‘E então, como andam as coisas?’ Sophia me perguntou enquanto
caminhávamos pelo campus da faculdade, estávamos em um tempo livre e
resolvemos passear um pouco e conversarmos.
‘Tranqüilo, nada fora do normal.’ Sorri fraco e ela concordou balançando
a cabeça. ‘Quer dizer, o Arthur sempre aparece lá em casa pra ver o
Diego, ou então eu passo na casa da Katia.’ Dei de ombros.
‘Hm, só pra ver o Diego, é?’ Soph me olhou sorrindo desconfiada e eu ri
sem graça. ‘Quero saber como andam vocês, digo, você e o Arthur.’
‘Na mesma.’ Falei baixo. ‘Não é um relacionamento, a gente apenas gosta
de ficar de vez em quando. Isso tudo é muito novo pra ele Soph, eu tenho
medo que a gente apresse as coisas, é melhor deixar as coisas como
estão. O que importa mesmo é o Diego.’
‘Ah não Lu, não começa com essa de novo de meter o Diego entre você e o Arthur.’ Ela falou séria.
‘Sophia, ele é nosso filho!’ Falei sem acreditar.
‘Lu, você sabe do que eu tô falando! Pelo amor de Deus, já se passaram
dois anos, você vai deixar tudo voltar a ser como era?’ Ela parou na
minha frente. ‘Não comete os mesmo erros de novo, não tenta começar de
onde parou Lu, recomeça.’ Ela sorriu meigamente e eu mordi o lábio sem
saber o que falar.
‘Eu...vou tentar.’ Falei suspirando e sorri fraco.
A verdade é que eu e Arthur nunca fomos realmente um casal, a gente
morava junto, tínhamos um filho, mas não um relacionamento propriamente
dito. Querendo ou não, Arthur ainda era um garoto de 18/19 anos e queria
se divertir, e quem era eu para impedi-lo? Perdi as contas de quantas
vezes ele chegou bêbado em casa depois de uma noitada com os meninos da
banda. A gente nunca discutiu sobre isso, talvez por isso nunca tenha
mudado. Brigávamos algumas vezes quando ele passava dos limites. Lembro
de uma vez que ele saiu de casa sexta de noite e só reapareceu domingo
no final da tarde, acho que foi a pior briga de tivemos, passei quase
duas semanas sem falar direito com ele. Claro que tínhamos nossos
momentos de casal também, às vezes saíamos para jantar, ou ficávamos em
casa vendo filme, como um casal de namorados normal. Sophia sempre me
criticou por isso, insistia pra que eu conversasse com Arthur, contasse
que eu realmente gostava dele, mas eu nunca consegui fazer isso. Nunca
fui muito boa pra lidar com essas coisas do coração, sou péssima pra
demonstrar meus sentimentos, mesmo que eu ame muito a pessoa.
‘E os meninos da banda?’ Soph me acordou do meu pequeno transe e eu sorri.
‘Os meninos, ou o Micael?’ Cutuquei ela que ficou séria.
‘Não tô falando nele, só quero saber como andam as coisas agora com
Arthur de volta.’ Ela balançou a cabeça. Sophia e Micael já namoraram
durante algum tempo a quase 2 anos atrás. Até ele fazer a burrada de
trair a Sophia no dia do aniversário dela. Micael se defende dizendo que
ela tinha pedido um tempo, e Sophia diz que ele não podia ter feito
isso bem no aniversário dela. Eu prefiro não me meter, sou a favor do
velho ditado que diz que em briga de marido e mulher não se mete a
colher.
‘Ah tudo bem, Arthur tá tendo um progresso enorme. Acredito que em pouco
tempo eles voltem a velha forma.’ Sorri sincera e ela retribuiu.
‘Hey!’ Sorri pra Arthur parado na porta de casa. Ele retribuiu e me deu um beijo na testa entrando logo em seguida.
‘Iai garotão?’ Ele carregou Diego que tinha corrido até ele. Reparei que
ele estava arrumado, vestia uma calça jeans escura com uma camisa
amarela e um casaco escuro com zíper aberto.
Resolvi não perguntar nada, se ele quisesse dizer alguma coisa, diria por si mesmo.
‘Tudo bem?’ Sorri sem graça vendo-o sentar no sofá com o filho no colo.
‘Tranqüilo.’ Ele me olhou por alguns segundos e depois voltou a atenção
pra Diego. Fiquei um tempo parada observando os dois brincarem, até
acordar do transe e ir até a cozinha.
‘Quer uma água? Café? Cerveja?’ Ofereci e ele negou movimentando a cabeça.
‘Então, acho que mês que vem vamos tocar em um bar aqui perto.’ Ele sorriu pra mim.
‘Sério? Arthur, que ótimo! Achei que fosse demorar mais um pouco.’ Falei sentando no sofá um pouco afastada dos dois.
‘Eu também! Mas parece que os ensaios estão realmente dando resultado,
então Chay nos falou que um amigo dele trabalha nesse bar e está
procurando alguma banda para tocar no mês que vem. Se tudo der certo,
seremos nós!’ Ele sorriu ainda mais e eu fiz o mesmo.
‘Eu fico muito feliz de ouvir isso Arthur, muito mesmo.’ Sorri sincera.
Arthur ficou lá brincando com Diego durante quase uma hora e nós mal
conversamos. Senti que alguma coisa o agoniava. Eu prestava atenção na
televisão, mas vez ou outra sentia o olhar dele em cima de mim, como se
quisesse falar alguma coisa.
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