oras.’ Deu de ombros sem desviar a atenção das ruas.
Voltei
meu olhar para as casas que passavam lentamente pela janela do vidro.
Uma chuva fraca começou a cair fazendo com que os pingos batessem no
vidro do carro e eu me perdesse olhando as gotinhas escorrerem como se
disputassem uma corrida até o final do vidro.
Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa senti Sophia
estacionar o carro e quando olhei pelo vidro percebi que estávamos
paradas em frente ao meu prédio. Ela soltou do carro com um guarda chuva
e correu até a minha porta abrindo-a fazendo com que o guarda chuva
protegesse nós duas. Sorri agradecida e logo depois andamos depressa pra
dentro do prédio.
Enquanto esperávamos o elevador, Sophia
pegou o celular e digitou uma mensagem rápido ainda com um sorriso
misterioso no rosto. Subimos em silêncio e quando chegamos na porta do
apartamento parei um pouco tentando ouvir algum barulho, mas tudo estava
silencioso e a luz estava apagada, Arthur ainda devia estar na casa de Micael.
Abri a porta e me assustei quando dei de cara com Arthur, Rodrigo e Micael sorridentes e segurando um pequeno bolinho com uma vela acesa. Olhei para Sophia que caminhava até Micael sorrindo, ela o abraçou de lado e me olhou.
‘Parabéns, amiga!’ Ela riu e eu balancei a cabeça mordendo o lábio.
‘Parabéns, Lu!’ Micael me abraçou com um sorriso imenso no rosto.
‘Não acredito que vocês planejaram tudo isso, é um complô?’ Perguntei sorrindo ainda abraçada a Micael e os três riram.
‘A gente não ia esquecer de você!’ Ele piscou. Senti Rodrigo abraçar minhas pernas e me agachei ficando em altura.
‘E você também né pirralho, armou contra a mamãe!’ O abracei.
‘Parabéns,
mamãe!’ Ele falou sapeca e eu o apertei contra mim. ‘Você tá linda!’
Ele passou as mãozinhas por meu cabelo e eu senti meus olhos encherem de
lágrimas. Dei um beijo em sua testa e depois ele correu até Micael que estava no sofá com Sophia.
Me levantei suspirando e observei Arthur caminhar até mim sorrindo. Cruzei os braços fingindo estar emburrada com ele e balancei a cabeça.
‘Você
achou que eu ia esquecer do seu aniversário?’ Ele perguntou segurando
meu rosto com as duas mãos e eu sorri sem graça confirmando, ele riu
baixo e me deu um selinho demorado. ‘Eu não ia esquecer da minha
velhinha cheia rugas e pés de galinha.’ Ele brincou e eu resmunguei
baixinho o abraçando pela cintura.
‘Vamos jantar?’ Micael falou animado e Arthur me olhou.
‘Tá
com fome?’ Ele sorriu e eu confirmei balançando a cabeça. Ele me deu um
selinho rápido e me puxou pela mão até a mesa arrumada.
‘Comida japonesa!!’ Falei sorrindo e fiz uma cara de criança.
‘Sua preferida!’ Arthur falou com um sorriso bobo.
Jantamos
entre risos e zoações, o alvo da noite era eu, claro! Só porque pensei
que meus amigos tinham esquecido de mim no meu próprio aniversário.
Já passavam da meia noite quando Sophia e Micael foram embora. Rodrigo ainda estava no sofá, praticamente dormindo sentado.
‘Yey, vamos dormir, príncipe!’ O peguei no colo e fui até seu quarto com Arthur logo atrás de mim. Ficamos algum tempo lá observando enquanto Rodrigo rapidamente entrava em um sono profundo. Senti Arthur passar as mãos pela minha cintura me abraçando apertado e seu queixo ficou apoiado em meu ombro.
‘Tá com sono?’ Ele perguntou baixo e eu balancei a cabeça.
‘Só um pouco.’ Respondi no mesmo tom.
Ele
pegou minha mão e me levou novamente pra sala. Sentei no sofá enquanto
ele estava em frente ao aparelho de som escolhendo algum cd.
‘Arthur, já passam da meia noite, tá meio tarde pra ouvir musica não?’ Falei brincando, mas ele não respondeu.
Fiquei
o observando de costas enquanto ele parecia concentrado em achar algum
cd. Fechei os olhos encostando minha cabeça no encosto do sofá e
respirei fundo tentando não pensar em nada por alguns instantes. Ouvi a
introdução de uma musica e abri os olhos a tempo de ver Arthur sorrindo e estendendo a mão.
‘Arthur,
o que é isso?’ Falei rindo baixinho enquanto aceitava sua mão. Ele
sorriu e pegou minhas mãos entrelaçando em seu pescoço, depois me
abraçou pela cintura. (n/a: botem a musica pra tocar!)
" Turn around
( Vire-se )
Turn around and fix your eye in my direction
( Vire-se e fixe seus olhos na minha direção )
So there is a connection
( Então existe uma ligação )
Now I can't speak
( Agora eu não posso falar )
I can't make a sound to somehow capture your attention
( Não posso fazer algum barulho para chamar a sua atenção )
I'm staring at perfection
( Eu estou admirando a perfeição )
Take a look at me so you can see
( Me olhe então poderá ver )
How beautiful you are
( Como você é bonita ) "
Eu sentia a respiração quente de Arthur
bater em meu pescoço enquanto nossos corpos se movimentavam lenta e
sincronizadamente. Ele acariciava minhas costas passando os dedos
suavemente por ela enquanto eu estava com a cabeça encostada em seu
ombro respirando seu perfume intoxicante.
" You call me a stranger, you say I'm a danger
( Você me chama de estranho, você diz que eu sou perigoso )
But all these thoughts are leaving you tonight
( Mas todos esses pensamentos estão deixando você esta noite. )
I'm broken, abandoned; you are an angel
( Eu estou quebrado, abandonado; você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite ) "
Senti Arthur
me dar um beijo na bochecha e sorri levantando meu rosto para olhá-lo.
Ele retribuiu meu sorriso e encostou a testa na minha me abraçando mais
forte.
‘Brigada.’
Sussurrei sorrindo com a boca próxima a dele. Ficamos com os rostos
praticamente colados e apenas nos movimentando no ritmo lento da
musica. Arthur
soprou levemente em minha boca e eu ri baixinho vendo-o sorrir também.
Ele passou o nariz por minha bochecha fazendo carinho e eu suspirei
sentindo um arrepio bom passar por todo meu corpo.
" I'm confident
( Estou confiante )
But I can't pretend I wasn't terrified to meet you
( Mas eu não posso fingir que estava apavorado em conhecer você )
I knew you could see right through me
( Eu sabia que você poderia ver através de mim )
I saw my life flash right before my very eyes
( Vi minha vida passar rapidamente diante dos meus olhos )
And any chance what we turn into
( E qualquer chance que nós tivemos de tornar isso realidade )
I was hoping that you could see
( Eu esperava que você pudesse ver )
Take a look at me so you can see
( Me olhe então poderá ver )
You call me a stranger, you say I'm a danger
( Você me chama de estranho,você diz que eu sou perigoso )
But all these thoughts are leaving you tonight
( Mas todos esses pensamentos estão deixando você esta noite. )
I'm broken, abandoned; you are an angel
( Eu estou quebrado, abandonado; você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite )
You are an angel
( Você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite )
Take a look at me so you can see
( Me olhe então poderá ver )
How beautiful you are
( Como você é bonita ) "
Arthur
beijou o canto da minha boca e sorriu. Entrelacei meus dedos em seu
cabelo ao mesmo tempo em que ele mordia meu lábio inferior e o puxava
levemente com os dentes, me fazendo soltar um gemido baixinho.
Lentamente ele encostou a boca na minha e eu senti uma fraqueza nas
pernas, sorri antes de abrir a boca calmamente dando passagem para que
nossas línguas se encontrassem e eu sentisse as borboletas fazendo uma
festa em meu estomago. Uma sensação gostosa passou por todo meu corpo me
fazendo sentir segura e relaxada.
" Your beauty seems so far away
( Sua beleza parece tão distante )
I'd have to write a thousand songs
( Eu teria que escrever milhares de músicas )
To make you comprehend how beautiful you are
( Para te fazer entender como você é bonita )
I know that I can't make you stay
( Eu sei que eu não posso fazer você ficar )
But I would give my final breath
( Mas eu gostaria de te dar meu último suspiro )
To make you understand how beautiful you are
( Para te fazer entender como você é bonita )
Understand how beautiful you are
( Entenda como você é bonita )
You call me a stranger, you say I'm a danger
( Você me chama de estranho, você diz que eu sou perigoso )
But all these thoughts are leaving you tonight
( Mas todos esses pensamentos estão deixando você esta noite. )
I'm broken, abandoned; you are an angel
( Eu estou quebrado, abandonado; você é um anjo )
Making all my dreams come true tonight
( Fazendo todos os meus sonhos virarem realidade esta noite )
You call me a stranger
( Você me chama de estranho)
You say I'm a danger
( você diz que eu sou perigoso )
You call me a stranger
( Você me chama de estranho) "
A
musica terminou e nós continuamos no meio da sala, não prestávamos
atenção em mais nada a nossa volta. Não existia pressa e nem segundas
intenções nos beijos e nos toques, estávamos apenas nos deixando levar
pelo momento.
Arthur
constantemente dava leves mordidas em meu lábio inferior me fazendo
sorrir. Senti ele me empurrar lentamente até o sofá e aos poucos ir me
deitando e ficando por cima de mim, sem partir o beijo. Ele encaixou as
pernas entre as minhas enquanto acariciava minhas costas por debaixo da
blusa e não fez mais nada, ficamos apenas ali, deitados, nos beijando e
aproveitando a companhia um do outro.
Parti o beijo sorrindo e encarei os olhos de Arthur
bem de perto, nossas respirações estavam lentas e pesadas. Ele rolou
pro meu lado no sofá e me abraçou pela cintura, deitei minha cabeça em
seu ombro observando seu peito subir e descer rapidamente. Ficamos
alguns instantes em silencio, fechei os olhos enquanto ele acariciava
minhas costas fazendo desenhos imaginários com os dedos.
‘Lu.’ Ele falou de repente sentando no sofá e eu abri os olhos um pouco assustada.
‘Oi.’ Falei baixo sentando ao lado dele e abraçando meus joelhos.
‘Eu
preciso falar uma coisa.’ Ele passava as duas mãos nervosamente pelo
cabelos e eu arqueei a sobrancelha. ‘Eu... não sei como dizer isso. Eu
nem sei se eu já falei isso pra você.’ Ele suspirou e eu senti meu
coração gelar, ele não ia falar o que eu estava pensando, ia?
‘Já
fazem sete meses desde que eu saí do hospital e bem, fazem também
praticamente sete meses que a gente tá junto.’ Ele falava devagar como
se estivesse escolhendo as palavras e eu sentia meu coração acelerar.
‘Esses sete meses têm sido os mais importantes da minha vida. Saber que
eu tenho um filho e que eu tenho você aqui do meu lado, é uma das coisas
que mais me faz feliz.’ Ok, ele definitivamente estava indo longe
demais. Meu coração estava prestes a sair pela boca e a cada segundo que
passava eu tinha mais certeza do que ele estava prestes a dizer.
Arthur segurou meu rosto com as duas mãos e encostou nossas testa respirando fundo.
‘Lu, eu...' Ele suspirou fundo e me olhou nos olhos. 'Eu te...’
‘Arthur,
não.’ Implorei baixinho ainda sentindo sua respiração bater em minha
boca. ‘Não faz isso.’ Continuei falando antes mesmo que meu cérebro
conseguisse processar qualquer coisa.
Senti
as lágrimas chegarem aos meus olhos, eu nem sabia por que eu tinha dito
aquilo. Afinal, eu não esperei dois anos pra ouvir aquelas palavras? Arthur
se afastou lentamente e eu o olhei atordoada tentando entender tudo
aquilo. Seu rosto tinha uma mistura de angustia e duvida.
Balancei a cabeça me encolhendo ainda mais no sofá e deixei algumas lágrimas rolassem livres por meu rosto.
‘Não
é justo com você, eu não posso...’ Solucei alto e de repente as
palavras fugiram da minha mente, a frase incompleta dele era a única
coisa que martelava em minha cabeça e eu procurava uma justificativa pra
tudo aquilo, pra minha reação.
Imagens do nosso passado vieram na minha cabeça, todas as vezes que Arthur
saía e só voltava no outro dia de manhã, todas as vezes que eu atendi o
celular dele e ouvi uma voz feminina do outro lado da linha. Eu não
podia privar ele daquela vida, aquela era a vida dele, não era?
‘Lu, sai da minha frente.’ Arthur implorou baixinho com os cotovelos apoiados na perna e as mãos cobrindo o rosto.
‘Arthur, por favor, eu só...’
‘Sai, Lua.’
Ele falou num tom machucado e ao mesmo tempo com uma raiva controlada.
Eu solucei e o observei durante alguns segundos, a sala em completo
silêncio, por alguns instantes achei que estivesse ouvindo meu próprio
coração, ou talvez o dele.
Me levantei calmamente e andei até o quarto, me apoiando nos móveis.
Quando
abri a porta me assustei ao encontrar um enorme pacote em cima da cama.
Fechei a porta e caminhei lentamente até a cama. Minha vista estava
embaçada por causa das lagrimas que caiam sem controle. Observei o
cartão grudado no pacote e reconheci a caligrafia de Arthur.
“Não sei por que, mas ele me lembrou você. Talvez você se sinta mais jovem com ele! Espero que goste.
Com amor,
Arthur.”
Abri
o embrulho com pressa e sorri quando me deparei com um enorme urso de
pelúcia segurando um coração. Lembrei de uma vez que comentei com Arthur sobre nunca ter ganhado um urso enorme na infância e isso ter se tornado um trauma pra mim.
Mas...
quando eu falei isso pra ele, não foi antes do acidente? Senti meu
coração começar a bater mais rápido novamente e reli o cartão. “Não sei por que, mas ele me lembrou você”. Não podia ser.
Me
encostei no armário e deslizei até o chão cobrindo meu rosto com as
mãos e chorando alto sem me preocupar com quem pudesse ouvir.
Nem
sei quanto tempo fiquei ali no chão, me levantei completamente tonta e
sentindo que minha cabeça podia explodir a qualquer momento. Caminhei
desajeitada até a cama e deitei encarando o teto por alguns instantes.
“Lu eu... eu te...”,
aquela frase martelava em minha cabeça e eu sentia meu coração ser
esmagado cada vez mais. Suspirei tentando controlar um pouco o choro e
me agarrei ao grande urso que estava ao meu lado na cama. Ele tinha o
cheiro do Arthur, e talvez por isso eu tenha adormecido tão rápido.
Capitulo 21
Ouvi
uma porta batendo e abri meus olhos me assustando com um urso enorme
que eu estava abraçada. Levantei um pouco a cabeça e a claridade que
entrava pela janela fez com que eu fechasse rapidamente meus olhos. Fiz
uma careta botando a mão na cabeça que latejava como se alguém estivesse
pisando-a. Virei novamente para o urso ao meu lado e em questão de
segundos várias imagens da noite passada invadiram minha cabeça fazendo
com que ela latejasse ainda mais forte. Fechei meus olhos com força
tentando controlar a dor e tentando fazer a imagem do rosto angustiado e
machucado de Arthur sair do meu pensamento.
Senti
um enjôo repentino e a única coisa que consegui fazer foi correr para o
banheiro e me ajoelhar em frente ao vaso sentindo a garganta arder
enquanto colocava pra fora provavelmente tudo que tinha comido nos
últimos dias. Algumas lágrimas rolaram por meu rosto por causa do
esforço que eu estava fazendo, minha cabeça ao invés de latejar como se
estivesse sendo pisoteada, agora parecia que estava sendo esmagava cada
vez com mais força. Fiquei algum tempo ajoelhada respirando
pausadamente, até que consegui reunir alguma força para me levantar.
Caminhei
até a pia e liguei com força molhando meu rosto com as mãos, a água
gelada me fez sentir um pouco melhor e a tontura parecia diminuir aos
poucos. Me olhei no espelho apenas pra constatar o que eu já sabia, eu
estava um trapo. Meus olhos inchados combinavam com as olheiras e o
cabelo que parecia que a anos não via uma escova.
Sequei meu rosto e caminhei lentamente até a sala, uma parte de mim queria desesperadamente encontrar Arthur
dormindo por ali, outra parte me dizia que era melhor que ele não
tivesse, tempo talvez fosse exatamente o que precisássemos.
A sala estava vazia, assim como a cozinha e o quarto de hospedes, fui até o quarto de Rodrigo
e vi que ele ainda dormia, só então me dei conta de que ainda eram sete
da manhã. Voltei para o quarto e sentei na cama abraçando minhas pernas
e me perguntando aonde Arthur
teria ido. Pensei em ligar para o trabalho e inventar uma doença
qualquer, mas talvez trabalhar até me fizesse bem, me ajudaria a
esquecer um pouco as coisas.
Quando o relógio marcou sete e meia fui acordar Rodrigo,
dei banho nele e o vesti com a roupa da escola. Deixei-o na sala
brincando e fui tomar meu banho, a água morna me fazia sentir mais
relaxada, por mim ficaria horas embaixo do chuveiro, mas o trabalho me
chamava. Meia hora depois saí de casa e fui levar Rodrigo na escola, seguindo pro trabalho em seguida.
‘Blanco,
se você continuar assim serei obrigada a descontar do seu salário as
horas que você anda dormindo em serviço!’ Minha chefe passou pela minha
mesa gritando quando eu já estava quase entrando em sono profundo.
‘Não,
desculpa Margot, foi apenas um deslize!’ Falei me ajeitando na cadeira e
sorri falsamente. Ela rolou os olhos e saiu batendo o salto.
Passei
a mão pelo rosto dando leves tapinhas pra me manter acordada e levantei
pra pegar a vigésima dose de café em menos de duas horas. Quando voltei
pra mesa vi que tinha uma mensagem da Sophia no celular.
“Tudo bem entre você e o Arthur?”
Era o que dizia na mensagem.
Ah
claro, tudo ótimo, com o único detalhe que ontem ele ia falar tudo o
que eu mais quis ouvir em dois anos e eu simplesmente o impedi e nem sei
direito o porquê. E pra piorar ele saiu de casa hoje cedo e eu não faço
idéia do que fazer quando encontra-lo. Tirando isso? Tudo as mil
maravilhas, melhor impossível.
“Tudo bem. Por quê?”
Ah,
não queria falar no assunto, depois eu ia contar pra ela de qualquer
jeito. Fora que se a Margot me pegasse trocando mensagens ela
descontaria do meu ínfimo salário pelos próximos vinte anos.
“Hm...ele tá aqui na casa do Micael e parece meio mal. O Micael tá conversando com ele.”
Ah, ótimo! Arthur vai falar pro Micael, que depois vai contar pra Sophia, que depois vai me matar por ter mentido pra ela.
“Almoça comigo? Preciso conversar com alguém!”
Não dá pra falar por mensagens de celular né?
“Sabia que tinha alguma coisa! Estarei de esperando meio dia em ponto aí na frente do prédio.”
Como eu posso explicar pra Sophia uma coisa que eu mesmo consigo entender?
Fiquei
alguns minutos pensando até ouvir os saltos da Margot se aproximando e
fingi fazer anotações alternando meu olhar da tela do computador pro
caderno. Ela passou por mim e lançou um olhar de estou de olho em você,
sorri falsamente de novo e quando ela virou mandei dedo do meio fazendo
com que Jake, um dos meus companheiros de estágio, soltasse um riso
abafado.
‘Você não presta, Lu!’ Ele balançou a cabeça e eu dei de ombros rindo.
Os
minutos pareciam horas e eu teimava em olhar o relógio de cinco em
cinco minutos. A máquina de café me parecia mais atraente a cada minuto,
às vezes sentia a impressão de que estava circulando cafeína em minhas
veias.
Liguei pra Kat, a babá do Rodrigo, e pedi que ela fosse pegá-lo na escola para que eu pudesse conversar tranquilamente com Sophia.
Olhei novamente o relógio no computador constatando que faltavam cinco
minutos para o meio dia, nem pensei em mais nada, peguei minha bolsa e
saí caminhando apressada.
‘Pontualidade é o seu forte, amiga!’ So
sorriu pra mim quando eu saí do prédio. Sorri fraco apertando os olhos
por causa do sol. ‘Ih, já vi que a coisa foi séria.’ Ela falou num tom
de deboche, mas sem sorrir. Eu apenas balancei a cabeça e fui andando
até o carro.
Seguimos o caminho até o restaurante em silêncio. Eu porque tinha medo de começar a falar e cair no choro novamente, já Sophia,
talvez apenas por ter percebido que eu não queria falar nada naquele
momento. Entramos no restaurante e sentamos numa mesa mais afastada,
pedi uma água e o garçom sorriu amigavelmente.
‘Então...’ Sophia sorriu me encorajando e eu respirei fundo.
‘Se
importa se eu chorar?’ Falei já com lágrima nos olhos. Ela pegou minha
mão que estava em cima da mesa e balançou a cabeça negativamente.
‘Ontem... depois que você e o Micael foram embora, nós botamos o Rodrigo pra dormir e o Arthur
me perguntou se eu estava com sono. Eu disse que só um pouco e ele me
puxou pra sala e botou uma musica super romântica, quando dei por mim já
estávamos dançando no meio da sala.’ Sorri lembrando, mas deixei as
lágrimas caírem por meu rosto.
O garçom voltou com a água e me olhou estranho, eu balancei a cabeça em agradecimento e ele saiu de perto. Voltei a encarar So que me olhava séria.
‘Depois
a gente deitou no sofá e ficamos lá, nos beijando, sem segundas
intenções e nem nada. Isso é uma das coisas que eu mais gosto nele,
sabe? A gente não precisa fazer tudo já pensando em sexo, ele
simplesmente deita do meu lado e fica fazendo carinho em mim.’ Falei de
uma maneira tão boba que So soltou um own me fazendo rir. ‘Até aí tudo bem, mas de repente ele se levantou e começou a falar uma coisas...’
‘Ai meu Deus.’ Sophia soltou minha mão me olhando assustada.
‘Ele
parecia nervoso, e começou a falar que esses sete meses que a gente tá
junto eram muito importantes.’ Suspirei fechando os olhos e senti o
olhar curioso de Sophia sob mim. ‘So
, ele ia falar, ele ia falar o que eu sempre quis ouvir, e eu... eu...’
Escondi meu rosto com as mãos chorando baixinho. Fiquei alguns segundos
assim até sentir Sophia pegar minhas mãos e me olhar séria.
‘Lu,
não me diz que você impediu ele de dizer que te ama.’ Confirmei
morrendo de medo que ela me desse um tapa na cara ou algo do tipo, mas
ela apenas balançou a cabeça bufando e soltou uma risada de descrença.
Ficamos em silêncio durante alguns minutos, Sophia girava nervosamente o anel que estava em seu dedo, enquanto eu ainda soluçava baixinho.
‘So , fala alguma coisa, pelo amor de Deus.’ Pedi olhando pras minhas próprias mãos.
‘O que você quer que eu fale?’ Ela perguntou depois de algum tempo. ‘Desculpa, Lu, mas agora eu realmente não posso te consolar. E pára de chorar e vê se acorda pra vida.’ Ele pegou em minha mão sacudindo.
‘As senhoritas vão querer fazer o pedido?’ O mesmo garçom de antes parou em nossa mesa e sorriu.
‘Eu quero o prato do dia.’ Sophia sorriu de volta para ele que balançou a cabeça confirmando e depois olhou pra mim.
‘Tô
sem fome.’ Dei de ombros forçando um sorriso e ele se afastou sem fazer
nenhuma objeção. Acho que minha cara não estava exatamente amigável
naquele momento.
‘Vai se fingir de coitada agora? Vai parar de comer e morrer de anorexia?’ Sophia falou com ironia e eu a olhei séria.
‘Vai pra merda, Sophia.’ Bufei e ela cruzou os braços.
‘Não
costumo freqüentar os mesmos lugares que você.’ Ela olhou pras próprias
mãos e segundos depois olhamos uma pra cara da outra e começamos a rir.
‘Ainda não tinha ouvido essa, inventou agora?’ Falei sem parar de rir e ela mandou dedo.
‘Pára de rir sua retardada, sua situação é séria.’ Ela tentou ficar séria e eu balancei a cabeça concordando.
‘Eu sei, mas eu precisava dar risada. Meu estoque de lágrimas tá quase acabando.’ Dei de ombros.
Ficamos conversando até o almoço de Sophia chegar, olhei pro prato dela tentando não fazer careta quando meu estomago deu uma volta.
‘Que foi?’ Ela arqueou a sobrancelha e eu forcei um sorriso.
‘Nada. Amiga, eu já volto ok?’ Peguei minha bolsa e ela me olhou estranho.
‘Você vai me deixar almoçando sozinha?’
‘É
rápido, prometo!’ Sorri e sai rápido do restaurante. Aquele cheiro de
comida e todos aqueles pratos sendo servidos não estavam me fazendo
bem.
Corri para o banheiro mais próximo e novamente me ajoelhei em frente ao vaso sentindo minha garganta doer por causa do esforço.
Cuspi
algumas vezes e me certifiquei de que não iria fazer tudo de novo e
então me levantei saindo da cabine. Fui até a pia e limpei minha boca
passando uma água pelo rosto. Ajeitei meu cabelo e suspirei antes de
voltar pro restaurante.
‘Viu, foi rápido!’ Sentei em frente à Sophia e vi que ela já tinha praticamente terminado o almoço. ‘Ou talvez nem tanto.’ Sorri sem graça.
‘O que houve?’ Ela me olhou preocupada.
‘Nada!’ Falei naturalmente, evitando olhar pro prato dela. Sophia deu de ombros concordando e voltou a almoçar tranquilamente.
‘Vamos lá pra casa? Daí depois a gente vai pra faculdade juntas!’ Falei sorrindo quando o garçom recolheu o prato de Sophia.
‘Tudo isso pra não correr o risco de Arthur estar em casa e você ficar sozinha com ele?’ Ela arqueou a sobrancelha e eu senti meu rosto arder.
‘Não, claro que não.’ Disfarcei. ‘Claro que não é por isso, Sophia. É apenas pra irmos pra faculdade juntas.’ Dei de ombros e ela riu.
‘Ok, eu vou. Mesmo achando que é por causa do Arthur.’ Ela deu língua. ‘Vou lá pagar.’ Ela se levantou.
‘Paga minha água? Depois eu te dou o dinheiro.’ Sorri.
‘No dia que eu tiver que te cobrar por uma água eu vou preferir pedir esmola na rua, Lua.’ Ela riu e foi até o caixa.
Fui o caminho inteiro até em casa mentalizando que Arthur não estava lá. Quando cheguei em frente ao prédio vi o carro dele estacionado e meu coração começou a disparar.
‘Arthur tá em casa.’ Sophia comentou receosa e eu apenas concordei.
Quando abri a porta de casa Rodrigo veio correndo me abraçar, Arthur estava no sofá vendo tv junto com Micael.
‘Amor, não sabia que você estava aqui!’ Sophia sorriu dando um selinho em Micael.
‘Erm... eu e o Arthur almoçamos juntos, daí acabamos vindo pra cá depois.’ Ele sorriu um pouco sem graça.
‘Hey, Micael!’ Dei um beijo na bochecha dele.
Olhei pra Arthur,
e quando nossos olhares se encontraram ele voltou a olhar a tv. Senti
meu coração despencar de uma altura incalculável quando reparei em seu
olhar magoado. Sophia me puxou pra quarto deixando-os junto com Rodrigo na sala.
‘Céus, o que é isso?’ Sophia perguntou assustada quando viu o enorme urso que Arthur tinha me dado em cima da cama.
‘O Arthur
me deu de aniversário.’ Sorri fraco e ela me olhou boquiaberta. ‘Eu só
soube depois que já tinha feito a besteira, ok?’ Sentei na cama
abraçando os joelhos.
‘Ai, Lu, ele é lindo!’ Ela falou olhando pro urso e eu estendi o cartão que Arthur
tinha escrito. ‘E sabe o que é mais estranho?’ Perguntei depois que ela
terminou de ler. ‘Uma vez eu disse pra ele que meu trauma de infância
era nunca ter recebido um urso gigante.’
‘E o que tem de estranho nisso? Vai ver ele quis curar seu trauma.’ Ela riu.
‘Eu falei isso pra ele antes do acidente, So .’ A olhei séria e ela ficou alguns segundos estática me olhando.
‘Você acha?’ Ela olhou de urso pra mim e eu dei de ombros.
‘Merda, de novo não.’ Falei depois de alguns minutos e corri pro banheiro. Terceira vez em menos de 8 horas.
‘Lu!’ Sophia correu pra me ajudar e segurou meu cabelo. ‘Diz pra mim que você não tá forçando.’ Ela falou baixo.
‘Não to! Essa já é a terceira vez.’ Falei sem pensar e me arrependi logo depois.
‘Foi
isso que você foi fazer quando me deixou almoçando sozinha?’ Ela
perguntou num tom de indignação e eu balancei a cabeça confirmando. ‘Lu,
pelo amor de Deus.’ Ela se abaixou ao meu lado quando eu consegui
controlar a ansia. ‘Me diz que não existem chances disso ser outra
gravidez.’ Ela falou em tom de suplica.
‘Não tem.’ Respondi balançando a cabeça e ela suspirou aliviada.
‘O que diabos você comeu hoje?’ Ela se levantou me puxando junto.
‘Hm... umas 20 doses de café?’ Falei em duvida.
‘Lua Blanco, você não comeu nada hoje?’ Ela falou alto e eu neguei fazendo uma cara inocente. ‘Meu Deus, Lu.
Você parece uma criança. Vai mesmo seguir minha idéia de morrer
anorexica?’ Ela falou séria, mas mesmo assim eu ri. ‘Não é pra rir sua
idiota.’ Ela me deu um pedala enquanto eu limpava minha boca.
‘Deixa
pra lá!’ Dei de ombros. ‘Vamos logo senão vamos nos atrasar pra
faculdade.’ Ia sair do banheiro quando ela me puxou de volta.
‘Faculdade? Tá doida que eu vou deixar você ir pra faculdade assim?’ Sophia
pegou meu braço e me levou até a cama. ‘Você vai ficar deitadinha aí
enquanto eu vou lá pegar alguma coisa pra você comer. E não ouse
reclamar!’ Ela apontou o dedo na minha cara quando eu abri a boca para
contestar. Balancei a cabeça concordando e ela saiu do quarto apressada.
Fiquei encarando o teto durante alguns minutos até ela voltar uma bandeja na mão.
‘So , eu não quero comer.’ Falei manhosa e ela nem respondeu, apenas botou a bandeja na minha frente.
‘Só saio daqui depois que você comer tu-do. Nem que eu tenha que enfiar goela a baixo.’ Ela falou séria e eu fiquei com medo.
Comecei a comer emburrada enquanto Sophia me olhava de braços cruzados parecendo até a minha mãe.
‘Posso entrar?’ Micael perguntou batendo na porta e botando apenas a cabeça pra dentro do quarto.
‘Pode, amor!’ Sophia sorriu.
‘Ei, o quarto é meu, quem tem que autorizar sou eu!’ Falei séria e Micael parou aonde tava. ‘Tô brincando Micaelzinho! Claro que você pode entrar!’ Dei risada e ele sorriu aliviado.
‘Hm... então a anoréxica resolveu comer?’ Micael perguntou rindo.
‘Sophia!!’ Falei num tom de reprovação e ela riu. ‘Não acredito que você falou isso!’
‘Ah, foi brincadeira, eles sabem disso.’ Ela abanou o ar.
‘Eles? Você falou isso pro Arthur também?’ Perguntei indignada.
‘Ah,
ele foi o primeiro a perguntar o que você tinha e ficar todo
preocupado.’ Ela deu de ombros e eu senti meu estomago revirar. Arthur tinha ficado preocupado comigo?
‘Hm... acho que já tá bom, né?’ Falei afastando a bandeja e Sophia me olhou feio. ‘Sério So , eu já comi umas quatro torradas e já tomei o suco quase todo. Por favor!’ Fiz cara de criança e Micael riu.
‘Tá
bom, mas só porque eu já to atrasada pra faculdade!’ Ela se levantou
pegando a bandeja. ‘Amor, me leva na faculdade?’ Ela sorriu e Micael concordou lhe dando um selinho.
‘Awn!’ Falei olhando os dois que ficaram sem graça.
‘Bom, vou indo. Nada de fazer esforço e nem de ficar sem comer de novo, entendeu?’ Ela me olhou séria e eu concordei.
‘Se cuida, Lu!’ Micael beijou minha testa e eu sorri agradecida.
Quando eles saíram do quarto, me levantei e fui até o armário trocar de roupa. Botei um short básico e uma camisa enorme do Arthur.
‘Mamãe?’ Rodrigo entrou no quarto.
‘Diga, meu amor, meu príncipe lindo!’ Carreguei ele lhe dando um beijo na bochecha.
‘Brincá!’ Ele falou a palavra certa e eu sorri.
‘Agora
a mamãe não pode, meu amor. Vou dormir um pouco e prometo que mais
tarde brinco com você, tá bem?’ Sorri e ele concordou balançando a
cabeça.
Arthur
entrou no quarto e eu senti meu coração quase sair pela boca. Ele foi
até o armário, pegou alguma coisa e saiu sem olhar pra mim.
Suspirei mordendo o lábio enquanto Rodrigo me olhava.
‘Vai lá ficar com o papai, meu amor. Ele tá precisando de você!’ Sorri colocando-o no chão e ele correu pra fora do quarto.
Deitei na cama sentindo meu corpo cansado e abracei o grande urso com o perfume do Arthur.
Fiquei algum tempo encarando o nada sem vontade de dormir, mas meu
corpo precisava de um descanso e antes mesmo que eu pudesse controlar,
caí num sono profundo.
Ouvi um barulho fraco e abri meus olhos lentamente dando de cara com Arthur que estava colocando uma xícara no criado mudo. O olhei ainda um pouco zonza e ele coçou a nuca sem graça.
‘Erm...
chá de gengibre gelado, dizem que é bom pra enjôo.’ Ele sorriu sem
graça apontando pra xícara e eu sorri agradecida. Ficamos alguns
segundos nos olhando até ele botar as mãos no bolso e balançar a cabeça.
‘Eu não sou muito bom em fazer chá, então não sei se tá bom.’ Falou
dessa vez sem me olhar.
‘Brigada, Arthur.’ Falei baixo me sentando na cama. Ele sorriu fraco e saiu do quarto.
Tomei
o chá em silêncio deixando a escuridão tomar conta do quarto. O sol já
tinha desaparecido por completo. Me levantei para levar a xícara até a
cozinha e quando passei pela sala viArthur e Rodrigo brincando com alguns carrinhos.
‘Vem brincá, mãe!’ Rodrigo pediu quando eu voltei pra sala. Fiquei na duvida de sentava ali com eles ou sentava no sofá, mas Arthur foi mais rápido e deu um beijo na cabeça do filho sentando no sofá em seguida. Suspirei antes de sentar chão com Rodrigo e começar a brincar com ele sentindo constantemente o olhar de Arthur sob mim.
Capitulo 22
‘Rodrigo, não faz assim que vai amassar sua roupa, meu amor!’ Falei pegando Rodrigo
no colo e sentando-o no sofá. Arrumei sua roupinha de marinheiro e
sorri comigo mesma pensando no quão rápido meu filho estava crescendo,
essa seria sua primeira apresentação na escola.
‘Vamos?’ Ele falou animado.
‘Vai lá apressar o papai.’ O coloquei no chão e ele saiu correndo pro quarto.
Fiquei
alguns minutos sentada no sofá olhando a tv desligada na minha frente.
Quase um mês já tinha se passado desde o meu aniversário e olhar pra Arthur
ainda era difícil, seu olhar ainda era o mesmo olhar magoado e eu
sentia meu coração apertado cada vez que falava com ele.
‘Vaaamos, pai.’ Ouvi a voz de Rodrigo e ele apareceu na sala puxando Arthur pela mão.
‘Que pressa, parece até que vai casar!’ Ele falou rindo. ‘Vamos né?’ Ele me olhou e eu concordei sorrindo fraco.
‘Boa noite!’ Uma senhora sorridente estava na porta da escola e nos recebeu sorrindo. ‘Qual o nome dele?’ Ela olhou pra Rodrigo.
‘Rodrigo Aguiar’ Arthur respondeu e ela anotou alguma coisa em uma prancheta.
‘Vamos, Rodrigo? As crianças estão reunidas em uma sala.’ Ela nos explicou e concordamos.
‘Hey, se comporta, príncipe!’ Sorri e ele concordou. Arthur deu um beijo em sua testa e a senhora o levou pelo corredor.
Ficamos ali parados em um silêncio que já tinha se tornado muito mais do que constrangedor, cada um olhava em uma direção.
‘Lua!’ Ouvi uma voz e me virei encontrando uma loira sorridente.
‘Sharon!’ Sorri e ela me abraçou. ‘Quanto tempo!’ Falei sorrindo e ela concordou.
‘Arthur, tudo bem?’ Ela sorriu e Arthur
deu um leve aceno simpático. ‘Então, viemos babar um pouco nas nossas
crias!’ Ela se virou pra mim novamente e eu concordei.
‘Como anda a Kaitlyn?’ Perguntei me referindo a filha dela.
‘Tudo bem, tá enorme, Lu! To me sentindo tão velha!’ Ela fez uma cara dramática e eu ri.
‘Que nada, Sharon, você tá ótima!’ Falei sincera, ela de fato não aparentava ter mais de 25 e na verdade já tinha quase 30.
‘Lu, eu vou ali pegar alguma coisa pra beber.’ Arthur falou passando a mão pelo cabelo e eu concordei. ‘Você quer alguma coisa?’
‘Não,
brigada.’ Sorri fraco e ele balançou a cabeça se afastando. Fiquei o
observando por alguns instantes até Sharon atrair novamente minha
atenção e nós começarmos uma conversa animada sobre nossos filhos.
Ficamos ali jogando conversa fora durante mais de meia hora, olhei o relógio preocupada por Arthur
ainda não ter voltado e quando virei minha cabeça em direção a mesa de
comidas o vi numa conversa animada com uma ruiva que aparentava ter a
nossa idade.
Os dois riam enquanto conversavam e ela constantemente tocava o braço de Arthur
enquanto falava. Respirei fundo e desviei meu olhar para o pequeno
palco montado no meio do pátio, em alguns minutos a apresentação iria
começar. Sharon já tinha encontrado outras mães e conversava
animadamente enquanto eu continuava parada, sozinha tentando não olhar
praArthur e a ruiva.
Novamente olhei discretamente na direção de Arthur
e vi que a ruiva falava alguma coisa em seu ouvido fazendo-o rir. Senti
todo o sangue existente no meu corpo subir pra cabeça e se não fosse
pela voz da diretora eu teria esbofeteado aquela ruiva de farmácia.
‘Atenção
senhores pais e convidados, a apresentação começará em cinco minutos,
queiram se acomodar, por favor.’ Ela sorriu e desceu do palco.
Caminhei até Arthur e a ruiva me mediu de cima abaixo.
‘Arthur, é melhor a gente ir sentar.’ Falei séria e ele concordou.
‘Quer se sentar com a gente, Rachel?’ Ele sorriu para a ruiva e eu quase gritei.
‘Ah, eu adoraria, se não for incomodo!’ Ela me olhou com uma cara inocente e eu sorri cinicamente.
‘Incomodo nenhum, querida.’ Dei ênfase na ultima palavra e ela sorriu.
Caminhei até algumas cadeiras que estavam enfileiradas e sentei cruzando as pernas e os braços, Arthur sentou ao meu lado e a Rachel do lado dele.
‘Então Arthur,
você quer ter mais filhos?’ A vadi... ops, a Rachel perguntou sorrindo e
eu tive vontade de enfiar uma bola de meia na boca dela, aquela voz de
taquara raxada era totalmente irritante.
‘Ah não sei, ainda to novo pra pensar nisso.’ Ele passou a mão pela nuca bagunçando os cabelos e ela sorriu.
‘É,
tem razão, ainda estamos muito jovens pra pensar nisso.’ Ela botou a
mão na perna dele e eu a olhei incrédula. Porque diabos ela tinha falado
como se referisse a ela e ao Arthur? E mais, porque diabos ela tava com a mão na perna dele?
Achei que Arthur
fosse delicadamente afastar a mão dela, mas não, ele deixou aonde
estava. Bufei balançando as pernas freneticamente e pra minha sorte a
apresentação começou, fazendo a vaca ruiva se calar.
A peça era separada por alguns atos e Rodrigo
já tinha aparecido umas três vezes. Ele falava pouca coisa por ser
menorzinho, mas estava se saindo ótimo, eu sorria boba cada vez que ele
aparecia.
‘Arthur, seu filho é lindo!’ Rachel comentou no final do segundo ato ainda com a mão na perna dele.
‘Sim, nosso filho é mesmo lindo, não é, Arthur?’ Me intrometi sorrindo cinicamente e Arthur deu um sorriso discreto.
‘Ele
puxou aos genes do pai.’ Ele comentou e olhou pra mim me fazendo bufar.
Rachel abafou um risinho e a minha vontade de quebrar a cara dela se
multiplicou. ‘Mas a sua filha também é linda, Rach.’ Ele comentou
sorrindo e eu fiz careta sem que eles vissem.
‘Ah, brigada.’ Ela fingiu uma cara tímida.
‘E o pai dela?’ Perguntei me intrometendo novamente.
‘Ah, a gente é separado. Namoramos durante alguns anos, mas não deu certo.’ Ela deu de ombros.
‘Imagino
por que!’ Falei sorrindo cinicamente e ela me olhou com a sobrancelha
arqueada. Abriu a boca pra responder alguma coisa, mas na hora as luzes
se apagaram anunciando um novo ato.
Arthur novamente me olhou de canto de olho com um sorriso discreto e um tanto quanto irritante.
Meia hora ouvindo aquela voz, meia hora agüentando o risinho irritante dela, meia hora vendo ela se jogar em cima do Arthur.
Nunca meia hora passou tão devagar, quando a peça acabou eu tive que
agradecer apesar de estar amando ver meu filho se apresentar.
‘Eeei, príncipe!’ Sorri pegando Rodrigo no colo. ‘Você tava lindo, meu amor!!’ Distribui beijos pelo rosto dele que riu alto.
‘Esse é meu garoto!’ Arthur sorriu passando a mão na cabeça do filho. ‘Se continuar assim vai conquistar todas as garotas dessa escola.’ Ele riu.
‘Então, esse é o Rodrigo?’ Rachel apareceu com uma garotinha de cabelos tão vermelhos quanto os dela no colo.
‘Rach, esse aqui é o meu garoto!’ Arthur
sorriu. ‘Imagino que essa seja a Jessy!’ Ele passou a mão pela cabeça
da miniatura ruiva e Rachel confirmou sorrindo. ‘Que menina linda,
parece com a mãe.’ Ele falou naturalmente e eu arregalei os olhos
sentindo uma pontada no peito. Impressão minha ou ele jogou uma indireta
praquele projeto de dragão, bem na minha frente?
‘Brigada!’ A menininha falou sorrindo simpaticamente.
‘Então, a gente precisa ir.’ Rachel falou. ‘Arthur,
me passa seu telefone, quem sabe a gente pode marcar de se encontrar
para as crianças brincarem!’ Ela sorriu da forma mais tarada possível, e
eu tive que contar até dez pra não voar no pescoço dela.
‘Claro, anota aí!’ Arthur
falou animado e eu bufei saindo de perto. Meus olhos já estavam
marejados e ardendo de tanto eu tentar segurar as lágrimas.
Fui com Rodrigo até o portão da escola e fiquei lá observando Arthur e Rachel de longe.
Dez minutos depois entramos no carro em silêncio, Rodrigo estava praticamente dormindo. Liguei o rádio baixinho e deitei um pouco o banco. ( Crushcrushcrush - Paramore )
“I got a lot to say to you
( Eu tenho muito a dizer pra você, yeah )
Yeah I got a lot to say
( Eu tenho muito a dizer )
I notice your eyes are always glued to me
( Eu percebi que seus olhos estão sempre grudados em mim )
Keeping them here and it makes no sense at all
( Mantendo-os aqui e isso não faz sentido )”
“They taped over your mouth
( Eles taparam sua boca )
Scribbled out the truth with their lies
( Reescreveram a verdade com as mentiras deles )
Your little spies
( Seus pequenos espiões )”
‘Legal a Rachel, né?’ Arthur comentou sem desviar o olhar do trânsito.
‘Ô, se é.’ Falei sem disfarçar a ironia e ele novamente me lançou aquele sorrisinho irritante.
‘Acho que o Rodrigo se daria bem com a filha dela.’ Continou falando e eu fechei os olhos irritada.
‘Eu acho que não.’ Falei séria.
“Crush, crush, crush, crush, crush, crush”
“Nothing compares to a quiet evening alone
( Nada se compara a uma tarde calma sozinhos )
Just the one, two I was just counting on
( Apenas uma, duas, eu apenas estava contando )
That never happens I guess I'm dreaming again
( Isso nunca acontece acho que estou sonhando de novo )
Let's be more than, this
( Vamos ser mais do que, isso )”
‘Achei
ela super em forma pra uma mãe, e bem novinha também.’ Ele novamente
comentou e eu abri os olhos o observando. Ele olhava o transito a sua
frente e mantinha um sorriso no canto da boca.
‘É, algumas tem sorte de não serem afetadas pela gravidade.’ Falei irritada e quase mandei Arthur pra um lugar feio. Ouvi ele soltar um risinho abafado e bufei fechando os olhos novamente.
“If you wanna play it like a game
( Se você quer jogar isso como um jogo )
Well come on, come on let's play
( Vamos lá, vamos lá, vamos jogar )
Cause I'd rather waste my life pretending
( Porque eu prefiro desperdiçar minha vida fingindo )
Than have to forget you for one whole minute
( A ter que te esquecer por um minuto sequer )”
“They taped over your mouth
( Eles taparam sua boca )
Scribbled out the truth with their lies
( Reescreveram a verdade com as mentiras deles )
Your little spies
( Seus pequenos espiões )”
“Crush, crush, crush, crush, crush, crush”
“Nothing compares to a quiet evening alone
( Nada se compara a uma tarde calma sozinhos )
Just the one, two I was just counting on
( Apenas uma, duas, eu apenas estava contando )
That never happens I guess I'm dreaming again
( Isso nunca acontece acho que estou sonhando de novo )
Let's be more than, this
( Vamos ser mais do que, isso )”
“Rock and roll baby
( Rock and roll, baby )
Don't you know that we're all alone now
( Você não sabe que estamos sozinhos agora? )
I need something to sing about
( Eu preciso de algo para cantar )”
Chegamos em casa e subimos até o apartamento em silêncio, Rodrigo dormia tranquilamente no colo de Arthur. Quando entramos em casa fui direto pro quarto enquanto Arthur foi botar o filho na cama.
Entrei no banheiro pra trocar de roupa e escovar os dentes, quando saí Arthur
estava no quarto só de boxers. Nas ultimas semanas ele raramente
entrara no quarto quando eu estava lá. Entrou no banheiro e saiu poucos
minutos depois deitando do meu lado na cama e virando-se de costas pra
mim. Fiquei alguns minutos encarando o nada pensando em uma razão pra
ele simplesmente voltar a dormir ao meu lado naquela cama, depois de
semanas sem fazer isso.
A imagem de Rachel me veio na cabeça e eu bufei fechando os olhos tentando afastar as imagens de mais cedo da minha cabeça.
My People
- R.F Evelyn
- Heeey Girls/Boys... sou apenas uma Adolescente que está se descobrindo,ah viva cada minuto da tua adolescência com responsabilidade!Chorar, cair, levantar, sorrir, fazer loukuras, faz parte da vida :D
Perdido(a)?
terça-feira, 9 de outubro de 2012
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