O almoço foi tranqüilo, e quando todos já tinham terminado Katia serviu
uma enorme torta de chocolate que foi a alegria de Diego. Ele melou até o
nariz enquanto comia a torta com um sorriso enorme no rosto.
‘Acho que ele dormiu!’ Arthur falou observando Diego no meu colo, quando
estávamos no sofá vendo tv. Olhei pra Diego que tinha os olhos fechados
e respirava calmamente. ‘Vem, vamos levar ele lá pro meu quarto.’ Ele
se levantou e me ajudou com Diego. Subimos e colocamos ele na cama de
Arthur. ‘Será que ele acorda por agora?!’ Ele perguntou enquanto
observávamos Diego dormir.
‘Acho que não, por quê?’ O olhei sem entender.
‘Então vamos dar uma volta, aqui pelo bairro mesmo.’ Ele sorriu. ‘É
tranqüilo, e tem um bosque aqui atrás. Vamos?’ Ele me olhou como se
implorasse eu sorri concordando. Saímos de casa logo depois de Arthur
avisar pra Katia que iríamos sair e que Diego estava em seu quarto
dormindo.
Caminhamos em silêncio pelas ruas quase desertas exceto por algumas
crianças que brincavam por ali. Passamos por um casal de velhinhos nada
discretos que apontaram pra gente sorrindo e falando coisas do tipo “que
casal lindo”, Arthur acenou pra eles e eu sorri sem graça.
‘O bosque!’ Arthur sorriu observando uma área com alguns bancos e várias
arvores. Ele pegou em minha mão e fomos caminhando lentamente por entre
as arvores. ‘Cara isso aqui é lindo. Eu sempre vinha aqui quando era
criança.’ Ele sorria observando ao redor.
‘Você já tinha me falado daqui.’ Sorri e ele me olhou.
‘Sério?’ Eu concordei com a cabeça. ‘E eu nunca te trouxe aqui?!’
‘Nop!’ Ele concordou silenciosamente e continuamos andando. ‘A gente tá
caminhando sem rumo?’ Perguntei olhando ao nosso redor, devíamos estar
bem no meio do bosque.
‘Só mais um pouco e acho que a gente chega na hora certa.’ Ele sorriu.
Caminhamos mais alguns poucos minutos e eu olhei a vista boquiaberta.
‘Hm, perfeito.’ Arthur sorriu também observando o pôr do sol logo a
nossa frente.
Aquela era uma das paisagens mais perfeitas que eu já tinha visto. O céu
estava alaranjado e algumas montanhas já cobriam parcialmente o sol.
Fiquei algum tempo parada observando aquilo tudo, até sentir Arthur me
puxar e sentar em uma arvore que tinha ali perto. Ele me puxou para
sentar entre as pernas dele e me abraçou pela cintura.
‘É difícil recomeçar né?!’ Ele perguntou de repente e eu me virei um pouco pra olhá-lo.
‘É.’ Sorri fraco. ‘Mas a gente consegue.’ Falei passando a mão pela bochecha dele que fechou os olhos suspirando.
‘Eu queria lembrar de tudo.’ Ele abriu os olhos me olhando daquela forma
que me faz sentir vulnerável. ‘Não queria te olhar e saber que eu te
conheço de algum um lugar, mas não saber de onde. Queria lembrar de cada
coisa que a gente já passou junto, queria continuar construindo nossa
vida, não ter que reconstruí-la.’ Eu sorri ouvindo aquilo tudo e
aproximei meu rosto do dele.
‘A gente vai reconstruir, e vai ser bem melhor do que antes. E eu vou te
ajudar a lembrar porque você me conhece melhor do que qualquer outra
pessoa.’ Sorri e senti ele grudar os lábios nos meus. Passei meu braço
por seu pescoço e ele me puxou mais pra perto aprofundando o beijo. Dois
anos beijando aquela mesma boca, e a sensação ainda era como se fosse a
primeira vez, as borboletas, o nervosismo, tudo exatamente igual. Senti
Arthur deslizar a mão pra minha coxa descoberta e acaricia-la,
escorreguei minha mão pra dentro de sua blusa e toquei seu abdômen que
se contraiu imediatamente, sorri no meio do beijo e ele fez o mesmo.
Passaram-se minutos e mais minutos e nossas bocas continuavam coladas,
como se fossem ímãs.
‘Ok, eu preciso respirar!’ Arthur partiu o beijo rindo ofegante. Eu
gargalhei e observei a boca dele completamente vermelha imaginando que a
minha devia estar do mesmo jeito. Ele encostou a cabeça na arvore
fechando os olhos e eu resolvi provocar, fui beijando o pescoço dele e
dando pequenas mordidas. ‘Isso, provoca que você vai ver só.’ Ele riu
apertando minha cintura e eu continuei trilhando o caminho do pescoço
até a orelha dele.
‘Quero ver então.’ Sussurrei beijando a orelha dele que se arrepiou e
soltou um risinho safado. Nem consegui falar mais nada já que no segundo
seguinte ele já tinha novamente colado a boca na minha e apertado ainda
mais minha cintura como se quisesse fundir meu corpo ao dele. Arthur
passou uma mão por dentro da minha blusa e acariciou minhas costas, eu
puxei levemente seu cabelo fazendo-o soltar um gemido abafado. Novamente
os minutos foram se passando sem que nós nos separássemos, até o
celular dele vibrar no bolso da bermuda e eu me separei para que ele
atendesse.
‘Ok, já vamos.’ Ele falou rápido e desligou. ‘O Diego acordou!’ Ele sorriu e eu concordei.
‘Então é melhor a gente ir!’ Ia me levantar, mas ele me puxou de volta e eu o olhei sem entender.
‘Erm, hm...espera um pouco. Você sabe né?’ Ele encolheu as pernas e eu abri a boca ficando um pouco sem graça.
‘Ok.’ Segurei o riso e fiquei observando o pouco do sol que ainda não estava coberto pelas montanhas.
Alguns minutos depois ele falou que já podíamos ir e nós fizemos o caminho de volta pra casa de Katia.
‘Ei, que festa hein?’ Entrei em casa sorrindo ao ver Pedro e Micael brincando com Diego fazendo a maior bagunça.
‘Mãããe!’ Diego se levantou e correu até mim, eu o carreguei e beijei sua
bochecha. ‘Bincá!’ Ele apontou pro chão onde Pedro e Micael continuavam
se divertindo como duas crianças.
‘Também quero brincar!’ Arthur entrou em casa logo depois de mim e
sentou no chão ao lado dos meninos me fazendo rir. Botei Diego de novo
no chão e ele foi sentar no colo do pai para brincar.
Fui para o quarto das gêmeas e ficamos conversando até eu me dar conta
da hora. Desci e encontrei os meninos vendo desenho animado rindo,
fiquei observando Arthur deitado no sofá com Diego deitado em cima dele,
quando estavam juntos percebia-se ainda mais a semelhança entre os
dois. Arthur me olhou sorrindo e fez sinal com a mão para que eu me
aproximasse.
‘Hey mocinho, não tá na hora de ir pra casa não?!’ Sentei no chão de frente pra Arthur e observei Diego quase dormindo.
‘Dorme aqui Lu.’ Arthur sorriu e eu me assustei com a proposta dele.
‘Ná, que isso Arthur. A casa tá cheia, suas primas tão aqui, suas tias
também. É melhor ir pra casa.’ Sorri fraco e percebi Diego despertando.
‘Hey filhote, vamos pra casa?!’ Ele concordou com a cabeça e eu sorri
agradecendo, se ele tivesse a mesma idéia que Arthur ia ser realmente
difícil recusar. Me despedi de todo mundo na casa e peguei a bolsa
enquanto Arthur me seguia com Diego no colo.
‘Bom, então...até mais.’ Falei depois de colocar Diego na cadeira do banco de trás.
‘Aparece quando quiser, pra...sei lá, tomar um banho de piscina e tal.’
Arthur sorriu e eu concordei balançando a cabeça. ‘Tchau.’ Ele me puxou
pela cintura e me deu um beijo, ou melhor dizendo O beijo de despedida.
‘Erm...tchau!’ Falei sem graça quando nos separamos. Sorri e entrei no
carro observando Arthur pelo retrovisor, aos poucos a imagem dele foi
diminuindo até desaparecer por completo.
Continua.....
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